F1, Max Verstappen: Um campeão à antiga?

Max Verstappen tem dominado dentro de pista. As suas prestações não deixam margem para dúvida, assim como os recordes que tem batido. Mas o seu domínio não se limita à pista, por muito que se foque apenas nisso. Max Verstappen também se tem tornado um “campeão fora de pista”.

Quando se fala em falta de pilotos com caráter forte, Verstappen, à sua maneira, tem mostrado uma postura muito típica de outros tempos, sem medo de falar, de exprimir o que pensa, sem grande receio das consequências.

Verstappen sempre foi assim, mas o tricampeonato terá levado essa postura a outro nível desde 2021, com uma frontalidade que por vezes é mal recebida. Mas é a mesma frontalidade que se via noutros tempos, em que as estrelas da F1 diziam o que pensavam, num mundo que era bem diferente do atual. Verstappen sabe que é uma figura pública e tudo o que diz tem um peso cada vez maior, mas ele não se coíbe de dar a sua opinião.

Numa entrevista ao The Telegraph, Verstappen falou dessa postura frontal, como a que assumiu em Las Vegas e como acredita que essa é a melhor forma de estar:

“É sempre muito fácil dizer ‘Não te devias queixar, porque olha para o dinheiro que ganhas’. Mas quem é que se importa com o dinheiro que se ganha? O que importa é dizer o que pensamos e falar sobre o que achamos que está certo ou o que precisa de ser resolvido no desporto. Não me interessa se ganho 2 milhões ou 100 milhões de dólares. Quero dar sempre a minha opinião. Foi assim que cresci. É assim que penso que também trabalhamos como equipa. Não me interessa se é o grande chefe ou o segurança local. Para mim é indiferente. Devemos sempre ser capazes de dizer o que pensamos. E as pessoas devem ser capazes de aceitar críticas. Porque, se não souberem aceitar críticas, não vão evoluir como pessoas”.

Pode-se gostar ou não, mas Verstappen tem pouco de politicamente correto, num mundo onde isso se pode tornar perigoso e onde isso pode ser usado contra si. Mas, mantendo-se fiel aos seus princípios, Verstappen segue irredutível nesse caminho. E isso é bom para o espetáculo. É bom para o desporto ter personagens fortes, interessantes que despertem paixões… e até ódios. Verstappen sabe que não é consensual, mas caminha como se isso não importasse minimamente, focando-se apenas no que acontece na pista dizendo o que acha. Verstappen nasceu, cresceu e vive para as corridas, esse é o seu principal foco e defende isso com unhas e dentes. É talvez o piloto mais “old school” da nova geração e apesar da F1 atual nem sempre receber isso bem, é bom teremos isso. É bom que as estrelas assumam o seu papel sem medos e que tornem o espetáculo ainda maior.