HÁ 20 ANOS, uma verdadeira revolução no ‘Mundial’: novos S2000 podem substituir os WRC
É no mínimo curioso que a FIA tenha agora em mãos uma decisão quanto às regras do Mundial de Ralis, algo que parece cíclico, e necessário para que tudo se mantenha a rolar, literalmente, sobre rodas. Há 20 anos, o AutoSport publicava um artigo em que explicava o que estava para vir no WRC. Ou não…
A FIA tem em “cima da mesa” uma autêntica revolução no Campeonato do Mundo de Ralis. Se as marcas derem o seu aval, o “Mundial” de 2006 poderá já não contemplar os World Rally Cars, mas sim uma nova categoria,
designada por S2000, e que visa, acima de tudo, conter a escalada de custos dos atuais WRC. A proposta avançada por Shekhar Mehta (Presidente da Comissão do Campeonato do Mundo de Ralis) e Gabriele Cadringher (Presidente da Comissão de Construtores) para anuir ao desejo de Max Mosley de reduzir os custos poderá agora ser aprovada no Conselho Mundial da FIA, em outubro próximo, embora para que isso aconteça é preciso que marcas envolvidas no “Mundial” cheguem a um consenso.
Na prática, os S2000 deverão ter um custo de produção três vezes inferior ao dos atuais WRC, não podendo exceder os 200 mil euros. Mecanicamente, os S2000 deverão poder ser de duas ou quatro rodas motrizes, desde que os seus motores não excedam os dois litros de cilindrada e um máximo de 270/280 cavalos e desde que sejam aspirados, ou seja, sem qualquer tipo de sobre-alimentação. Em termos de eletrónica, os diferenciais
ativos estariam proibidos também nos S2000 da mesma forma que as caixas de velocidade não deverão ser semi ou mesmo automáticas, não sendo, no entanto, proibido o uso de caixas sequenciais. Por outro lado, o uso de materiais nobres como o titânio ou magnésio serão igualmente dispensados, podendo haver certas partes mecânicas produzidas em série para serem depois aplicadas em cada um dos modelos competidores.
Depois de apresentada a proposta a cada uma das marcas, os principais chefes de equipa reagiram ainda cautelosa e enigmaticamente, deixando, no entanto, claro que não estão ainda na posse de toda a informação que lhes permita dar o aval definitivo. Aqui ficam as principais reações:
Ford (Jost Capito) “Em princípio, seremos favoráveis à mudança já que se pode poupar algum dinheiro. A tecnologia é mais barata e os regulamentos dos carros de turismo e de ralis são, até certo ponto, semelhantes”.
Peugeot (Corrado Provera) “Deve-se compreender que antes de tomar qualquer decisão se deve ser muito cauteloso. A primeira reação é que se os S2000 avançarem em 2006 será demasiado cedo. Investimos dinheiro e pelo menos imaginamos que possamos ir buscar o retorno desse investimento”.
Subaru (David Lapworth) “Estive numa reunião em Paris há quatro semanas com Max Mosley, Shekhar Mehta e Gabriele Cadringher e, nessa altura, havia já um esmagador suporte para essa fórmula. Estou surpreendido
que nos tivessem perguntado o que pensávamos dela tão cedo. Mas estávamos todos de acordo”.
Citroen (Guy Fréquelin) Guy Fréquelin preferiu, até ao momento, não tecer qualquer comentário. Contudo, é fácil adivinhar que a Citroen seja a equipa mais prejudicada uma vez que é a única que já investiu e construiu num WRC que, caso se confirmasse a nova legislação, apenas poderia rodar durante algumas provas.