Um ano sem Craig Breen: Saudade do ‘Mayor of Brattby’

Por a 13 Abril 2024 01:00

Um ano passou desde que o mundo do automobilismo foi abalado pela trágica perda de Craig Breen.

Em 13 de abril de 2023, durante testes para o Rali da Croácia, um acidente estúpido roubou a vida do jovem e talentoso piloto irlandês.

Breen era uma estrela no mundo dos ralis. Não tanto pelas vitórias conseguidas, mas muito mais pela simpatia que irradiava. A sua paixão pelo desporto era evidente.

Mas Breen era muito mais do que apenas um piloto talentoso. Era um homem gentil e humilde, sempre com um sorriso no rosto e uma palavra de incentivo para seus colegas de equipa e adeptos.

A sua morte deixou um vazio enorme no coração de todos que o conheceram.

Hoje, ao lembrarmos Craig Breen, não podemos deixar de lamentar o que poderia ter sido.

Um futuro brilhante aguardava-o, tinha mais pódios e vitórias no Mundial de Ralis ao seu alcance.

Mas o destino cruel levou-o cedo demais.

No entanto, a sua memória viverá para sempre. A sua paixão pelos ralis inspirará as próximas gerações de pilotos. Sua gentileza e humildade serão lembradas por todos que tiveram a sorte de conhecê-lo.

A sua morte num acidente em testes para o Rali da Croácia, chocou a comunidade do automobilismo nacional e internacional, e deixou um enorme vazio naqueles que o conheceram e admiravam seu trabalho.

A carreira de Craig Breen

Craig Breen era um lutador! Passou por muito ao longo da sua carreira, que começou por prometer muito, mas depois não foi fácil. Como se sabe, o piloto irlandês de 33 anos, estava a disputar o Campeonato de Portugal de Ralis e ao mesmo tempo a fazer um programa no WRC com a Hyundai.

O irlandês nasceu a 2 de fevereiro de 1990, e estava destinado a ser pilotos de ralis, já que o seu pai, um ex-campeão irlandês de ralis, cedo o começou a ligar aos desportos motorizados.

Começou pelo karting em 1999, e em 2007 fez o seu primeiro rali, na Irlanda, com um Honda Civic.

No ano seguinte, 2008, foi alargando horizontes, mudou de carro, guiou um Citroën C2 R2 e depois um Ford Fiesta ST, com que começou a dar nas vistas, e foi no Carlow RallySprint que guiou o seu primeiro WRC, um Ford Focus WRC 04.

O primeiro de alguns, mas demoraria a lá chegar…

Foi no ano seguinte, 2009, que se ligou a Gareth Roberts, e que a sua carreira nos ralis ‘rebentou’ e começou verdadeiramente a dar nas vistas…

Venceu a Ford Fiesta Sporting Trophy, estreou-se esse ano no Rali de Portugal, vencendo a ‘sua’ prova, o troféu realizado com os Ford Fiesta ST.

Em 2010, outro pulo na carreira, agora com o Ford Fiesta S2000. Entre o campeonato da Irlanda de asfalto, o Campeonato Britânico de Ralis e o SWRC, fez 17 provas.

Em 2011, triunfou na WRC Academy, competição em que vários grandesn omes dos rlais despontaram, enquanto dava nas vistas no IRC com o Ford Fiesta S2000, e foi em 2012 que sucedeu a primeira tragédia da sua carreira.

O seu navegador, Gareth Roberts, morreu a seu lado no Rali Targa Fiorio, depois de um rail invadir o carro na sequência de um acidente em tudo semelhante ao de Robert Kubica, um ano antes.

Ainda assim, conseguiu arranjar forças para chegar ao título do SWRC, vencendo quatro provas. Só isso mostrou muito da fibra e força mental com que encarava os ralis…

Foi contratado pela Peugeot Rally Academy em 2013, foi terceiro no Europeu de Ralis, feito que repetiu em 2014, já com o R5 da marca francesa, o 208 T16, carro que foi perdendo competitividade face às marcas adversárias, não permitindo a Craig Breen fazer melhor. Ainda assim, foi segundo no ERC e venceu três ralis, um deles o SATA Rallye Açores.

E fez o suficiente para o chamarem para a equipa oficial da Citroën Racing no WRC: “Citröen é um enorme passo na minha carreira. Eestou absolutamente na lua, trabalhei muito nos últimos anos, foi um trajeto incrível, com altos e baixos. Finalmente cheguei ao WRC e temos muito trabalho pela frente”, disse-nos na altura.

Foi ao pódio na Finlândia, foi 10º no campeonato, mas a Citroën era de longe a pior equipa do plantel. Em 2017, mais do mesmo, o melhor Citroën no campeonato foi Kris Meeke em 7º e Breen foi apenas 10º não fazendo melhor que vários quintos lugares.

O ‘filme’ repetiu-se em 2018 para a Citroën, uma sombra do que tinha sido uns anos antes e Breen sofria com isso, ainda que aqui e ali fizesse bons resultados como por exemplo o segundo lugar na Suécia e o quarto na Grã-Bretanha.

Apesar de ter sido a equipa que mais cedo começou a trabalhar no seu WRC 17, até pela quase ausência ‘oficial’ do WRC 2016, foi com muita surpresa que se percebeu que nesse caminho a Citroën tinha cometido erros no desenvolvimento do carro.

Saiu da Citroën e foi para a Hyundai, mas inicialmente com um programa muito curto.

2019 foi quase um ano perdido para Breen, exceção feita ao campeonato irlandês de asfalto em que venceu por cinco vezes com o Ford Fiesta R5.

Em Gales foi oitavo com o WRC da Hyundai, e em 2020, só fez a Suécia e a Estónia com a Hyundai, devido à pandemia, sendo segundo neste último rali, aproveitando pelo meio um convite da MRF Tyres para um programa no Europeu de Ralis, que estendeu para 2021, sem grandes resultados, pois o Hyundai i20 R5 não dava para mais.

Contudo, no WRC com a Hyundai fez dois pódios, com o i20 Coupé WRC, na Estónia e na Finlândia, e com isso fez o suficiente para lhe valer ser chamado à M-Sport/Ford para 2022, novamente uma grande oportunidade, já que depois de 2018 (Citroën) ter sido a sua primeira época a tempo inteiro, depois dessa temporada falhada, mais por culpa da Citroën do que sua, as oportunidades que teve depois com a Hyundai não as desperdiçou, mas só a M-Sport lhe oferecia um contrato a tempo inteiro e foi aí que teve a oportunidade de confirmar a sua velocidade e consistência.

Tinha nos seus ombros a responsabilidade de recolocar a M-Sport no caminho das vitórias, mas as coisas correram-lhe muito mal. Foi a maior desilusão do ano, pois entrou numa espiral negativa que não conseguiu sair, teve um rol incrível de acidentes, ao ponto de, a única solução que encontrou para o problema foi mudar de equipa.

Em 2021 fez em cinco ralis quase os mesmos pontos que em 2022, em 13.

Regressou à Hyundai em 2023, esteve fantástico no Rali da Suécia, onde foi segundo e o melhor dos Hyundai. Mudou diametralmente o semblante, estava feliz, via-se.

Pelo meio, foi contratado pela Hyundai Portugal para tentar vencer o Campeonato de Portugal de Ralis, venceu a primeira prova em Fafe, mostrando um andamento muito acima da concorrência lusa, o mesmo fazendo nos 9.82 Km que fez no Rali do Algarve, antes de se despistar e abandonar.

Estava a testar para o Rali da Croácia, quando um trágico acidente, daqueles em que é preciso ter mesmo muito azar para as coisas correrem mal. Infelizmente para todos, foi exatamente isso que sucedeu, perdendo a vida num acidente em que um pedaço de madeira entrou pelo pára-brisas, e tirou a vida ao piloto

Os ralis perderam um dos pilotos que mais paixão tinha pela modalidade. Sempre que tinha essa possibilidade, era vê-lo a guiar um BMW M3, Subaru Legacy 4WD, Ford Escort WRC, MG Metro 6R4, Subaru Impreza 555, Ford Escort RS 1800 MKII.

Clássicos de ralis em que pudesse divertir-se e dar espetáculo, era com ele. Que descanse em paz, cá deste lado será recordado por muitos e bons anos, tal como muitos heróis dos ralis antes dele…

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2 Comentários
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christopher-shean
christopher-shean
8 meses atrás

DEP!

Lugar aos novos!
Lugar aos novos!
8 meses atrás

Depois da retirada do Ostberg, era o Craig o piloto que dava gosto ouvir no final das classificativas, falava com paixão e sem bluff.
Agora resta-nos o Lappi..
Ainda mais aceitou fazer o nacional de ralis e ganhou um lugar no nosso coração.
Que descanse em paz e, como diz o artigo, vai continuar a ser lembrado!

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