Balanço do WRC: Kalle Rovanperä no ‘Clube dos 9’
Sebastien Loeb, 9; Sebastien Ogier,: 8; Juha Kankkunen: 4; Tommi Makinen: 4; Massimo Biasion: 2; Marcus Gronholm,: 2; Walter Rohrl,: 2; Carlos Sainz: 2 e agora Kalle Rovanpera: 2, são os nove pilotos que têm mais do que um título no WRC. O finlandês é o mais recente ‘membro’ de tão restrito clube…
FOTOS @World/André Lavadinho
Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) asseguraram o seu segundo título Mundial de Ralis, um enorme feito para o jovem piloto finlandês que voltou a ser o mais forte numa época em que teve um pouco mais de dificuldades que em 2022, mas nunca deixando a dúvida sobre quem seria o campeão, com maior ou menor dificuldade.
Com este feito, igualou nomes míticos como Miki Biasion, Marcus Gronholm, Walter Rohrl e Carlos Sainz, todos, também eles bicampeões do mundo, com uma grande diferença: nenhum deles o conseguiu aos 23 anos.
Rovanpera tornou-se desta forma o mais jovem membro de um clube exclusivo de pilotos com múltiplos títulos de ralis mundiais.
O ano teve várias boas histórias, infelizmente uma muito má, a morte de Craig Breen nos testes para o Rali da Croácia. Há muito para contar a começar com a história da rivalidade interna da Toyota, um dos muitos pontos de discussão de uma época memorável, mas também há outros aspectos positivos. Foi uma época de altos e baixos, frustração, alegria, maus e bons momentos.
A Toyota ganhou nove dos 13 ralis, a Hyundai dois e a M-Sport outros dois.
Nos pilotos, Kalle Rovanpera, Elfyn Evans e Sebastien Ogier, obtiveram três triunfos cada um, face a dois de Thierry Neuville e Ott Tanak.
Os pilotos da Toyota somaram 20 pódios, os da Hyundai, 15 e da M-Sport/Ford, apenas quatro. Neuville somou os mesmos pódios de Rovanpera, oito, mas o finlandês somou bem mais pontos.
Na falta de fiabilidade e também nos erros, a Hyundai bateu a Toyota, já que os seus pilotos desistiram oito vezes face a três dos nipónicos.
Rovanpera venceu 72 troços, mais 32 que Neuville e só isso diz muito das razões porque foi campeão. A Toyota venceu 150 troços, mais do dobro dos homens da Hyundai, 66, e mais de quatro vezes mais que os homens da M-Sport.
Os ralis mais rápidos foram a Finlândia, 125,56 km/h logo seguido da Suécia, 123,85 km/h e Estónia 115,51 km/h. Portugal foi o rali com mais inscritos, 82, mais oito que o Monte Carlo, quase o triplo do Safari, México e Japão. O rali mais extenso do ano foi o Safari, naturalmente, mas na Europa foi Portugal, um pouco acima do Monte Carlo.
Filme do ano
Rali de Monte Carlo: triunfo de D. Sébastien IX, o melhor de sempre no ‘Monte’
Sébastien Ogier (Toyota GR Yaris Rally 1) ‘vingou’ a derrota de 2022 e assegurou a sua nona vitória no Rali de Monte Carlo, tornando-se no piloto mais vitorioso na prova monegasca. Kalle Rovanpera (Toyota GR Yaris Rally1) foi segundo, depois de um rali em crescendo e a fechar o pódio, ficou Thierry Neuville (Hyundai i20 N Rally1), que lutou muito, mas não teve carro para mais.
Fez-se história na 91ª edição do Rali de Monte Carlo com o nono triunfo de Sébastien Ogier. Estava empatado com Sébastien Loeb, desde o ano passado, mas nesta edição o francês esteve quase imparável nos primeiros dois dias, geriu bastante no terceiro, e confirmou o seu nono triunfo na prova no quarto, mostrando que, se quisesse, ainda estava a lutar por títulos no WRC.
Diz-se muitas vezes que o WRC precisa de heróis, e Sébastien Ogier deixa claramente uma marca muito forte na disciplina, com as suas 56 vitórias e oito títulos.
Neste rali, com um carro, o Toyota GR Yaris Rally1, que se mostrou novamente um passo acima da concorrência, cedo se percebeu que seria muito difícil batê-lo nesta prova e embora se notasse que estava ‘marcado’ pelo furo que sofreu o ano passado e que ‘entregou’ o triunfo a Sébastien Loeb, este ano Ogier tudo fez para se manter longe dos riscos. E assegurou uma vitória clara.
Do lado da Hyundai, só mesmo Thierry Neuville conseguiu dar um ar da sua graça, no terceiro dia, vencendo dois troços, com isso logrou conseguir manter afastado Elfyn Evans (Toyota GR Yaris Rally1) que vinha em recuperação depois do furo que sofreu no segundo dia e que o atrasou na classificação, assegurando um pódio, que é menos do que esperava, mas o melhor que podia, já que ficou absolutamente claro que os Toyota começaram o campeonato mais fortes que os Hyundai e a Ford. Pelo menos nesta prova, na Suécia, logo se verá. Dani Sordo e Esapekka Lappi estiveram muito abaixo do que se esperava, especialmente o espanhol, pelo que têm muito que pedalar se quiserem ajudar a equipa a recuperar o título de construtores.
Quanto à M-Sport/Ford, sabia-se que Ott Tanak precisava de tempo para se adaptar ao Ford Puma Rally1 e que a partir daí a sua categoria faz o resto, mas ficou a perceber-se que o caminho pode ser mais longo do que o que se pensava. É verdade que Tanak sofreu cedo problemas com a direção assistida do carro, mas o que fez antes já não augurava que lhe fosse possível melhor que um pódio. Com os problemas que teve, terminou em quinto.
O que faltou neste Monte Carlo foi a emoção e incerteza que só a neve e o gelo conseguem proporcionar, onde se pode entrar num troço dois minutos atrás e sair dois à frente. Nada disso sucedeu, foi apenas um rali de asfalto, como muitas vezes já sucedeu no Monte Carlo e as regras hoje em dia tramam muito organizadores como o ACM. Se pudessem fazer uma prova com bastantes mais quilómetros, as probabilidades que tinham de haver neve um pouco mais a norte, dariam outro ‘salero’ à prova.
Rali da Suécia: Triunfo de Ott Tanak no regresso da Ford
Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) venceram o Rali da Suécia, naquela que foi a primeira vitória da Ford no WRC em 385 dias. Craig Breen/James Fulton (Hyundai i20 N Rally1) terminaram em segundo, na frente de Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), mas os planos da Hyundai saíram furados…
Este ano, a Ford tinha piloto para vencer ralis a época toda e não só a espaços, e a Hyundai, já desde o meio do ano passado que encetou uma recuperação face ao atraso que tinha há um ano, e teve condições para vencer ralis e obter resultados bem melhor que em 2022, tal como atestavam os dois carros no pódio. Mas a história não seria tão linda como até aí…
Na M-Sport, se as coisas corressem como deviam, poderíamos voltar a ter um WRC como por exemplo no ano de 2018, em que todas as equipas venceram provas e o campeonato de pilotos terminou com pilotos de três equipas nos três primeiros lugares, alternância que também sucedeu nos lugares secundários. Isso seria o mais interessante para os adeptos, emoção, competitividade. O WRC só tinha a ganhar com isso. Mas este início de campeonato foi sol de pouca dura…
Na M-Sport/Ford a última vitória tinha sido com Sébastien Loeb no Monte Carlo de 2022, e este regresso aos triunfos de Tanak pela Ford era um bom sinal.
Na Hyundai, que terminou no pódio, diversas condicionantes impediram que chegassem mais cedo à luta pelo triunfo, mas ficaram sinais claros que a equipa tinha carro e pilotos para vencer.
Curiosamente, dois carros no pódio, mas não como a equipa desejava. Craig Breen/James Fulton (Hyundai i20 N Rally1) penalizaram 10 segundos no final da PE17, de modo a que Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) passassem para a sua frente, mas um erro do belga na Power Stage, atirou de novo para trás do seu companheiro de equipa, e nova penalização estava fora de causa. Desta forma, Breen regressou aos bons resultados com a Hyundai, depois de um ano muito difícil com a M-Sport/Ford.
Quarto posto para Kalle Rovanpera, depois de um rali bem diferente do ano transato em que conseguiu vencer, mesmo com uma má ordem na estrada no primeiro dia de prova.
A última vez que a Toyota não teve qualquer carro no pódio, foi no Rali da Acrópole do ano passado, sendo que a única outra vez que isso sucedeu foi na Sardenha, em 2022.
Este foi um rali bem diferente do ano passado em que a equipa terminou em primeiro, terceiro e quarto. No entanto, isto não significava que a Toyota estivesse mais fraca, longe disso, mas sim que o equilíbrio era bem maior.
57ª vitória de Sébastien Ogier, 7ª no Rali do México
Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) venceram pela sétima vez o Rali do México, uma prova em que a Ford baqueou em quase toda a linha e a Hyundai esteve na luta pela liderança até ao despiste de Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1).
O Mundial de Ralis regressou ao México e aos pisos de terra, numa prova em que os Rally1 experimentaram pela primeira vez os troços em altitude. Os pilotos notaram bem as diferenças, mas isso não afetou em nada a competição pois foi igual para todos.
Era grande a expetativa quanto à competitividade dos Rally1 na terra, já que era esse o tipo de piso da maior parte das provas, mas se ficámos a saber que Toyota e Hyundai estavam a um nível semelhante, já a Ford tivemos que esperar, pois tudo o que se passou deixou imensas dúvidas, e alguma desconfiança ‘negativa’. Que infelizmente se confirmou duma forma inesperada…
No rali, e aproveitando bem a sua ordem na estrada, Ogier e Lappi depressa foram para a frente, começando desde cedo a cavar uma margem para os restantes perseguidores. Ao cabo de dois troços na sexta-feira já Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), estavam a 9.3s do líder, na altura, Lappi, com Ogier apenas a 0.8s.
Esta tendência manteve-se, e acentuou-se à tarde, com Lappi e Ogier num jogo do gato e do rato, ora se aproximando ou afastando. Terminaram o dia separados por 5.3s com o piloto da Hyundai na frente, enquanto o terceiro lugar de Evans já estava a 30.1s do líder.
Aí, já se desenhava também uma luta que se manteve até ao fim do rali entre Evans e Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), que depois de começar mal o rali, com dificuldades na tração, muito também devido à sua ordem na estrada, o belga foi melhorando e depois de estender a luta durante todo o rali, terminou em segundo…
Quem cedo se atrasou foram Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1), cuja ordem na estrada, segundos atrás de Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) no início do rali, piorou quando o estónio teve problemas com o turbo e se atrasou muito.
O piloto da Ford perdeu uma imensidão de tempo e Rovanpera deixou logo claro que este era um rali impossível de vencer, e talvez até de um bom resultado. O quarto lugar foi mesmo um mal menor…
A Dani Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1), sucedeu algo semelhante, pois a dupla espanhola nunca conseguiu andar bem, sem com dificuldades em agarrar bem o i20 Rally1 ao chão escorregadio. Sordo perdeu confiança e foi atrasando-se terminando muito longe da frente.
Com tudo isto, percebeu-se que os Toyota e Hyundai estão equilibrados nos pisos de terra, vai ser muito mais nos detalhes a luta nas restantes sete provas em pisos de terra do ano, na inspiração dos pilotos, do que nas diferenças competitivas dos carros, o que é bom sinal. Contudo, no caso do Ford, fica para ver no Rali de Portugal, porque nesta prova Tanak, para lá do problema que teve, nunca deu grandes sinais que o carro está competitivo, tendo muitas dificuldades ao longo de todo rali, o que é muito mau sinal para o campeonato.
O triunfo da Ford na Suécia foi prometedor, mas a fiabilidade tramou a M-Sport e Tanak no México.
Elfyn Evans vence Rali da Croácia, o rali mais triste do ano…
Foi, como se esperava, um final de rali muito emocionante para todos, com Craig Breen a ser lembrado pelos seus colegas, sem exceção. Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), regressam aos triunfos ano e meio depois, e com eles Rui Francisco Soares, o engenheiro português do piloto.
Numa prova em que Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) e Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) cedo ficaram arredados da luta pelo triunfo, devido a furos, Evans foi para a frente, e apesar da pressão crescente de Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1), também pequenos problemas mecânicos no Ford, por exemplo o mau funcionamento do travão de mão no segundo dia, e a constantes referências do piloto estónio à falta de consistência do carro e performance, não permitiram que chegasse mais longe, alcançando no entanto um importante segundo lugar.
Terceiro lugar para uma muito emocional dupla, Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1), algo que era perfeitamente compreensível face ao que sucedeu na semana anterior, com a morte de Craig breen num acidente nos testes para a prova croata.
Foi a muito custo que a equipa decidiu marcar presença na Croácia, e só depois de consultada a família e o navegador de Craig Breen, James Fulton, sendo desejo de todos que a Hyundai honrasse o piloto marcando presença, que seria certamente o que ele desejaria que acontecesse.
Ainda por cima, a Hyundai esteve por intermédio de Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) em boa posição para prestar a melhor homenagem possível, que seria a vitória na prova, mas um despiste do belga no segundo dia quando liderava, impediu que isso sucedesse. Inclusive, Neuville até pediu desculpa à equipa, porque sabia da importância que teria essa vitória para o espírito de todos.
Kalle Rovanpera terminou em quarto, na frente de Sébastien Ogier, sendo o máximo que conseguiram recuperar com os atrasos que sofreram, no caso de Ogier ainda com mais uma penalização de 1m10, 60 segundos por terem apertado mal os cintos depois de troca da roda com o pneus furado e no dia seguinte, com um problema mecânico que tiveram de resolver na ligação chegando um minuto atrasados a um troço.
Kalle Rovanpera vence o Rali de Portugal
Kalle Rovanpera venceu o Rali de Portugal pela segunda vez consecutiva, chegando finalmente aos triunfos em 2023. Tinha estado a fazer um campeonato apagado, mas aqui realizou uma fantástica exibição deixando a concorrência a ‘milhas’. Dani Sordo levou o seu Hyundai ao segundo lugar, depois de uma prova em que a Hyundai terminou com dois carros no pódio, mas nunca teve andamento para contrariar o finlandês. Esapekka Lappi foi um apagado terceiro classificado, Thierry Neuville teve problemas mecânicos e terminou em quinto, atrás de Ott Tanak, que teve mais uma prova cheia de problemas. No WRC2, depois da penalização de Oliver Solberg pelos piões em Lousada, Gus Greensmith venceu por…1.2s!
Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) venceram pela segunda vez consecutiva do Rali de Portugal, alicerçando o triunfo nos dois primeiros dias de provas, em que começaram por ter um ritmo que lhes permitiu manterem-se à tona no difícil primeiro dia de prova em que eram os segundos na estrada com as dificuldades que isso trazia, mantiveram-se sempre perto da frente, tanto na mais difícil manhã do primeiro dia, como à tarde, chegaram à liderança da prova ainda no primeiro dia, na segunda passagem por Góis, alargando depois a margem que no final do dia se cifrava em 10.8s no final da super-especial da Figueira da Foz.
Um trabalho notável, que trataram de melhorar bem mais já que logo no primeiro troço do segundo dia, Vieira do Minho, converteram os 10.8s de avanço em 24.1s, ficando claro que se com a desvantagem de rodar muito cedo na estrada os ‘travava’ um pouco, sem esse handicap, basicamente pulverizaram a concorrência. No final da manhã de sábado tinha 52.4s de avanço, no final do dia, 57.5s. Cedo os adversários perceberam que nada havia a fazer e se não tivesse azares ou cometesse algum erro, Rovanpera venceria facilmente, o que aconteceu, com muita gestão no dia decisivo.
Atrás de si, os três carros da Hyundai nunca conseguiram sequer esboçar uma tentativa de reação. Basicamente, no final de Vieira do Minho 1, a Hyundai percebeu que não haveria muito a fazer e as suas três duplas entretiveram-se a lutar entre si no sábado, que começou com Daniel Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1) 15.2s na frente de Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) com Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1), 1.3s mais atrás, na altura anda com Pierre-Louis Loubet/Nicolas Gilsoul (Ford Puma Rally1), com os franceses a desistirem em Amarante 1, ao bater e a perder uma roda. Lappi ainda passou Neuville, mas no fim do dia as posições já se tinham trocado, só que no domingo, os belgas tiveram problemas e caíram para a quinta posição atrás de Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) e pouco havia a fazer para reverter a situação. Certamente que Cyril Abiteboul iria fazer descer Dani Sordo do pódio, para lá colocar Neuville, e talvez mesmo Lappi na quarta posição, mas nada disso sucedeu.
Dani Sordo bem tentou reagir a Rovanpera, mas não conseguiu, e até o deixou fugir ainda mais quando falhou um cruzamento em Mortágua e perdeu uma mão cheia de segundos mais. Depois disso, manteve o ritmo, nada mais. Neuville queixou-se sempre muito do equilíbrio do carro, especialmente a traseira, não tinha confiança na aderência do carro para fazer mais, mas com o contratempo mecânico, nem o pódio, que estava à vista, conseguiu.
Esapekka Lappi perdeu alguma confiança no México com o acidente, mas não deveria ser no Rali de Portugal que recuperaria muito dessa confiança porque este rali nunca lhe sorriu muito. Não fez a prova do ano passado, foi sétimo em 2021, desistiu 2019, foi quinto em 2018, não é este tipo de rali em que sobressai mais, mas sim nos mais rápidos, todos os que forem mais parecidos com a sua Finlândia. Fez uma prova mediana, sem grandes fogachos, mas também sem erros de monta.
Ott Tanak continua a fazer provas cheias de problemas e com isso continuamos a vê-lo em classificações que não se coadunam com o andamento que sabemos ter. Foi quarto no Rali de Portugal porque Neuville teve problemas no último dia. antes, chegou a liderar a prova em Góis 1, manteve-a em Arganil, mas na Lousã 2 furou e caiu para sétimo, zona da classificação onde teve dificuldades de sair, até porque depois vieram outros problemas.
Voltaram os problemas com o equilíbrio do carro nos troços rápidos de Vieira do Minho e Amarante, onde se queixou da suspensão, depois ainda perdeu o travão de mão e no domingo ficou sem sistema híbrido.
Rali da Sardenha: Thierry Neuville dá 1º triunfo à Hyundai em 2023
Depois de quatro vitórias da Toyota e uma da Ford, eis que a Hyundai se estreou a vencer em 2023, e logo com uma dobradinha, com Thierry Neuville e Esapekka Lappi a aproveitarem bem o erro de Sébastien Ogier, que saiu de estrada quando liderava. O Rali da Sardenha foi uma boa prova, muito equilibrada até ao momento chave, deixando a certeza que o campeonato pode ser bem mais aberto este ano do que foi o ano passado. Pena é que a M-Sport/Ford tardasse em conseguir dar a Ott Tanak o carro que este precisa para lutar pelos triunfos. Desta feita o estónio voltou a ficar mal classificado depois de nova prova cheia de pequenos e grandes problemas.
Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) venceram o Rali da Sardenha, um triunfo merecido depois do belga atacar na altura certa. É verdade que teve a sorte de Ogier sair de estrada e Lappi tirado o pé, mas a verdade é que depois das dificuldades que teve no primeiro dia de prova, chegou a estar a 30.2s de Ogier, no final da PE4, sempre com problemas de aderência.
Quando corrigiu a afinação, começou a recuperar terreno e terminou o primeiro dia já a 18.6s do líder, na altura Lappi. No sábado, entrou ao ataque, venceu dois troços seguidos, mas viu a sua recuperação travada pelo ataque de Ogier.
Nessa altura voltou a ficar a 27.7s, mas a partir daí foi sempre a recuperar, até que aproveitou o troço menos bom de Ogier, para passar a margem de 20.0s para 7.4s, sendo que logo a seguir o francês saiu de estrada e Lappi ‘abrandou’ o seu ritmo demasiado, permitindo a Neuville passar para a frente do rali, e logo com 23.8s de avanço para Lappi. O rali estava resolvido. E assim foi, pois mais nada se passou nos lugares da frente até ao fim do rali…
Sébastien Ogier vence pela 2ª vez Rali Safari, Toyota três vezes 1-2-3-4…
Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) venceram o Rali Safari, depois duma bela luta com Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1), o que redundou no mais equilibrado Safari de sempre. Esta foi uma prova em que a Ford ‘não existiu’ e a Hyundai teve mais uma vez problemas de fiabilidade nos seus carros, pelo que quem aproveitou foi a Toyota para conseguir novo 1-2-3-4.
Ogier alcançou a sua terceira vitória em apenas cinco provas disputadas, mas o seu rali quase se desfez na segunda especial de domingo, quando um pedaço da infame vegetação ‘fesh-fesh’ do Quénia fez com que o seu GR Yaris ficasse fora de controlo numa curva à direita.
O francês, que estava a lutar arduamente para recuperar o tempo perdido para Rovanperä na especial de abertura do dia, embateu numa árvore e arrancou toda a asa e porta traseira do seu carro. Surpreendentemente, venceu a especial e recuperou todo o tempo, tendo depois remendado o fosso utilizando um saco do lixo para manter o pó afastado na especial seguinte, Hell’s Gate 1.
No entanto, as reparações mais permanentes na assistência não acabaram com o drama, uma vez que as quatro equipas dos Yaris terminaram a penúltima especial com os motores sobreaquecidos devido ao pó. Ogier, um dos mais afetados, viu a sua vantagem ser reduzida para apenas 9,2 segundos antes da Power Stage, onde a prestação do oito vezes campeão do mundo foi novamente sem incidentes, chegando ao final com um para-brisas rachado, ficando a prova que tudo pode acontecer até chegar ao controlo final.
Kalle Rovanperä ficou em segundo e com isso aumentou a sua liderança no campeonato, colocando-a em 37 pontos após a sétima ronda de 13 previstas.
Rali da Estónia: não parecia, mas foi ‘apenas’ a 2ª vitória do ano para Rovanpera
A Toyota e Kalle Rovanperä somavam e seguiam, com mais um triunfo, o sexto do ano em oito provas, e o segundo do finlandês que se destaca ainda mais no campeonato. Thierry Neuville bem tentou no segundo dia, mas o jovem finlandês não lhe deu a mais pequena hipótese e no derradeiro lugar do pódio ficou Esapekka Lappi, que manteve Elfyn Evans à distância, não lhe permitindo recuperar. Depois do menos bom resultado no Quénia, novo duplo pódio para a Hyundai.
Foi um bom rali, excelente troços, algumas queixas dos pilotos face ao excesso de salto ‘manufaturados’, com intervenção humana e não naturais, que complicaram em algumas situações devido ao seu número excessivo e em alguns casos, mais perigosos.
De resto, a Toyota mantinha o seu claro domínio em termos de performance, a fiabilidade já era menos um problema para os Hyundai, que não conseguiam, no entanto, andar ao nível dos Toyota e por fim a Ford, com Ott Tanak a ‘perder’ o rali mesmo antes deste começar com um motor partido no shakedown e os respetivos cinco minutos de penalização.
Ott Tanak venceu vários troços na sexta-feira, deixando ideia que poderia lutar pelo triunfo de uma melhor forma que Neuville, mas nada havia a fazer e depois de Tanak mostrar na 6ª feira o que poderia andar, nos dois dias seguintes limitou-se a rolar.
Kalle Rovanperä /Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) tiveram um primeiro dia mais complicado, pois foi incumbido de varrer estradas de terra soltas durante a etapa matinal, mas produziu tempos consistentes regressando à assistência a meio do dia no segundo lugar da geral, a apenas 6,8 segundos da liderança. Depois, teve um início de tarde arrebatador, imprimindo o ritmo nas repetições das especiais de Peipsiääre e Mustvee, conquistando a liderança, depois de aproveitar a chegada da chuva, que acabou com a desvantagem de abrir a estrada.
Elfyn Evans venceu pela 2ª vez o Rali da Finlândia
Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) venceram o Rali da Finlândia, triunfaram igualmente na PowerStage e com o abandono de Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) reduziram para 25 pontos o atraso no campeonato. Sétima vitória do galês no WRC. Segundo lugar para Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), que não ia ao pódio na Finlândia há 10 anos. Grande terceiro lugar para Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), que obteve o mais saboroso pódio da sua carreira no WRC.
Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) venceram a segunda prova do ano e pela segunda vez o Rali da Finlândia, depois duma prova em que os principais favoritos, Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) e Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) baquearam cedo, o primeiro por aparatoso despiste quando liderava o rali e o segundo, devido a um problema mecânico com o motor do Ford Puma Rally1, deixando quem menos se esperava na luta pelo triunfo, que acabou por sorrir a Evans, que não deu a mais pequena chance a Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1).
A dupla belga, quando Rovanpera ficou de fora, estava a 10.9s da frente e depressa atacou Evans, chegaram a estar a 6.9s do piloto da Toyota, mas depois da passagem pela assistência a meio do dia de sexta-feira, a Toyota ajustou o carro e Evans não voltou a olhar para trás terminando o segundo dia de prova com um avanço de 32.1s, que levou até ao fim do rali, realizado uma boa operação de campeonato.
Thierry Neuville bem tentou, mas entre ele e o carro não tem sido possível juntar argumentos para dar luta à Toyota. O ano passado uma primeira metade de ano muito mau do lado da Hyundai permitiu à Toyota um avanço inalcançável tanto nos Pilotos como nos Construtores, mas este ano, com a Hyundai melhor, o resultado acabou por ser exatamente o mesmo.
Nove provas, sete triunfos da Toyota, um da Hyundai, outro da Ford.
Na Ford, a mesma ‘sorte’, mas de formas diferentes. Logo na manhã de 6ª feira, depois de terminarem o primeiro troço e ficarem a 0.4s da liderança, na especial seguinte, o abandono, com o motor a deixar apeados novamente Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1).
Rali da Grécia: 3º triunfo do ano para Kalle Rovanperä
Nesta altura, já restavam muito poucas dúvidas relativamente a quem seria de novo, o Campeão do Mundo de Ralis. Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) que venceram o Rali da Grécia, triunfando pela terceira vez este ano, voltavam a ganhar pontos à concorrência, em alguns casos, muitos, e a três provas do final da época, era só uma questão de tempo até que, matematicamente tudo ficasse resolvido.
É verdade que teve sorte com os abandonos ou atrasos, de Thierry Neuville e Sébastien Ogier, mas passou incólume todas as armadilhas da prova e estava no sítio certo à hora certa, para vencer…
Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), o mais direto perseguidor, teve problemas muito cedo na prova, um furo lento, ficando desde logo com bem menos possibilidades de vencer, mas fora esses problemas fez uma boa exibição, por exemplo um bom forcing para chegar ao segundo posto, o que conseguiu, um resultado que é o seu segundo melhor do ano (depois do triunfo na Finlândia) mas que não chegou para repetir o feito.
Terceiro lugar para Dani Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1) que já não corria desde o Rali Safari, conseguindo aqui o seu segundo pódio do ano (o primeiro foi o 2º lugar em Portugal) naquela que foi a sua sexta prova da temporada.
WRC: Ott Tanak voou para a vitória no Rali do Chile
Pela primeira vez em cinco anos, a M-Sport/Ford venceu mais do que um rali no mesmo ano. Depois do triunfo na Suécia, Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1 Hybrid) venceram o Rali do Chile depois de uma prova em que não só mostraram sempre estar muito fortes, como souberam fazer as melhores escolhas nos momentos cruciais do evento, triunfando categoricamente na prova chilena, curiosamente, novamente o estónio, ele que também tinha sido o vencedor em 2019 na outra vez que a prova se realizou no WRC. Só que na altura, com a Toyota.
Depois 2017 (5 triunfos) e 2018, com quatro, todos de Sébastien Ogier, que a M-Sport/Ford fazia uma longa travessia do deserto. Não venceu qualquer rali em 2019, 2020, 2021, e triunfou no arranque dos Rally1 com Sébastien Loeb no Rali de Monte Carlo de 2022. Nesse ano, nada mais.
Este ano, novamente com Ott Tanak na equipa, novo triunfo, agora na Suécia, e desta feita, o segundo triunfo da época, no Chile.
Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai I20 N Rally1 Hybrid) acabaram o rali no segundo lugar um resultado bem melhor do que a exibição no início da prova, muitos problemas com a falta de aderência, e com isso foi-se a confiança. Na PEC6 perdeu o sistema híbrido e fez toda a restante etapa sem ele. Furou na PEC7 e terminou a manhã a 15.2d de Suninen, em terceiro.
Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1 Hybrid) terminaram no lugar mais baixo do pódio, mas os problemas que a Toyota teve com os pneus atrasou-os muito e com isso ficaram a uma distância impossível de recuperar em condições normais.
No primeiro dia, Evans apesar da luta pela aderência, completou o dia a 8,5 segundos de Suninen, em terceiro, na altura ainda na luta pelo triunfo nas a manhã de sábado acabou com as esperanças da Toyota pois uma má escolha de pneus macios para o ‘loop’ tramou toda a equipa.
Rali da Europa Central: 2º triunfo do ano para Thierry Neuville e Hyundai, Kalle Rovanpera bicampeão do mundo
Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) confirmaram o triunfo no Rali da Europa Central, o seu segundo do ano para si e para a Hyundai. Segundo lugar para Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) que com este resultado asseguraram matematicamente o segundo título Mundial de Ralis, um enorme feito para o jovem finlandês que voltou a ser o mais forte numa época em que teve um pouco mais de dificuldades que em 2022, mas nunca deixando a dúvida sobre quem seria o campeão, com maior ou menores dificuldades.
Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) terminou no pódio um rali extremamente apagado, em que cedo começou a andar para trás, terminando a quase dois minutos da frente.
Rali do Japão: terceira vitória do ano para Elfyn Evans
Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) venceram o Rali do Japão com a Toyota a colocar três carros no pódio e quatro no top 5. Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) foram segundos numa prova que ficou condicionada pela saída de estrada que tiveram logo no primeiro dia, com Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) em terceiro num rali em que também cedo se atrasaram.
Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1) foram quartos num rali que não lhes correu bem, devido à falta de confiança na intempérie de 6ª Feira.
Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) terminaram mal uma época e que estiveram longe das boas exibições na grande maioria das provas, a maioria por culpa do carro e da equipa, mas noutras, também por sua.
Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) voltaram para vencer a PowerStage, mas o erro quando perseguiam Evans, tramou-os.
Fica feito o filme de mais um ano em que Kalle Rovanpera mostrou que em termos de rapidez não tem adversários. O jovem campeão cometeu os seus erros, a ordem na estrada foi atrasando a sua primeira vitória, que conseguiu em Portugal, ou seja teve em teoria mais dificuldades, mas os adversários não tiveram acima de tudo, performance para sequer chegar perto de Rovanpera, basta olhar para o número de vitórias em troços.
Agora, Rovanpera só compete em metade das provas, em 2024, pelo que tudo deixa prever que o campeonato será bem mais equilibrado, mas resta esperar para ver, se o Dream Team da Hyundai consegue finalmente o título de Pilotos, ou se Elfyn Evans aproveita agora para conseguir o seu.
Com Rovanpera e Ogier a partilhar o terceiro carro, provavelmente só mesmo perto do fim o campeonato se irá definir melhor, mas pelo menos interessante, deverá ser.
Venha o Rali de Monte Carlo 2024…