F1, Alain Prost: “Em corrida, Ayrton Senna nunca foi mais rápido que eu”

Por a 6 Fevereiro 2024 17:47

Alain Prost é um dos grandes nomes da história da F1. O “professor”, como ficou conhecido pela sua abordagem metódica e matemática às corridas, foi personagem principal do mítico confronto com Ayrton Senna, o piloto brasileiro que arrebatou os corações de milhões de fãs, pela sua velocidade e postura apaixonada. Prost lamenta que a sua carreira seja algo menosprezada.

Em entrevista ao motorsportmagazine.com o francês revelou alguma tristeza e incompreensão por não ver a sua carreira ser tão valorizada como a de outros pilotos:

“Às vezes pergunto-me como é que vou ser recordado”, disse Prost. “Parece uma piada, mas sou completamente subestimado! Eu sei disso. Eu percebo. Não sei porquê, mas de certa forma é a minha marca. Parece que vai ficar assim para sempre, faz parte da história. Vejam os meus outros colegas de equipa, o [John] Watson, o [René] Arnoux, o [Eddie] Cheever, o Niki, o Keke, o Stefan [Johansson], o Nigel [Mansell], o Jean [Alesi] e o Damon [Hill]. Ninguém fala deles. Tive cinco campeões do mundo como companheiros de equipa. Por isso, é uma pena. Mas é assim que as coisas são. Hoje em dia, temos as redes sociais e toda a gente vê os vídeos das nossas lutas. Por vezes não compreendo. A minha carreira não durou apenas dois ou três anos”.

Prost aproveitou ainda para dizer que nunca se sentiu inferior a Senna em corrida. Em qualificação, o francês reconheceu que Senna o surpreendeu várias vezes, mas em corrida, nunca sentiu que o brasileiro tivesse vantagem:

“O Ayrton representava mais chama e paixão. Eu era o ‘ Professor’, clínico. Ele era’ místico’ e as pessoas gostavam disso. Ele impressionou-me por vezes na qualificação, não me lembro exatamente quando. Nunca em condições de corrida. Nunca. Em condições de corrida, no warm-up, a maior parte das vezes eu era mais rápido”.

Será Prost assim tão desvalorizado? A verdade que é o francês foi um dos grandes pilotos de sempre, mas é constantemente recordado como o “vilão” do duelo com Senna. Prost foi muito mais que isso. E há uma célebre estatística que evidencia isso. Prost ficou a 12,5 pontos de ser oito vezes campeão do mundo. Prost foi quatro vezes campeão do mundo com 51 vitórias, 33 poles e 106 pódios. Em 1983, ficou a apenas dois pontos de Nelson Piquet, campeão desse ano. No ano seguinte, foi o ano do famoso título decidido por meio ponto, que caiu para Niki Lauda. Em 1988, ficou a três pontos do campeão Ayrton Senna e em 1990 ficou a sete pontos do mítico piloto brasileiro.

Prost era conhecido por saber gerir a mecânica do carro e durante o seu tempo teve à volta de 35 falhas mecânicas em 199 corridas enquanto os seus colegas de equipa todos tiveram 60. Outro dado interessante é que Alain Prost teve 41 volta mais rápida em corrida e Senna teve 19. Os números contam a história que quisermos e avaliar os pilotos apenas pelos seus números pode tornar-se injusto. Os números nunca vão mostrar o fogo e a paixão de Senna, a elegância de Jim Clark, a determinação e o talento de Alonso, a velocidade pura de Raikkonen. Mas são uma boa base para recordarmos a espetacular carreira de Alain Prost, um dos melhores de sempre, algo que é poucas vezes dito.

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breno_mascarenhas2020_hotmail_com
11 meses atrás

Como brasileiro, mais fã de Piquet que de Senna, nunca vi o Prost como vilão das disputas com Senna. Jogo duro, como sempre houve, não mais tanto hoje em dia.
Piquet, para mim, tb é outro pouco lembrado pelos seus resultados, merecia mais. Ganhou sobre Lauda, sobre Prost, tb sobre Senna, com duas equipes e 3 motores diferentes, Ford Cosworth, BMW Turbo e Honda. Já era tri campeão quando Senna começou a se destacar.
E a ultrapassagem sobre Senna em 1986, Hungria, ninguém fez melhor até hoje.
Acho, ainda, que o Prost é bem reconhecido no Brasil.

Lagaffe
Lagaffe
11 meses atrás

O prost sempre foi perfeito. Nunca se enganou e nunca se arrepende de nada. Está há 30 anos a aproveitar-se da morte de um colega para tentar reescrever a história…
É giro que saiu a mal de todas as equipas onde passou.
Evidentemente que foi um grande piloto, mas muito cerebral, que não são propriamente os mais recordados em qualquer desporto.

chati
chati
11 meses atrás

Um piloto que nunca ganhou uma posição “no braço”? Igual ao Senna? O Prost chegava na posição em que tinha saído a menos que tivesse um carro muito superior e teve-os quase sempre.
É preciso lembrar Mónaco 1984, que o Prost ganhou por terem parado a corrida antes de o Senna e o Bellof o apanhassem?

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  chati
11 meses atrás

não é verdade. Não gosto do Prost mas sempre fez corridas de trás para a frente com muita qualidade.
Ele preparava muito bem o carro para estar perfeito na parte final das corridas. Por isso tem tantas voltas mais rápidas.
Ninguém sabe como terminaria o Mónaco 84. Isso é pura especulação. O Senna já tinha um problema na suspensão e é bom recordar que o Bellof tinha um motor aspirado, que naquelas condições era superior.

Vagueante
Vagueante
Reply to  Lagaffe
11 meses atrás

O Bellof não foi desqualificado? Apenas se houvesse um acidente na ultrapassagem é que o Senna não ganhava. É só ir rever a corrida, com chuva frente ao Prost, até hoje o Senna num Haas e Prost num RB o reultado seria o mesmo. O Prost em chuva não era forte e com muita chuva mesmo a diferença era demasiado grande. Não retira em nada o piloto fantástico que era o Prost, apenas lhe faltava a magia e irreverência para poder ser lembrado como o Senna. As pessoas lembram-se mais do Vileneuve (o Jody é que foi campeão…) que o… Ler mais »

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  Vagueante
11 meses atrás

A desqualificação da Tyrrel foi numa etapa mais tardia da temporada. Se tivesse ganho no Mónaco teria todo o crédito moral. E hoje estaríamos a falar de outra conspiração.
Estou de acordo contigo que o Senna era muito superior à chuva que o prost. Mas numa corrida como aquela, a menos de metade da prova, é um abuso afirmar que a vitória fugiria ao francês. Para ganhar, primeiro é preciso terminar, e eu, recordo-me sempre de Adelaide 89.

leandro.marques
11 meses atrás

Melhor piloto da sua geração. Não era qualquer um numa época em que a fiabilidade dos carros era quase inexistente causando autênticos golpes de teatro em vários GP’s, conseguia quase sempre levar os seus carros até ao fim. Atacava só quando e somente quando era necessário, não feito ze tolinho a querer dar espetáculo até meio das provas antes de quebrar os carros. Sou um dos acredita que ele é muito subvalorizado mesmo. Da sua geração vejo-o como o único a dar luta presentemente ao Max, que também é alguém que gere muito bem o carro e não coloca uma… Ler mais »

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