Memória, há 20 anos: Mitsubishi despediu-se do WRC
Depois da Hyundai abandonar na parte final do campeonato de 2003, foi a vez da Mitsubishi Motors Motor Sport se decidir pelo mesmo caminho pouco depois de ter cumprido metade das prova do Mundial de Ralis de 2004. O calendário apertado e a impossibilidade de evoluir o Lancer WRC04 nos intervalos das provas justificaram a polémica decisão que custou, para além duma importante presença no Rali do Japão, um rombo apreciável no orçamento da equipa, desviado diretamente para os cofres da FIA.
A verdade é que, com a paragem da Mitsubishi, a família do Mundial ficou mais pobre, levando a situações difíceis de conceber, como a que aconteceu no último rali do ano onde estavam garantidos pontos para todas as marcas antes mesmo da prova sair para a estrada.
Em termos práticos e para a MMMS, a paragem deu os seus resultados, com os três Lancer WRC04 a melhorarem de prestações no regresso (no Rali da Catalunha), mas ficou a certeza que há ainda muito trabalho a efetuar para regressar aos “anos dourados” de Tommi Makinen. O problema é que, se isso não acontecer já em 2005, poderá nunca mais acontecer, já que o abandono do “Mundial” é a solução mais lógica.
A Mitsubishi Motors aceitou o desafio dos ralis internacionais em 1967 e, quando o Campeonato Mundial de Ralis (WRC) foi criado em 1973, participou no nível mais elevado de ralis de velocidade do mundo.
Ao longo dos anos, o testemunho foi transmitido pelas gerações anteriores, começando com o Mitsubishi Colt, o Starion, o Galant e o Lancer. Todos foram particularmente eficazes em ralis de terra difíceis.
O Lancer Evolution estava repleto de tecnologia herdada de muitos anos de participação em ralis.
Atingiu o seu auge ao ganhar quatro títulos consecutivos de Campeão do Mundo de Pilotos, de 1996 a 1999.
Entremeado com o WRC, estava o Rali Dakar, com a reputação de ser a “corrida de automóveis mais dura do mundo”. Embora a vasta etapa no deserto fosse a sua caraterística mais emblemática, as deslumbrantes paisagens naturais de África em zonas montanhosas e de floresta densa também faziam parte do programa.
A Mitsubishi Motors envolveu-se pela primeira vez em 1983 e obteve a sua primeira vitória na terceira tentativa, em 1985. O Pajero/Montero participou 26 vezes no Rali Dakar e obteve um total de 12 vitórias, com um número sem precedentes de sete vitórias consecutivas, tornando-se conhecido por todos os fãs de desportos motorizados em todo o mundo como o “Rei do Deserto”.
Foi no Dakar que a Mitsubishi colocou boa parte do seu orçamento no Motorsport, mas também aí, não duraram muito mais, vencendo até 2007 e mantendo-se como equipa oficial até 2009…