Franco Forini: Uma passagem breve pela Osella
Franco Forini foi um dos pilotos com uma passagem mais breve pela Fórmula 1, e não deixou marcas de relevo. Especialista na F3, correu alguns anos no Campeonato Italiano até conseguir um lugar de destaque e, deste modo, chegar à categoria rainha.
Sabe-se muito pouco sobre a carreira de Franco Forini. Na verdade, foi um daqueles pilotos que chegou à Fórmula 1 sem grande destaque nas categorias inferiores, passou pela Osella sem que se fizesse notar, e deixou a Fórmula 1 e o automobilismo pouco depois para se dedicar aos negócios. Tudo indica que terá chegado à F1 graças a alguns patrocínios, mas os resultados nas categorias inferiores evidenciam algum talento, se bem que estivesse longe de ser o melhor do pelotão.
Nascido em Muralto, nos arredores de Locarno, a 23 de setembro de 1958, o suíço Franco Forini iniciou-se nos karts no final da adolescência, competindo nesta categoria até ao final de 1979, maioritariamente no Campeonato Italiano, já que as competições em circuito estavam proibidas na Suiça desde a tragédia de Le Mans de 1955. Vivendo no Cantão de Ticino, de língua predominantemente italiana, não é de todo estranho ver-se Forini correr naquele país e, em 1979, fazer a sua estreia no Troféu Alfasud, terminando em 17º com 35 pontos. Na temporada seguinte, já com 20 anos, Forini dedicou-se inteiramente a este troféu e conseguiu um satisfatório quinto lugar, terminando em terceiro no campeonato de inverno, disputado em pistas de gelo. Encontram-se também algumas referências, mal documentadas, da presença de Franco em provas de Protótipos ao longo da temporada de 1980
Crescendo na F3
Franco Forini estreou-se na F3 Italiana ainda em 1980, no Grand Premio della Loteria di Monza, ao volante de um datado March 783-Toyota privado, mas não se qualificou. No entanto, em 1981, decidiu apostar a sério nos monolugares, tendo em vista uma possível escalada até à Fórmula 1. Para a sua primeira temporada completa em 1981, o piloto correu pela Scuderia Escolette, começando o ano com um Argo JM8-Toyota, trocando pouco depois o motor por um Alfa Romeo, mas sem sucesso algum. Sem quaisquer resultados, a equipa trocou ainda na primeira metade da época o Argo por um March 813-Alfa Romeo, mas Forini nunca chegou aos pontos. Depois desta temporada de aprendizagem, Franco assinou pela Forti Corse para 1982, pilotando um Martini Mk37-Alfa Romeo, conseguindo o seu único ponto com um sexto lugar em Vallelunga, mas disputou também a prova de Enna-Pergusa a contar para o campeonato europeu, aonde conseguiu a sua primeira performance de destaque, terminando num promissor quarto lugar.
Em 1983, Forini voltou a trocar de equipa, assinando desta vez pela Del Potro Venturini Racing para pilotar um Dallara 383-Toyota. Os resultados melhoraram substancialmente e foi comum ver-se Franco nos pontos e na luta pelos pódios, mas o campeonato foi dominado de forma esmagadora por Ivan Capelli. Depois de alguma inconsistência na primeira metade da temporada, Forini andou bem melhor na fase final da época e conseguiu vencer, pela primeira vez, uma ronda de F3, em Monza, terminando a época no terceiro lugar do campeonato com 32 pontos, apenas menos um que o seu colega de equipa Stefano Livio, enquanto Capelli se coroava campeão com… 91 pontos!!
Depois de um campeonato dominado de forma tão esmagadora, 1984 prometia ser bem mais equilibrado, e Forini continuou na Venturini Racing, ao lado do promissor Fabrizio Barbazza, com o novo Dallara 384-Alfa Romeo. De facto, o campeonato foi mais renhido, e depois de não se qualificar na ronda de abertura, Forini venceu a segunda prova do campeonato em Mugello, repetindo a dose no final da época em Imola, além de ter sido terceiro no Gran Premio della Loteria di Monza, a contar para o Europeu. Desta forma, além dos quatro pontos conseguidos neste campeonato, Forini terminou o Campeonato Italiano no quinto lugar, com 27 pontos, logo à frente do seu colega de equipa Barbazza, mas sem ter evidenciado capacidades de lutar pelo título.
1985 era o ano do tudo ou nada, já que Forini tardava a mostrar-se como um piloto regular e competitivo para progredir para as categorias posteriores. Regressando à Forti Corse, com um Dallara 385-VW, Franco não tardou a demonstrar ter andamento para conseguir lutar pelas vitórias, conseguindo a primeira na quarta ronda, em Mugello. Seguiram-se novas vitórias em Imola, em Monza (mais uma vez, no Gran Premio della Loteria), Mugello e Imola, para conseguir a tua aguardada coroa, após uma renhida luta com Barbazza e Alex Caffi.
Da F3000 à Fórmula 1
Ao contrário dos seus rivais, as performances de Forini não impressionaram propriamente os patrões da F3000, já que muitos consideraram que o suíço tinha conseguido na F3 o seu máximo. Ainda assim, conseguiu um contrato com a Coloni para pilotar um March 85B-Cosworth em Vallelunga, não se qualificando. Sem conseguir arranjar outro lugar, voltou temporariamente à F3 Italiana com a pequena equipa de Roberto Polesel com um Dallara 386-VW conseguindo, entre outros resultados, um segundo lugar, acumulando treze pontos nas quatro provas disputadas. No entanto, a segunda metade da época foi mais auspiciosa na F3000, já que Forini assinou pela Sanremo Racing para substituir Claudio Antonioli ao volante de um March 86B-Cosworth, conseguindo estrear-se com um sexto lugar em Imola. No entanto, quando chegou às pistas que desconhecia, falhou por três vezes consecutivas a qualificação, sendo dispensado pela equipa antes da penúltima ronda do campeonato.
Sem volante para 1987, tudo indicava que a carreira do piloto tivesse acabado por aí. No entanto, surgiu uma oportunidade improvável. A Osella, apesar das inúmeras dificuldades financeiras e debatendo-se com um FA1I-Alfa Romeo muito pouco fiável, decidira inscrever um segundo carro em Imola, para Gabriele Tarquini e, no final da época, repetiu a experiência para Itália, Portugal e Espanha. Surpreendentemente, Forini conseguiu reunir patrocinadores para conseguir o lugar, ao lado do seu antigo rival na F3 Alex Caffi. Porém, rapidamente se viu a diferença de ritmo (e talento) entre os dois, já que Forini se qualificou em Monza no último lugar, a quase três segundos do seu colega de equipa, desistindo cedo com o motor quebrado. Depois, repetiu semelhante performance no Estoril, mais uma vez longe de Caffi, para desistir de novo e, em Espanha, os dois Osella ficaram fora da grelha de partida. Sem ter evidenciado grandes qualidades, pode dizer-se que Franco foi um dos maiores “flops” da F1 entre os pilotos pagantes.
A reconversão
Sem andamento para estar na F1, Forini podia ter-se dedicado aos turismos ou aos Sport-Protótipos, mas optou por regressar à F3, aonde se sentia bem mais à vontade, optando pelo Campeonato Alemão em 1988. Pilotando um Dallara 388-VW para a JSK Generalbau, fez um campeonato razoável, tendo em conta que não conhecia as pistas, para terminar em 12º com 62 pontos. Em 1989, regressou à F3 Italiana com a Wayner Racing e um Dallara 389-Alfa Romeo mas, com uma equipa quase privada e, quiçá, sem motivação, terminou o campeonato sem pontos e optou por se retirar, dedicando-se à gestão desportiva da MC Motorsport, uma equipa com alguma experiência nesse mesmo campeonato.
Depois de uma carreira mal sucedida como manager, Forini decidiu regressar ao volante, disputando algumas provas do Campeonato Suíço de Ralis com um Ford Sierra Cosworth em 1993, novamente sem resultados de relevo. A partir daí, Franco deixou de vez o automobilismo, embora continuasse a acompanhar o desporto, para se dedicar aos seus negócios, operando uma companhia de transportes em Minusio, na Suiça. Pelo meio, tornou-se uma presença habitual entre as provas Masters de Karting, conseguindo alguns lugares de relevo. No entanto, não restam dúvidas que, apesar de algum talento evidenciado na F3, Forini nunca teve calibre para avançar muito mais, tal como tantos outros pilotos que enchem as grelhas dos vários campeonatos nacionais daquela categoria.
Por Guilherme Ribeiro
Fotos Arquivo AutoSport