F1: ao lado de Max Verstappen, todos os outros parecem maus, mas não são…

Por a 4 Dezembro 2023 11:38

Alex Albon conhece bem Max Verstappen. Foi a seu lado na Red Bull em 2019 e 2020 que quase perdia para sempre um volante na F1. Depois de um ano sabático de 2021, a Williams deu-lhe nova oportunidade e desde aí que percebemos que Albon é um bom piloto…que não parecia ao lado de Verstappen.

Mas esse é um problema, que provavelmente todos os pilotos da grelha sofreriam, como está agora a sofrer Sergio Pérez. Ao lado de Verstappen, todos os outros parecem maus, mas não são…

Desde que no início de 2016, Max Verstappen substituiu Daniil Kvyat na Red Bull, que depressa começou a ‘torrar’ colegas de equipa. Em 2016, naturalmente, Daniel Ricciardo sobrepôs-se, voltou a fazê-lo em 2017, mas já por pouco, mas esse era apenas o começo, porque em 2018 já não foi assim, e em 2019 já Riccairdo tinha rumado a outras paragens.

Veio Pierre Gasly, que hoje em dia todos identificamos como um bom piloto, durou meia época ao lado de Verstappen, veio Alex Albon, ainda em 2019, durou até 2020, veio Sergio Pérez em 2021, fazer de ‘Ministro da Defesa’ e ficar a mais de 200 pontos do seu colega de equipa. Todos sabemos o que tem sido a vida de Pérez na Red Bull.

Mas Alex Albon explica agora um pouco das razões disso suceder, embora provavelmente a explicação se faça de forma bem mais simples: é de longe o melhor piloto de F1 dos últimos anos, é certamente um dos melhores da história da F1 e talvez até venha a ser o melhor de todos os tempos. Isso explica bem porque ‘torra’ colegas de equipa…

“É de encher os olhos”, começa por dizer Alex Albon, que falou sobre o tempo que passou ao lado de Max Verstappen na Red Bull revelando os elementos-chave que tornam o estilo de condução do atual tricampeão mundial tão único. Albon passou uma época e meia como companheiro de equipa de Verstappen, depois de ter sido promovido da Toro Rosso (agora AlphaTauri) a meio da sua campanha de estreia em 2019 e de ter mantido o seu lugar em 2020.

No entanto, tendo lutado para igualar o ritmo e a consistência do holandês durante esse período, Albon foi ‘despromovido’ para um papel de piloto de reserva em 2021, levando-o a procurar outro lugar na sua tentativa de voltar à grelha de F1, o que conseguiu na Williams em 2022.

Numa aparição no High Performance Podcast, co-apresentado pelo ex-apresentador da BBC F1 Jake Humphrey, o agora piloto da Williams olhou para trás em sua passagem turbulenta pela Red Bull e destacou exatamente o que faz Verstappen funcionar: “A primeira coisa é que muitas pessoas dizem que o carro foi construído em torno dele, ele é como o Michael Schumacher na Ferrari, ele criou esta equipa à sua volta”, começou Albon ao discutir como era ser companheiro de equipa de Verstappen.

“Na verdade, o carro é o que é, ele é muito rápido, por isso o que acaba por acontecer é que ele tem um estilo de condução único, e não é assim fácil de conviver com isso.

Toda a gente tem um estilo de condução, eu diria que o meu estilo de condução é um pouco mais suave, mas gosto de um carro que tenha uma boa frente, por isso, bastante incisivo e direto. O Max também gosta, mas o seu nível de condução é totalmente diferente – é extremamente incisivo.

“Para dar às pessoas uma explicação do que se sente, se aumentarmos a sensibilidade [num jogo de computador] ao máximo e movermos o rato e ele disparar por todo o ecrã, é mais ou menos essa a sensação. Torna-se tão nítido que nos deixa um pouco tensos”.

Albon continuou explicando que, à medida que a temporada avança e os carros evoluem, cria-se um efeito ‘bola de neve’ que aumenta ainda mais a pressão sobre o piloto do carro ao lado do de Verstappen.

“O que acabou por acontecer foi que, especialmente durante o meu ano, começas a ficar um pouco para trás, mas não muito, e então, à medida que a temporada avança, Max quer essa frente no carro, ele quer que seu carro seja mais incisivo”, disse o piloto anglo-tailandês.

“À medida que o carro fica cada vez mais preciso, ele fica cada vez mais rápido e, para o apanharmos, temos de começar a correr um pouco mais de riscos. Podemos estar uns décimos atrás numa sessão, tentar um pouco mais, ‘OK, saí, tive um acidente’, e temos de recomeçar.

“Depois perdemos um pouco a confiança, é preciso um pouco mais de tempo, a diferença aumenta ainda mais e, da próxima vez que tentamos fazer outro trabalho, [é] outra volta ou outra coisa qualquer – começa a ser uma bola de neve. Cada vez que o carro se torna mais incisivo, começamos a ficar mais tensos.

“É como em qualquer desporto, se começamos a não estar naquele estado de fluidez e temos de pensar muito sobre o assunto, e de cada vez que entramos numa curva não sabemos como o carro vai reagir, não temos esse tipo de… É puramente a confiança no carro, a fluidez. Não funciona, nunca funciona”.

Desde o seu período como companheiros de equipa, Verstappen conquistou três títulos mundiais de F1, superando o rival da Mercedes Lewis Hamilton em 2021 e dominando em 2022 e 2023, enquanto Albon reavivou a sua carreira na Williams, guiando a equipa para um sétimo lugar na classificação dos construtores deste ano.

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