Parnelli Jones: o mais velho vencedor das Indy 500, morreu aos 90 anos
Parnelli Jones, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis de 1963, morreu aos 90 anos no Torrance Memorial Medical Center, após uma batalha contra a doença de Parkinson.
Ele era o mais velho vencedor vivo da mítica corrida. Nascido em 1933 em Texarkana, Arkansas, mudou-se para Torrance na infância, onde ganhou o apelido ‘Parnelli’.
Em 1962, foi o primeiro piloto a qualificar-se com uma média de mais de 240 km/h no Indianapolis Motor Speedway. Competiu sete vezes nas 500 Milhas, liderando cinco corridas, num total de 492 voltas, a oitava maior liderança da história da corrida.
Jones também venceu duas vezes a Baja 1000, um campeonato Trans-Am e quatro corridas da NASCAR Cup Series. Com isso, foi colocado em vários ‘Hall of Fame’, incluindo o Indianapolis Motor Speedway Hall of Fame. Deixa a sua esposa Judy, seus filhos PJ e Page, e ainda seis netos.
Parnelli Jones, o especialista em tudo
Muitos pilotos americanos adotam nomes que não os de batismo quando entram na pista pela primeira vez. Foi o caso de Rufus Parnell Jones, piloto nascido no Arkansas em 1933 mas educado na Califórnia, que usou a alcunha Parnelli, como era tratado por uma tia de quem gostava muito. Jones começou por imitar os duplos de cinema por capotar carros nas traseiras da sua casa, quando tinha 17 anos, mas em 1952 passou a correr nas ovais de terra, como era comum na época, antes de passar por todos o que era normal na época, desde sprintcars a stock cars.
Jones começou a levar a sua carreira mais a sério em 1960, quando venceu um título regional da USAC e atraiu a atenção do magnata de petróleo JC Agajanian, que na altura costumava inscrever carros na IndyCar) com o número 98. Em 1961 e 62, foi campeão de Sprint Car, com os mesmos carros usados nas 500 Milhas de Indianapolis, mas apenas em pistas de terra. 1961 foi também o ano da sua estreia na mítica prova e Jones não demorou muito a passar para o grupo de pilotos mais rápidos. Em 1963, liderava a corrida quando uma fuga do óleo no seu carro causou o acidente de EddieSachs. Colin Chapman exigiu que Jones fosse desclassificado, mas Agajanian conseguiu persuadir os comissários de pista a deixá-lo continuar. Jones conseguiu segurar o Lotus de Jim Clark e venceu a prova no Watson equipado com motor Offenhauser. Parnelli Jones percebeu onde estava o futuro e em 1965 também estava ao volante de um Lotus. Nos anos seguintes, passou a trabalhar com Andy Granatelli e a tentar inovar com o STP PaxtonSpecial, movido a turbina de avião e com o qual quase ganhou em 1967, mas depois do acidente de Joe Leonard a testar o carro, retirou-se da IndyCar como piloto antes da edição de 1968, passando a ser apenas chefe de equipa.
Jones passou a trabalhar com VelMiletich e fundou a Vel’sParnelli Jones. O seu primeiro carro chamava-se Johnny LightningSpecial (um chassis Colt com motor Ford) e foi guiado por Al UnserSr., vencendo duas vezes as 500 Milhas de Indianapolis. Jones continuou a construir carros para a IndyCar, mas em 1974 conseguiu convencer a Firestone a patrocinar uma investida na Fórmula 1. O piloto escolhido foi MarioAndretti e o carro estreou-se no final do ano, só que os pontos apareceram apenas ocasionalmente e a aventura começou a ficar demasiado cara e a equipa regressou aos Estados Unidos. Parnelli já tinha um novo plano: criar uma versão turbocomprimida do CosworthDFV de F1. O DFX estreou-se em 1976 e venceu todas as corridas do campeonato entre 1978 e 1987.
Aquele não foi o fim da sua carreira atrás do volante. Aliás, mesmo quando corria em Sprint Cars e ChampionshipCars, Parnelli Jones já tinha experimentado outras categorias, conhecendo algum sucesso em stockcars. Entre 1956 e 1970, disputou apenas 34 corridas na NASCAR, mas conseguiu vencer quatro provas, com destaque para as 500 Milhas de Riverside em 1967. Teve mais sucesso no Campeonato USAC Stock Car, onde estabeleceu uma ligação ao preparador Bill Stroppe. O Mercury preparado por Stroppe era um dos mais competitivos do plantel e levou-o a várias vitórias, inclusive na Rampa de PikesPeak de 1963,antes de se tornar campeão em 1964. Passando para o novo Campeonato Trans-Am, ligou-se ao preparador Bud Moore e fez equipa com George Follmer ao volante dos Ford Mustang Boss. Embora na altura não houvesse título de pilotos, Jones dominou a temporada de 1970, com cinco vitórias. Entretanto, Bill Stroppe convenceu-o a experimentar todo-o-terreno, onde Jones conseguiu as suas últimas grandes vitórias, na Baja 1000 de 1971 e 1972, com um estilo de condução que não poupava a mecânica do pobre Ford Bronco.
Paulo Manuel Costa