GP Itália F1, Oscar Piastri: “toda a gente é muito mais inteligente quando a bandeira axadrezada cai”
Oscar Piastri largou da primeira fila, liderava a corrida no final da primeira volta, os McLaren foram claramente o carro mais rápido em pista, mas um Grande Prémio é muito mais do que somente rapidez, pois há estratégia, gestão do material e pneus e foi aí que a Ferrari foi buscar a sua vitória.
Por isso, Oscar Piastri estava frustrado com o resultado da corrida, pois como equipa poderia ter recuperado muitos mais pontos à Red Bull.
Quando perguntaram a Piastri até que ponto considerou seriamente uma estratégia de uma paragem como a do vencedor Charles Leclerc?
“Claramente não tão seriamente como era necessário. Acho que, para mim, era um grande risco fazer isso. A granulação dos pneus foi um tema importante durante todo o fim de semana.
Nos treinos, assim que se começava a ter granulação, era basicamente o fim do jogo. Mesmo no primeiro turno com os médios, foi muito difícil. E, sim, quando fizemos a segunda paragem, para mim, o meu pneu dianteiro esquerdo estava muito granulado e, sabe, estava a rodar cada vez mais devagar.
Por isso, pareceu-me uma decisão sensata fazer outra paragem. Sim, acho que ninguém estava à espera que a granulação desaparecesse com o Charles, pelo que ouvi dizer.
Por isso, em retrospetiva, parar uma vez foi claramente o correto a fazer. Mas a partir desse ponto da corrida, com toda a informação que tínhamos recolhido durante o fim de semana, parecia incrivelmente arriscado. Essa é a bênção e a maldição de liderar a corrida ou de estar na frente, ponto final.
Os pilotos atrás podem reagir ao que você faz. E para o Charles, se ele fizesse duas paragens, teria ficado em terceiro. E se ele fizesse uma paragem e os pneus ‘acabassem’ ele ainda teria terminado em terceiro. Portanto não tinha nada a perder em permanecer em pista. Mas, claro, ele fez a paragem única e a Ferrari parece hoje a heroína. Sim, é claro que dói no momento, mas acho que no momento foi o correto a fazer.”
Há alguma coisa que poderias ter feito de forma diferente no cockpit?
“Acho que não muito. Tenho de voltar atrás e ver qual era o nível de granulação do Charles quando fiz a segunda paragem. Até esse momento, foi uma corrida bastante controlada. Sentimos muito cedo que era uma corrida de duas paragens e, talvez em retrospetiva, há coisas que poderíamos ter feito de forma um pouco diferente, obviamente do ponto de vista da estratégia, mas também do ponto de vista da condução, para manter as opções um pouco mais abertas.
Mas se a informação que recebi está correta, pelo rádio, então não foi realmente uma questão de conduzir mais devagar. Na prática, quando isso acontecia, basicamente não se podia carregar no pedal do travão porque se transformava a frente esquerda numa moeda de 50 cêntimos, parecia algo muito arriscado. Obviamente, foi o correto em retrospetiva, mas toda a gente é muito mais inteligente quando a bandeira axadrezada cai”.
Um dos momentos decisivos da corrida aconteceu na primeira volta com a ultrapassagem ao Lando na segunda chicane…
“Quer dizer, travei mais tarde e passei por fora. Não houve muito mais do que isso. Sim, ambos passámos incólumes. Eu sabia que quando travei, fiquei um pouco à frente e sabia que tinha o direito de ficar por fora. E sim, no final, durante 38 voltas daquela corrida, coloquei-me numa posição de vencedor da corrida. Por isso, para mim, foi apenas uma boa primeira volta.”
E Oscar, como é que tu vês o Campeonato de Construtores agora? A equipa está apenas a oito pontos da Red Bull. Até que ponto estás confiante?
“Acho que muito. Já recuperámos mais de 100 pontos. Por isso, sim, estou muito contente com o que estamos a fazer.”
Perto do fim, estavas a fazer grandes progressos em relação ao Charles na frente. Como estavas a encarar essa fase da corrida? Houve algum momento em que pensaste que ias conseguir apanhá-lo e qual foi o momento em que te apercebeste de que não seria suficiente?
“Perguntei logo qual era o ritmo que precisava para apanhar o Charles. E o ritmo que eu precisava era basicamente o que fiz nas primeiras voltas. E, nessa altura, estava bastante otimista. Perdi um bom tempo atrás do Carlos.
O Stroll estava a conduzir como se fosse a sua primeira corrida de kart e não sei o que lhe passou pela cabeça quando viu a bandeira azul. Isso custou-me mais um segundo. E, sim, eu precisava que aquele stint fosse perfeito para ganhar a corrida.
E, sabem, foram estas pequenas coisas que nos custaram uma pequena oportunidade. Teria sido um tiro no escuro de qualquer maneira, mas, sim. Não estava certamente muito longe do conseguir.
Mas sim, eu estava a esforçar-me ao máximo para o conseguir. Não podia ter andado mais depressa do que isso. Por isso, sim, não consegui…”
Se tivesses passado o Norris 1 ou 2 voltas mais tarde, o Leclerc não teria conseguido aproveitar e intrometer-se, teria feito a corrida no ar sujo e não teria conseguido fazer só 1 paragem. Mesmo que não tivesses passado o Norris, terias na mesma terminado em 2.º, com a diferença que a tua equipa e o teu companheiro teriam reduzido em mais 10 pontos a diferença para a liderança. Não chega ser rápido e agressivo, há que usar a cabeça. Já que mencionas o kart, mesmo no kart sabemos que quando partimos da 1.ª linha, o essencial é fazer umas… Ler mais »