F1: Dividida entre Milton Keynes e Faenza, Visa Cash App RB pretende recrutar os “melhores”
Não foi apenas uma mudança de identidade que aconteceu na antiga Scuderia AlphaTauri ou ainda, Toro Rosso. Foi uma revolução, um ‘reset’ ao modo de operar e passar a trabalhar em estreita colaboração com a Red Bull, a equipa-irmã. Apesar dos responsáveis – tanto Peter Bayer como Helmut Marko – continuarem a afirmar que se trata de uma equipa júnior da Red Bull, a nova Visa Cash App RB parece ser muito mais do que isso. O objetivo é passar a competir com os melhores e captar os melhores ‘cérebros’ para trabalhar, tanto no Reino Unido, e por isso houve um reforço do lado de lá do Canal da Mancha – como na Europa continental.
Certa vez, a abordar algumas fases da sua extensa carreira na Fórmula 1, Adrian Newey disse que só não teve uma carreira na Ferrari, que como sabemos tem a sua fábrica em Maranello, Itália, sem qualquer pólo no Reino Unido – onde estão, e sempre estiveram, baseadas grande parte das equipas de F1 -, porque teria de se mudar de onde estava estabelecido com a sua família para um novo país, numa altura em que os seus filhos eram pequenos e ainda frequentavam a escola, e podia-se dar o caso de não se habituar a uma nova realidade.
Este é ainda um desafio para a Ferrari e também era para a antiga Minardi, que deu origem à Scuderia Toro Rosso, estrutura que veremos esta temporada em pista com o nome Visa Cash App RB. Apesar de ter instalações em Bicester, grande parte das operações aconteciam a partir de Faenza. Com as alterações realizadas desde 2023, a equipa passa a contar com um reforço no Reino Unido, muito mais perto da Red Bull, com novas instalações em Milton Keynes.
Em declarações no evento de lançamento do VCARB 01, o novo chefe de equipa Laurent Mekies realçou a importância da infraestrutura em Milton Keynes. “Durante muito tempo tivemos duas localizações: Faenza e Bicester. Os departamentos em Bicester vão mudar-se para as novas instalações em Milton Keynes. Historicamente, ter duas sedes sempre foi uma desvantagem, mas estamos em 2024, o mundo mudou radicalmente. A forma como as pessoas interagem também está a mudar. Queremos fazer com que isso funcione. Queremos fazer da nossa empresa uma empresa sem sedes. Se amanhã um departamento estiver dividido entre Faenza e Milton Keynes, achamos que não há problema. É um desafio, mas pensamos que traz muitas vantagens: podemos contratar as melhores pessoas do Reino Unido e contratar as melhores pessoas da Europa”. Assim, os engenheiros dedicados à aerodinâmica, que estavam sediados em Bicester serão incorporados nas instalações em Milton Keynes, quase no jardim da Red Bull.
Além de melhorar a capacidade de recrutamento, esta proximidade entre a equipa liderada por Peter Bayer – diretor executivo – e Mekies e a estrutura campeã da Red Bull, traz mais vantagens em termos de conhecimento. Ainda que os responsáveis insistam que a “sinergia” aconteça dentro da legalidade.
Sinal de mudança de atitude da equipa foi também o recrutamento de Tim Goss, Alan Permane e Guillaume Cattelani. Goss assumirá a nova função de diretor técnico principal em outubro deste ano; Guillaume Cattelani vai ser o braço direito do diretor técnico Jody Egginton e conta com mais de 15 anos de experiência na F1, passando pela Lotus, McLaren e, mais recentemente, Red Bull Technology. Irá concentrar-se na aerodinâmica, desempenho e tecnologia, enquanto Permane vai assumir o cargo de responsável por todas as operações em pista – ‘Racing Diretor’ – com efeito imediato e responde a Mekies diretamente.
Como resultado do relacionamento mais próximo, que tem levantado algumas suspeitas em algumas equipas adversárias, espera-se que o VCARB 01 seja muito semelhante ao RB20 que será desvendado na próxima semana, uma vez que o ‘showcar’ mostrado em Las Vegas pela equipa italiana mostra algumas mudanças muito características da equipa técnica liderada por Adrian Newey. Só saberemos quando virmos o RB20.