F1: Red Bull foi dominante… mas com nuances
Depois do que se viu ontem em pista no Bahrein e na temporada passada, é fácil pensar que este ano vamos assistir a mais do mesmo. É verdade, a Red Bull foi dominante, mas há nuances. Atenuantes, se preferir.
Um jornalista deve analisar o que se passa, sem rodeios, mas neste caso fazemos também um pouco o papel do ponto de vista do adepto que gostava de ter corridas mais equilibradas e emotivas na luta pelo triunfo. Também nós o preferimos, porque facilita imenso as coisas, e claro, proporciona muito mais interesse do público ter sido uma corrida ou um campeonato muito emotivo, ou como sucedeu ontem, sem qualquer luta pelo triunfo que ficou claro quase desde o fim da primeira volta…
É verdade que Max Verstappen venceu a corrida com grande folga, mas quando olhamos com algum distanciamento e sabemos tudo o que se lá passou, conseguimos identificar pormenores que contribuem para fazer um filme um pouco diferente do que mostraram os resultados.
É claro que, seja o que for que aconteça, os resultados é que contam, mas o que tentamos perceber aqui é se podemos esperar corridas diferentes este ano.
É verdade que Max Verstappen venceu a corrida com folga, mas a diferença em relação ao ano passado diminuiu. Isso parece claro. E porquê? Em primeiro lugar, o RB20 é claramente forte em corrida, mas sofre um pouco mais em qualificação. Por outro lado, a vantagem da Red Bull pode ter sido ‘inflacionada’ devido às condições específicas da pista do Bahrein e à estratégia de Max Verstappen.
A Ferrari progrediu, mas ainda está atrás. O SF-24 é um carro significativamente melhor que o anterior, mas a equipa não só cometeu erros estratégicos e sofreu com problemas de travões. Carlos Sainz acredita que a Ferrari estará mais competitiva em pistas diferentes.
A Mercedes teve problemas. A equipa errou na configuração de arrefecimento, comprometendo claramente o desempenho do carro. George Russell chegou ao segundo lugar, mas também depressa voltou a cair.
Quanto à McLaren esta acredita que pode ser mais forte em outras pistas, e também a Aston Martin teve um desempenho ainda mais discreto.
É cedo para dizer se a temporada será mais equilibrada, mas há indícios de que a Ferrari pode incomodar a Red Bull em algumas corridas, e vamos ver a Mercedes, se for fácil resolver os problemas de sobreaquecimento.
Christian Horner diz que é cedo para tirar qualquer conclusão e que é preciso uma amostra de três ou quatro corridas.
Houve várias curiosidades no fim de semana. Por exemplo, Verstappen fez a pole com um tempo mais lento do fez o Ferrari de Charles Leclerc no Q2. O ano passado fez a pole à vontade.
Na corrida, a margem o ano passado foi uma média de 0.67s por volta. Este ano, com os problemas da Ferrari e Mercedes, foi 0.5s. Uma mudança na direção e velocidade do vento da qualificação para a corrida foi suficiente para ‘ajudar’ o Red Bull RB20. Verstappen confirmou-o.
Quanto ao ritmo de corrida, fica por confirmar, porque pareceu que Verstappen tinha mais para dar, se precisasse. E da Ferrari e Mercedes não se pode tirar conclusões no Bahrein.
Ainda assim, Sainz diz que o Ferrari SF-24 é um carro significativamente melhor que o seu antecessor.
Depois, tiveram problemas com os travões. Nos testes não os tiveram porque… não há tráfego em pista e na corrida tiveram-no e isso fez diferença.
Já a Mercedes errou no arrefecimento do motor, e perdeu quatro décimos por volta na corrida.
Lando Norris disse que o Bahrein é a melhor pista possível para a Red Bull.
Para a semana, no asfalto de Jidá, que é liso, as diferenças deverão ser muito menores.
Christian Horner é que deve ter razão: só depois de 3 ou 4 corridas se terá a certeza da correlação de forças…