Os jovens talentos do WRC: Promessas, deceções, quem chega ao estrelato?
Será Mārtiņš Sesks uma nova esperança do WRC? É cedo! Que jovens talentos podem chegar à classe principal do WRC? Quem poderá brilhar? Há mais perguntas do que respostas, e por isso vamos olhar um pouco para os últimos anos dos ralis e tentar perceber o que aí pode vir…
Mārtiņš Sesks impressionou claramente na sua estreia no Rali da Polónia, mas o WRC não tem sido muito bafejado nos últimos anos pelo aparecimento de novos grandes valores, com uma enorme exceção, Kalle Rovanperä, que foi “trabalhado” para chegar onde está.
A grande diferença de Mārtiņš Sesks e o que fez na Polónia, em comparação com outras situações, é que até aqui sabíamos que ele era um jovem a despontar com uma carreira crescente no Europeu de Ralis, bem apoiado pela MRF Tyres, mas sem ter feito até então nada de verdadeiramente sensacional que deixasse antever o que fez na Polónia. Foi no Rali da Polónia que teve uma prestação a que ninguém ficou indiferente, recebendo elogios de todos os quadrantes.
O Dirtfish fez recentemente um trabalho em que analisou a estreia de vários pilotos ao mais alto nível no WRC e efetivamente nenhum desses nomes deixou a mesma marca que Mārtiņš Sesks, o que, infelizmente para ele, neste momento, nada lhe garante mais do que atenção para o que vai fazer a seguir.
O Dirtfish recordou a estreia de Ole Christian Veiby com um Hyundai i20 Coupe WRC no Rali de Monza de 2020. Acabou fora de estrada. Hoje em dia está no Mundial de Rallycross, onde é colega de equipa de Johan Kristoffersson. Pierre-Louis Loubet estreou-se no Rally Estonia de 2020, estava apenas a fazer uma prova para garantir que chegava ao fim, mas nem isso conseguiu porque a direção partiu. Antes disso, já tinha feito ralis com o Hyundai i20 Coupé WRC. Está a ‘patinar’ no WRC2 depois de uma má época com a M-Sport e o Ford Puma Rally1.
Grégoire Munster estreou-se no Chile em 2023, e quase um ano de ralis depois ainda não surpreendeu ninguém. Fez menos num ano do que Mārtiņš Sesks num rali. Jari Huttunen parecia promissor, apesar de já não ser um “jovem lobo”, já tem ‘trintas’. Não desiludiu, mas está longe de deixar marca. Tem vindo a desaparecer. Nil Solans fez um rali com a Hyundai em 2021, o Rali da Catalunha, foi oitavo, mas a sua carreira está a marcar passo, para não dizer em declínio.
A exemplo de Kalle Rovanperä, mas a outro nível, Oliver Solberg estava a ser preparado para o WRC. Assinou com a Hyundai para competir no WRC2 em 2021, estreou-se com o i20 Coupé WRC e foi-lhe dada a oportunidade de subir à equipa oficial na nova era dos híbridos em 2022, mas teve de recuar, voltando ao WRC2 em 2023.
Este ano, por lá continua, provavelmente vai chegar de novo à classe principal com outra bagagem, mas não é quem pensávamos que pudesse ser. Talvez o recuo e a nova experiência lhe permitam reentrar na altura certa e provar que o único erro foi o timing de se ter estreado no topo do WRC cedo demais.
Tem a vantagem e desvantagem do nome a persegui-lo, o que ajudou em alguns aspetos e prejudicou noutros.
Outro exemplo semelhante é o de Adrien Fourmaux. Com o peso de dois monstros franceses dos ralis, Sébastien Loeb e Sébastien Ogier, quando ouvi alguém apelidá-lo de “novo Loeb”, torci de imediato o nariz, porque, daqueles, aparece um a cada 30 anos.
E de França apareceram dois com menos de uma década de diferença, por isso a probabilidade de surgir um terceiro era pequena. Apareceu, sim, mas desta feita era finlandês.
Adrien Fourmaux estreou-se bem com um World Rally Car, em 2021. A estreia na Croácia em 2021, com um 5º posto, foi prometedora, seguida por um 6º no Rali de Portugal e um 5º no Safari. Mas a sua evolução não foi rápida. O ano de 2022 ficou marcado pelo terrível acidente logo a abrir o ano no Monte Carlo, pontuou poucas vezes e o ano de 2023 não lhe correu melhor. Mas este ano de 2024 o ‘salto’ foi bom e já está a lutar consistentemente no top 5, às vezes mais, mas demorou a lá chegar.
Portanto, estes exemplos são globalmente pobres para novos grandes pilotos no WRC. Parece óbvio que Oliver Solberg se vai afirmar, Adrien Fourmaux já está a terminar a sua afirmação, mas Sesks é mesmo o último a surgir que pode “dar alguma coisa”.
Teemu Suninen teve a sua oportunidade, perdeu-a, Gus Greensmith, idem, neste caso nunca se pensou que pudesse fazer muito melhor, mas é um piloto razoável. Hayden Paddon teve a sua oportunidade, estava a correr tudo bem, mas no final de 2018 perdeu o seu lugar na equipa oficial da Hyundai, passou três anos, os da pandemia, na Austrália e regressou depois ao Europeu de Ralis para se tornar campeão. Se tivesse ficado no WRC, estaria agora entre os melhores pilotos; talvez a sua oportunidade tenha passado. Talvez não…
Takamoto Katsuta já não passa muito do que já vimos, Nikolay Gryazin é um bom piloto, mas passou o tempo de subir à classe principal, embora tenha prometido. Yohan Rossel está numa equipa de fábrica, mas dificilmente sobe mais.
O piloto que claramente está a despontar mais é Sami Pajari, e já está destinado à equipa oficial da Toyota. Georg Linnamae é bom piloto, mas não vai ser fácil subir muito mais, Lauri Joona, a mesma coisa (27 anos), Jan Solans já tem 26 anos, está no WRC2, mas está longe de ser um Dani Sordo, muito menos um Carlos Sainz. Quem podia ter ido mais longe, se lhe tivessem surgido apoios na hora certa, era Chris Ingram, que agora anda a correr nos EUA e já tem 30 anos.
Para não recuar demais, os últimos pilotos que “nasceram” e despontaram, sem mencionar os grandes lobos Sébastien Loeb, Sébastien Ogier e Kalle Rovanperä, que só não vai atingir os números dos franceses porque já chegou “cansado” ao Mundial de Ralis – é o que dá quando se começa aos oito anos, em que brincar é bem mais importante do que aprender a guiar carros de ralis – são Ott Tänak, que merecia mais do que o título mundial que tem, mas fez escolhas que não correram bem e os anos passaram sem voltar a vencer, e este ano, os azares também tardam em largá-lo.
Daqui para baixo são outros patamares, os dos bons pilotos que até podem chegar a campeões, mas se o conseguirem, deverá ser um ‘one-off’, Thierry Neuville e Elfyn Evans. Andreas Mikkelsen tornou-se um bom piloto, mas nunca teve talento natural, foi tudo trabalhado, “fabricado”; basta conhecer a história da sua carreira. Esapekka Lappi poderia ter ido mais longe, mas sempre foi e é, muito inconstante.
Ou seja, vamos ver o que sai da “fornada” de mais jovens que estão agora no ERC e categorias menores do WRC, mas para já só apostaria em Sami Pajari como o jovem mais promissor. Oliver Solberg vai, como já referimos, chegar lá, Adrien Fourmaux está quase no ponto de ebulição.
No ERC, Mathieu Franceschi ainda pode dar “alguma coisa”, é novo, tem 25 anos. Jon Armstrong já tem quase 30 e é um “talento fabricado”. Robert Virves é outra hipótese, está a evoluir bem. Depois, há jovens bem mais novos dos quais se tem de esperar mais algum tempo para ver como evoluem.
Por exemplo, Alejandro Cachón, Diego Ruiloba, Josh McErlean (está a crescer bastante bem) e Erik Cais, de quem esperava mais nesta altura, já prometeu mais do que está a fazer agora.
Os jovens do Programa da Toyota vão ter que esperar, mas não espero nada melhor que Takamoto Katsuta, pois ou se tem talento ou não se tem.
Por cá, volto a colocar a mesma questão: será que já nasceu o próximo piloto português que vai fazer alguma carreira no WRC? Os dois últimos que estiveram perto teriam tido carreiras interessantes, no mínimo, se a Galp tivesse apoiado: Rui Madeira e Armindo Araújo, a quem bastava ter o dinheiro para um programa de Ford ao invés de Mini, que deu no que deu.
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