O ‘meio-programa’ de Miguel Campos no WRC em 2004: ontem, como hoje…
Um verdadeiro braço de ferro foi o que Bruno Thiry e Miguel Campos fizeram do Europeu de Ralis de 2003. Terminaram empatados no número de pontos, mas o sistema de desempate deu o título a Thiry. No final, a maior experiência do piloto belga foi decisiva, mas as prestações do piloto português em terrenos “desconhecidos”, não passaram em claro junto dos observadores internacionais, com a confirmação da participação em quatro provas do Mundial de Ralis de 2004, na equipa B da Peugeot.
Teria sido bonito, mas ficou-se pela metade…
FOTO AIFA
Ainda em dezembro de 2003, tudo se conjugava para que Miguel Campos estivesse à partida do Rali de Monte Carlo, o que aconteceu. As expectativas do piloto de Famalicão eram elevadas e Miguel Campos foi mesmo confirmado no Júnior Team da Peugeot
Depois de ver o seu nome confirmado no projeto do Júnior Team da Peugeot Sport, ao vice-Campeão Europeu de Ralis só faltava concretizar uma meta: “Ser piloto oficial da equipa Peugeot no ‘Mundial’
de Ralis”.
Mas esse desejo continuava a não passar de uma miragem, apesar do ex-Campeão Nacional usufruir no Rali de Monte Carlo de 2004, de um estatuto de piloto “semi-oficial” no seio da equipa francesa e gozar as vantagens daí advindas. Ao volante de um 206 WRC assistido pela equipa Bozian Racing, Campos teve uma “oportunidade de ouro que, no fundo, acaba por ser o prémio por todo o trabalho desenvolvido em 2003 no ‘Europeu’, “onde provamos que podíamos ser rápidos em qualquer tipo de prova”.
O programa para 2004 não estava, nesta altura, totalmente definido, pois às quatro provas que o piloto tinha agendadas – Monte Carlo, Turquia ou Chipre, Itália e Espanha, poderiam juntar-se outras como o Rali do México, da Alemanha e da França (Córsega), que estavam nessa altura dependentes dos apoios conseguidos.
Ontem como hoje, apoios precisavam-se e o programa definitivo que Miguel Campos e Nuno Rodrigues da Silva teve de ser confirmado prova a prova. Como explicava Campos, “estamos a procurar apoios de grandes empresas e até do Governo para poder levar o nome de Portugal mais longe uma vez que não temos Rali de Portugal nem F1”. Estava visto que os “lobbies” tinham de funcionar, como admitia Carlos Barros: “falamos com a entidade federativa que se mostrou sensível a tentar mostrar ao Governo a importância de ter um piloto português a correr no ‘Mundial’ de Ralis, mas sabemos
que não é fácil conseguir verbas no ano de 2004 com o ‘Europeu’ de Futebol a concentrar todas as atenções”.
Vasconcelos Tavares, presidente da FPAK, na altura era o primeiro a concordar que “a entidade federativa não tem disponibilidade financeira para apoiar o projeto de Miguel Campos, mas tem desenvolvido esforços no sentido de criar as condições para que as empresas nacionais possam apoiar este e outros projetos”. Como? Simplesmente através de alguma “pressão” sobre o Governo para a aprovação de uma lei do mecenato, que daria incentivos fiscais às empresas que se integrassem neste ou noutro projeto internacional. Boas notícias, portanto, também para Carlos Sousa, Tiago Monteiro ou mesmo Armindo Araújo…
Afinal, provas do Mundial foram somente o Rali de Monte Carlo, em que a dupla desistiu devido a acidente na PEC 6, L’Épine/Rosans, quando era 11º da geral, na frente de um Sr. chamado Gilles Panizzi, num Mitsubishi Lancer WRC e atrás de Freddy Loix num Peugeot 307 WRC e o Rali de Chipre, que terminaram na oitava posição da geral, não tendo havido apoios para as outras duas provas previstas…
Ontem como hoje, mas ‘ontem’, há 20 anos, ainda se lutava para um programa no WRC de um piloto português, hoje nem se conseguem apoios para colocar um promissor jovem piloto numa categoria intermédia do Europeu de Ralis…
Mudam-se os tempos, e há ainda menos ‘vontades’…