WRC: Qual é o modelo? Qual é a estratégia? Quais são os objetivos? Responder a isto e tomar decisões…
Já em maio passado, quando passou por Portugal a propósito da nossa prova do Mundial de Ralis que o chefe de equipa da Hyundai Motorsport, agora presidente, Cyril Abiteboul, nos dizia que era preciso fazer qualquer coisa com urgência no WRC, porque bem, todos viam que não estava a vários níveis, mas já na altura alertava que lhe parecia haver uma preocupação demasiado grande com a tecnologia dos carros e pouca atenção no ‘produto’ WRC, que é algo que vai muito para lá da tecnologia.
Veja-se o exemplo do Rali Dakar. Nasceu de uma ideia que Thierry Sabine teve em 1977, mas quando a ASO ‘pegou’ na prova transformou o Dakar, numa marca que deixou de ser africana, para ser algo que a ASO leva para onde lhe der mais jeito. E criou um conceito muito apoiado na herança deixada por Sabine e hoje em dia é um dos eventos motorizados mais importantes do mundo.
As regras são feitas em parceria com a FIA, mas tudo o que se foi mudando na prova levou sempre em conta a forma como o ‘produto’ poderia ser melhor, crescer mais e chegar a mais gente. E dar mais dinheiro, algo super-importante nos dias que correm. E a ASO nem sequer trabalha de forma maravilhosa o Marketing da prova, embora esteja globalmente bem pensado.
Ou seja, o Dakar é algo que as pessoas identificam rapidamente, e quando falamos de pessoas não falamos dos adeptos ‘hardcore’ dos desportos motorizados, mas sim dos adeptos que vão e vêm…
Se perguntarmos a um adepto ‘normal’, o que é a F1, o que é o Dakar, o que são as 24 Horas de Le Mans, todos sabem, mas o WRC está com grande dificuldades de permanecer entre estes grandes, porque o ‘produto’ WRC é hoje em dia algo que nem de perto tem o mesmo impacto que tinha há 30 ou há 40 anos. E foi no Séc. XXI que foi perdendo esse estatuto.
É por isso que Cyril Abiteboul diz que antes do Grupo de Trabalho decidir o que quer fazer do WRC, há que responder antes disso a uma série de questões muito simples: “O que é que queremos dizer aos adeptos, aos patrocinadores e aos meios de comunicação social?” O que é que o WRC quer transmitir, o que quer ser? O que é o produto WRC?
E em declarações ao Motorsport.com acrescentou: “O segmento B da indústria automóvel mudou.
A eletrificação está a chegar, o apetite pela segurança e um ambiente sustentável são absolutamente cruciais! O que é que queremos dizer aos fãs, aos patrocinadores e aos meios de comunicação social? É importante abordar esta questão. Se dissermos que somos um campeonato de clientes puro, que é 100% um campeonato de pilotos em que a contribuição dos construtores e das equipas é bastante limitada, porque não?”, referindo-se aos Rally2.
“Penso que se nos perguntarmos o que defendemos, qual é a nossa missão e visão, então podemos decidir sobre algo tão importante como o Rally1 e o Rally2″, disse Abiteboul. “O Rally2 pode ser uma solução, mas uma solução para que problema? Temos de compreender o problema para encontrar a solução certa”.
O seja, o WRC tem que identificar primeiro qual é o seu verdadeiro problema, colocar questões difíceis e respondê-las e quando tiver uma base que responda “o que é que queremos, qual é a nossa missão e visão?”, então sim, avançar para a solução.
Isto significa que Abiteboul mostra o caminho para a abordagem certa à questão, pois não faz sentido colocar de pé medidas sem saber o que é que a FIA e o Promotor quer para o WRC.
Qual é o modelo? Qual é a estratégia? Quais são os objetivos? Responder a isto e então depois, sim, tomar decisões. E Abiteboul continua: “Não quero dizer que [o Rally2] é bom ou mau. O Rally2 pode ser uma boa solução para o problema certo, mas precisamos de ter a certeza de que todos concordam com ele. Como construtor, ficaríamos obviamente muito tristes se a categoria, na qual investimos muito e na qual ainda acreditamos, desaparecesse antes do final do ciclo de homologação planeado. Acima de tudo, estamos a tentar resolver o problema dos custos e entrar em contacto com a base de fãs. Pode ser uma solução, mas será [o Rally2] a solução certa para os construtores que investiram para manter e comercializar a sua melhor tecnologia automóvel? Então o Rally2 não é a solução”, disse Abiteboul ao Motorsport.com.
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