Arranca hoje a 52ª temporada do WRC: novo campeão, é quase certo…
Arranca esta tarde com o shakedown do Rali de Monte-Carlo a 52ª temporada do WRC, uma competição em que apenas seis duplas vão disputar as 13 provas do calendário, sendo que os restantes dois carros serão partilhados por… cinco duplas!
É neste contexto que arranca o WRC 2024, numa altura em que se fala muito mais do que pode mudar a breve trecho no WRC, do que o que vai ser o campeonato deste ano, que ainda assim se pode tornar entusiasmante por vários motivos. O primeiro, pelo facto do campeão ser quase certamente diferente dos últimos quatro anos, devido aos programas parciais de Kalle Rovanpera e Sébastien Ogier. Mas já lá vamos.
A 52ª temporada do WRC conta com treze rondas em quatro continentes. O Rallye Monte-Carlo, a prova mais antiga do calendário do WRC pode ser, sem dúvida, o rali mais imprevisível do ano, muda a sua base do Principado do Mónaco para a cidade francesa de Gap, onde esteve mais recentemente sediado em 2021. As estradas de asfalto relativamente simples no alto das montanhas podem ser complicadas pelo clima invernal, mas ao contrário do que se projetou, havendo neve e gelo, há para já muito menos do que seria ideal para o Rali de Monte Carlo. Mas isso não se controla, pois o Automóvel Clube do Mónaco jogou com as probabilidades, e o mau tempo que passou pela Europa nas últimas duas semanas, talvez tenha chegado cedo demais. Um ‘Monte’ com aquela meteorologia teria sido dos mais ‘brancos’ de sempre.
No WRC, por outro lado, a nova estrutura de pontos acrescenta uma nova dimensão à competição.
A estrutura atribui até 18 pontos com base na classificação geral após o dia de sábado, até mais sete pontos pelo desempenho no domingo, mantendo os tradicionais cinco pontos de bónus para a Power Stage. Estas atualizações mantêm o conceito central de determinar o vencedor da classificação geral. Como sempre, a equipa com o menor tempo total ao longo de todo o evento será coroada vencedora. Os efeitos que o sistema irá ter no campeonato mas já se percebeu que pode haver coisas curiosas. Se um piloto for o mais rápido no primeiro e segundo dias, também o mais rápido no terceiro dia, leva para casa os mesmos 25 pontos. No entanto, se for segundo no primeiro e no segundo dia e o segundo mais rápido no terceiro dia, assegura 21 pontos em vez de 18. O terceiro mais rápido recebe 18 em vez de 15. Há nuances muito interessante e podia fazer-se esse exercício com uma qualquer prova do ano passado, mas nunca seria fidedigna, pois os domingos foram sempre inócuos, exceção feita à PowerStage e por isso os resultados nunca seriam projetáveis, pois este ano as táticas mudam por completo.
A Toyota Gazoo Racing apresenta três carros para a abertura da temporada, liderados pelo vice-campeão do ano passado, Elfyn Evans, que inicia a sua quinta temporada com a equipa.
O galês tem a companhia do japonês Takamoto Katsuta, que vai participar a tempo inteiro num dos carros GR Yaris Rally1 da Toyota. O nove vezes vencedor de Monte-Carlo, Sébastien Ogier, pilota o terceiro Yaris, enquanto o atual campeão do mundo Kalle Rovanperä completará um programa parcial para a Toyota em 2024, com início na Suécia no próximo mês.
Numa equipa que venceu 25 dos últimos 38 ralis do WRC, o desafio é este ano maior, fruto do part-time do grande dominador dos dois últimos anos, o bicampeão Kalle Rovanpera.
O carro tem sido o mais equilibrado nos variados tipos de pisos dos WRC, e também o mais fiável, mas a equipa tem agora pontos mais fracos, pois Takamoto Katsuta não está ao nível dos seus restantes dois colegas de equipa, nem nada que se pareça.
Quanto aos pilotos, se Elfyn Evans der o mesmo pulo competitivo para 2024 que deu de 2022 para 2023, então podemos contar com ele para a luta pelo título. Já Ogier e Rovanpera, vão certamente lutar por vitórias, o terceiro será quase certamente o mais vitorioso do ano no seio da equipa.
A Hyundai Motorsport voltou a contratar Ott Tänak depois de o estónio ter passado a época passada com a M-Sport Ford. Tänak venceu nove ralis com o construtor coreano entre 2020 e 2022. Agora pretende fazer história e conquistar a primeira coroa de pilotos para a marca, tendo anteriormente conquistado o título ao volante de um Yaris em 2019.
O belga Thierry Neuville, cinco vezes vice-campeão do campeonato, lidera o ataque do i20 N Rally1 com Tänak, enquanto o atual campeão do WRC2, Andreas Mikkelsen – de volta ao nível mais alto do WRC pela primeira vez desde 2019 – regressa esta semana para pilotar o terceiro carro da equipa. Irá alternar a condução com o espanhol Dani Sordo e o finlandês Esapekka Lappi ao longo da época.
vai ser muito interessante de seguir a luta interna pela primazia dentro da equipa entre Ott Tanak e Thierry Neuville e Cyril Abiteboul já disse que ambos vão partir em total igualdade de circunstâncias, mas que lá mais para a frente, dependendo de onde estiver cada um, se verá como vai ser. Aqui o curioso será ver Tanak ou Neuville a ajudar o colega a lutar pelo título…
A M-Sport Ford conta com uma formação muito jovem, sem pilotos de ponta, com Adrien Fourmaux e Grégoire Munster a disputarem campanhas completas a bordo dos Puma Rally1. O francês Fourmaux regressa a tempo inteiro ao Rally1 com a M-Sport, depois de ter competido no WRC2 – a principal categoria de apoio do WRC – em 2023, enquanto 2024 marca a primeira época completa de Munster no topo dos ralis, tornando-o o primeiro luxemburguês a conseguir o feito.
Sem pressão, os dois pilotos têm como missão fazer o melhor possível e aproveitar as ‘guerras’ à sua frente para conseguir ficar bem colocados, mas em teoria não se vislumbram grandes feitos. Basicamente, a equipa aposta no futuro, pois a experiência é fundamental, mas nenhum deles parece ser um sobredotado…
O Rali de Monte Carlo deste ano tem vários pontos muito interessantes, a começar logo pela perspetiva de Ogier poder vencer pela 10ª vez no Rallye Monte-Carlo, nas estradas próximas do local do seu nascimento, perto da cidade anfitriã de Gap. Depois do shakedown de hoje, o rali começa na Praça do Casino, no Mónaco, na quinta-feira à tarde, e os concorrentes enfrentam 17 troços de velocidade que cobrem 324,44 km antes do final da tarde de domingo no centro do Mónaco.
FOTOS @World/André Lavadinho