Esteban Ocon responde às críticas e confirma participação no GP do Canadá de F1
Não somos robôs”, começou por dizer Esteban Ocon ao F1.com, confirmando depois que vai correr no Canadá, mas aproveitando para criticar os “abusos” após o acidente no Mónaco. O francês revelou ter ficado “profundamente triste com a quantidade de abusos e negatividade” que recebeu depois de ter causado o incidente com o seu colega de equipa Pierre Gasly, no Mónaco.
Ocon recebeu uma penalização de cinco lugares na grelha para o Grande Prémio do próximo fim de semana em Montreal após a sua colisão na Volta 1 com Gasly, que o obrigou a abandonar a corrida e provocou uma resposta furiosa do chefe de equipa Bruno Famin.
Em declarações à emissora francesa Canal+, Famin disse: “É triste, este tipo de incidente. É exatamente o que não queríamos ver. E haverá consequências apropriadas”.
Após o incidente, houve especulações de que Ocon poderia ser “colocado no banco” para o Grande Prémio do Canadá, mas, numa longa publicação nas redes sociais, o piloto de 27 anos confirmou que vai correr no Canadá e falou sobre os desafios de ser um concorrente na grelha de F1.
“Muito foi dito no rescaldo do Grande Prémio do Mónaco”, lê-se na declaração de Ocon. “Embora tenha recebido muitas mensagens de apoio, fiquei profundamente triste com a quantidade de abuso e negatividade que recebi online em relação ao meu carácter, à minha condução e à minha carreira.
“Graças ao trabalho árduo, ao apoio e aos sacrifícios de muitas pessoas, participei em mais de 140 Grandes Prémios desde a minha estreia em 2016. Sempre fui um concorrente duro e, como a maioria dos pilotos, tive a minha quota-parte de incidentes.
“Tive a sorte de correr ao lado de colegas de equipa talentosos e experientes, incluindo os vencedores de corridas Daniel [Ricciardo], Checo [Perez] e Pierre [Gasly], e um duplo campeão, Fernando [Alonso]. Como companheiros de equipa, começamos muitas vezes as corridas muito próximos uns dos outros, o que, em alguns casos, significou algumas batalhas duras em pista e, por vezes, contactos.
“É claro que cometi erros, mas todos eles honestos. Não somos robôs; somos atletas que se esforçam ao máximo todos os dias para alcançar os seus sonhos de ganhar corridas. A F1 é um desporto onde as emoções estão ao rubro e as paixões são profundas.
“Vejo e sinto isto todos os fins de semana na pista e nas redes sociais… o bom e o mau. Mas as declarações mal informadas e as distorções grosseiras que vi online nos últimos dias sobre a minha capacidade de trabalhar com uma equipa foram imprecisas, prejudiciais e danosas.”
Após os acontecimentos no Mónaco, Ocon pediu desculpa nas redes sociais pelo incidente da Volta 1 e, na sua última declaração, reiterou que assumiu total responsabilidade pelo que aconteceu no fim de semana passado.
Acrescentou ainda que tinha total respeito pelo seu colega de equipa e que iria continuar a trabalhar profissionalmente na Alpine.
E continuou: “Desde as minhas primeiras voltas no automobilismo, abordei este desporto com humildade, profissionalismo e respeito. Estes valores foram-me incutidos desde muito jovem.
“Embora cada piloto procure a glória individual, este será sempre, acima de tudo, um desporto de equipa. Sempre segui as instruções que me foram dadas e corri para atingir o máximo para e com a minha equipa.
“Assumi a responsabilidade pelo incidente na primeira volta no domingo passado e, apesar do meu DNF, estou contente pelo facto da equipa ter somado um ponto naquele que tem sido um início de época difícil para todos nós. Respeito o Pierre como colega de equipa e como concorrente. Sempre trabalhámos em colaboração e de forma profissional dentro da equipa e assim continuará a ser.
“Não há recompensa sem risco na Fórmula 1 – e os inícios de corrida são intensos, ainda mais no Mónaco, onde a volta de abertura pode ditar o resultado final. No final, somos todos concorrentes e as corridas duras e justas em todo o pelotão são o que torna o nosso desporto tão fantástico e a principal razão pela qual gosto tanto deste desporto.
“Estou ansioso por competir em Montreal, perante os fantásticos adeptos canadianos, e pelas oportunidades excitantes que o futuro me reserva. Esteban”.
Com esta comunicação, coloca-se para já um ponto final na última de uma longa lista de incidentes – nuns foi mais culpado que outros – com colegas de equipa, e para lá dos abusos online – sabemos bem no mundo em que vivemos hoje em dia e o tipo de pessoas que ‘nasceram’ escondidas atrás dos ecrãs dos seus telefones, tablets, ou computadores – mas Ocon talvez tenha agora aprendido de uma vez por todas que há momentos e locais para tudo, até para pressionar o seu colega de equipa. E um local onde não o deve fazer é no Mónaco, onde a probabilidade de ‘desastre’ é muito elevada. Muito perto dos 100% como se provou uma vez mais.
A Alpine vai agora concentrar toda a sua atenção no Grande Prémio do Canadá, numa tentativa de marcar mais pontos naquela que tem sido uma época difícil até agora. O ponto de Gasly no Mónaco elevou o número de pontos da equipa para dois em 2024, tendo Ocon conquistado o outro ponto da equipa em Miami. Atualmente, a equipa ocupa o nono lugar na classificação dos construtores, com apenas a Kick Sauber – que ainda não arrancou – abaixo deles, no 10º lugar.