F1: Alpine melhora sistema de gestão de energia da unidade motriz para 2024
A Alpine tenta encontrar formas de conseguir recuperar alguma da desvantagem da unidade motriz da Renault para os motores adversários, até porque não se chegou a qualquer decisão em sede de Comissão de F1 sobre possíveis mecanismos para a convergência de desempenho. Apesar do desenvolvimento dos motores estar ‘congelado’ até 2025, a Renault trabalha num novo sistema de gestão de energia para a sua unidade, podendo desenvolver software uma vez por ano.
O facto de não se ter alcançado um compromisso na Comissão de F1 sobre possíveis soluções para a convergência de desempenhos de todas as unidades motrizes – que prejudicou a Alpine uma vez que o motor Renault que equipa os monolugares franceses podem ter um défice entre os 20 e os 33 cv de potência, comparativamente com os concorrentes – levou o antigo chefe de equipa Otmar Szafnauer a considerar que foi quebrado o acordo de cavalheiros que estava em vigor desde a permissão dada à Red Bull para continuar a utilizar os motores da Honda. Além disso, Szafnauer avisou que esta diferença de desempenho “vai manter-se provavelmente até 2026”, altura em que a Fórmula 1 abraça um novo conjunto de regulamentos para as unidades motrizes, resultando numa outra geração de motores.
Ainda assim, os franceses afirmam estar em cima desta questão, trabalhando para diminuir o défice e apontando a um elemento em particular: uma mais eficaz recuperação de energia.
Segundo Bruno Famin, a unidade motriz do fornecedor francês recupera menos energia do que os adversários e por isso é importante desenvolver um novo software, que espera ser homologado pela FIA para a temporada de 2024, que permitirá reduzir a diferença, apesar de não eliminar o défice por completo, uma vez que a nível de hardware não são permitidas grandes intervenções, de acordo com o regulamento em vigor.
“Continuamos a melhorar a unidade motriz. É verdade que, de um modo geral, não podemos alterar o hardware [a parte física], mas uma vez por ano podemos alterar o software. Podemos homologar um software por ano e estamos a trabalhar bastante para homologar um novo software para a época de 2024”, disse Famin, citado pela edição italiana do Motorsport.com.
O responsável da Alpine considera que o software em desenvolvimento “vai ajudar-nos a melhorar a gestão da energia”, uma vez que parte do desempenho de toda a unidades “depende também da energia que se consegue recuperar e libertar através do MGU-K”. É neste componente da unidade que os franceses identificaram “claras deficiências”. Famin revela que “recuperamos menos energia do que os nossos adversários. Estamos a trabalhar nisso, não vamos conseguir reduzir a diferença, mas vamos continuar a trabalhar na gestão da energia para nos aproximarmos”.
Este trabalho de desenvolvimento, que tenta aproximar a unidade motriz da Renault em relação aos seus concorrentes sem que exista qualquer limitação por parte da FIA a estes últimos, choca com o trabalho que é realizado a pensar na próxima geração de motores, os de 2026. Desde 2022 que o regulamento foi aprovado e todos os fabricantes estão a alocar recursos para as futuras unidades. “Já decidimos afetar todos os nossos recursos às unidades motrizes de 2026. Conhecemos as regras das novas unidades desde julho de 2022, altura em que foram oficialmente publicadas. Todos os fabricantes têm estado a trabalhar nas novas unidades motrizes desde então, atribuindo mais recursos à medida que avançam. Nós já estamos a dedicar os nossos recursos à próxima geração”, esclareceu Bruno Famin, comprovando as duas frentes que a fábrica da Renault em Viry-Châtillon se dedica atualmente.
Foto: Martin TRENKLER