OPINIÃO, Futuro do WRC: Paixão, receio e incerteza…
Podemos olhar de muitas formas para o que está a ser definido para o futuro do WRC. Que há divergências sobre o caminho a seguir, ninguém duvida, mas será uma missão impossível?
Com esta guerra de ideias no WRC, quem vai ditar o futuro da modalidade? Qual será a chave para o futuro do WRC? Certo é que sem união, não há futuro. É preciso encontrar um terreno comum.
Fez-se luz sobre o potencial futuro do WRC, mas o irónico da questão, é que continuam a existir muitas dúvidas, ainda que também algumas certezas. Seja como for, pelo menos decidiu-se alguma coisa, sendo certo que vai haver mudanças.
O grupo de trabalho da FIA para o WRC propôs no Conselho Mundial do Desporto Automóvel da FIA grandes alterações aos regulamentos técnicos do WRC, e a principal medida é o fim dos sistemas híbridos, a que se juntam uma série de decisões que visam mudar a face do WRC.
Era aceite por todos que o WRC precisa de mudar, é grande a necessidade de mudança no WRC, e pelo menos agora há um claro direcionamento estratégico.
A visão geral que resultou do documento da FIA, os anúncios mostram objetivos positivos, mas ainda carecem de muito mais detalhes concretos. Digamos que são mais uma lista de desejos que um efetivo plano concreto. Pelo menos agora foi gerada expectativa. E isso é sempre positivo.
Contudo, o WRC tem um grande dilema, sem ter nenhuma culpa no ‘cartório’. Não é fácil definir o futuro do WRC quanto o setor automóvel está a passar por uma enorme transformação e sendo verdade que a FIA se espalhou ao comprido no controlo de custos dos Rally1, a verdade é que esse fator ajudou mas é a indefinição do setor automóvel a principal causa para o ‘marcar passo’ dos ralis.
Reparem, os próprios construtores presentes no WRC divergem sobre o futuro e quando isso sucede, como é possível chegar a consensos? A Ford e a Hyundai viram-se cada vez mais para os elétricos, a Toyota gosta muito do hidrogénio e carros híbridos já os tem há duas décadas e meia, a Audi e a Porsche preferem combustíveis sintéticos, tudo isto dificulta imenso o desenvolvimento de regras que agradem a gregos e a troianos para o WRC.
Reparem na F1, manteve combustíveis fósseis com hibridização, concentrando-se num bom ‘produto’ para entreter o público e ‘marimbou-se’ para o que é a tecnologia para o dia a dia. Reparem que em 2026 os motores dos F1 vão ser mais simples que os atuais e a única coisa em que pensaram foi em promover a sustentabilidade. Eliminam o MGU-H que recupera energia do calor residual dos gases de escape. Já o WRC aposta em combustíveis sintéticos, pondera uma futura categoria elétrica e analisa o hidrogénio.
Estratégia confusa do WRC
O WRC tenta abarcar todas as opções tecnológicas (Rally1, Rally2+, elétrica) mas não definiu uma clara direção. David Richards fala em transição! O WRC procura manter a ligação com carros de estrada, mas na indústria automóvel não há consenso sobre o futuro, uns a fazerem o caminho que determinaram, outros a travar os elétricos, outros a mudar estratégias, há um pouco de tudo.
Com as mudanças técnicas propostas, há uma possível coexistência de três regulamentos diferentes na categoria principal do WRC até 2026. É verdade que há opções facilitadas para as equipas, que passam por atualizar carros Rally1 existentes de modo a que estes possam ser vendidos a privados por um valor de 400.000€, facilitando pelo meio construir um carro próprio, usando o chassis tubular ‘space frame’ da FIA para os Rally1 e permitindo que preparados lá ponham carroçarias de várias proveniências e marcas.
As principais alterações são o fim do motor híbrido na categoria principal (Rally1) a partir de 2025, com os Rally1 modificados e com menor custo a formar a categoria principal. Vai haver redução de potência e restrições aerodinâmicas para diminuir gastos. Há uma opção de kit para carros Rally2 para reduzir a diferença de performance com Rally1. Só vai haver novos regulamentos técnicos para o Rally1 em 2026.
Será usada a célula de segurança comum para reduzir custos e complexidade na construção de novos carros, e liberdade para carroçarias baseadas em modelos de produção.
A potência alvo é de 330 cv com controlo de binário referência. O teto de custo por carro será de 400.000€, será introduzida uma categoria elétrica assim que possível.
Resumidamente, é isto. O pormenor, saber-se-á mais para a frente.
Tudo isto deixa incertezas, e há muita gente com dúvidas sobre o futuro. Será que há realismo e viabilidade em todas as propostas?
Também vemos pontos positivos, benefícios potenciais. O fim do sistema híbrido é visto como positivo por não oferecer valor e ser caro. As assistências remotas e parques de assistência mais ágeis visam agilizar mais a estrutura das provas. Com isto passa a haver mais variedade para os fãs, mais flexibilidade e redução de custos para equipas.
Está previsto também melhor marketing e promoção do WRC. Até junho ficaremos a conhecer as estratégias de promoção e possivelmente caminhos para itinerários mais diversificados nos ralis.
O fundamental disto tudo é que o WRC tenta resolver os seus problemas, mas a falta de consenso na indústria automóvel limita muito a definição de soluções definitivas. Portanto, estas medidas são uma espécie de ‘curativo’ transitório de modo a ganhar-se tempo sem que o WRC caia mais até que possivelmente a indústria se defina melhor e saiba o que quer para o futuro da mobilidade.
Uma coisa é clara: há urgência de mudanças no WRC mas é preciso olhar com otimismo cauteloso quanto às propostas apresentadas.
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