Kris Meeke e o futuro do WRC: “carros mais baratos, acessíveis a privados…”
A última prova que Kris Meeke fez na classe principal do WRC foi o Rali da Catalunha de 2019, mas numa altura em que o futuro do Mundial de Ralis está em equação, quanto a possíveis mudanças, um dos seus pilotos mais experientes tem um opinião sobre o que faria se fosse ele a decidir. Perguntamos-lhe se fosse o ‘chefe’ do WRC, se faria alguma coisa diferente: “Honestamente, vê-se muito mais quando se está do lado de fora. Quando estamos no interior, estamos numa bolha. Não temos tempo para pensar, estamos tão concentrados em fazer o melhor que podemos face ao trabalho que temos, pilotar.
Mas agora, estando de fora, continuo a respeitar e a dar crédito aos pilotos de topo.
Eles estão a trabalhar nos limites. Foi incrível ver a vitória do Neuville em Monte Carlo, foi realmente especial. Mas estavam apenas oito carros. Não há profundidade e isso afeta o nosso interesse quando estamos a ver de fora. Tivemos sorte em Monte Carlo pois houve uma batalha na frente. Mas se não houver batalha, não faz muito sentido ver.
Por isso, sim, há muita coisa que precisam de mudar, para mim.
Há muitos fatores envolvidos. Posso facilmente dizer que, provavelmente não apenas os carros, mas o formato dos ralis. Eu fiz alguns ralis nos últimos anos e o elemento aventura é fantástico. E os ralis hoje em dia com parque de assistência centralizado e as três etapas em trevo é um formato aborrecido para mim. Acho que seria melhor misturar as coisas.
Alguns ralis podiam manter esse formato, mas outros ralis precisam de mudar.
E, sabes, todos os ralis não se deviam adaptar ao mesmo formato, devia haver diferenças, e mesmo este novo sistema de pontos, para mim, é difícil de compreender.
A razão pela qual o futebol é o desporto mais popular do mundo é porque é também o jogo mais simples do mundo. Metes a bola na baliza, ganhas. Se tentarmos complicar demasiado, com metade dos pontos ao intervalo e depois confundíssemos as pessoas, provavelmente desligavam, sabem? Tal como disse o Ogier, só os nerds dos ralis é que vão querer perceber.
Por isso, para mim, essa é uma ideia completamente absurda, só veio para complicar as coisas. Conheço as razões, mas devia haver uma forma mais simples de o fazer.
Acho que estão a tentar remendar algo que está fundamentalmente errado. Acho que é preciso voltar atrás para ter carros mais baratos. Motores de combustão ecológicos, motores com combustíveis ecológicos que façam bom ruído.
E ter um carro o mais possível acessível a equipas privadas. Os melhores pilotos do mundo ganharão sempre os ralis, mas imaginem o ambiente no Rali de Portugal se um Rally2 Plus fosse o carro principal. As equipas privadas poderiam melhorar o carro com um restritor maior e uma asa traseira, e poderíamos enfrentar os melhores pilotos do mundo nos troços da nossa casa, como sucedia no passado. Os adeptos locais apoiá-los-iam e a atmosfera de 60, 70 carros com as mesmas especificações em todos os ralis seria incrível.
Por isso, para mim, essa é uma ideia que têm de explorar.
E mais, se quisermos manter o desporto motorizado vivo, os ralis nunca funcionarão com veículos elétricos nos tempos mais próximos. O futuro do hidrogénio está um pouco distante, penso eu. Olhar para a questão ecológica é a única forma de o fazer.
A tecnologia híbrida, até certo ponto, mas a Toyota faz carros híbridos de raiz, há mais de 20 anos, por isso, publicitá-los de novo não faz muito sentido para mim.
Há pessoas muito inteligentes que precisam de tentar perceber quais as melhores regras, mas de certeza que algo tem de mudar.
O que se diz dos ralis agora é que não são interessantes porque os pilotos dizem as coisas corretas, tudo é bonito e tudo é bom e tentam manter toda a gente feliz.
É um problema. E quando só há dois fabricantes, se um sair, o campeonato está morto.
Por isso, é preciso algo que estimule os construtores a virem e o mundo está como está neste momento, é bastante óbvio que nenhum construtor quer vir no clima atual.
Por isso, algo tem de mudar. Há gente muito inteligente a pensar nas coisas, que vão decidir o futuro dos ralis e espero que acertem”, disse Kris Meeke.
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Concordo a 100%… como já tinha opinado aqui noutro post… o Meeke, ao menos, deve ter lido!
Um contributo muito interessante e aplicável a curto prazo