A dinastia de domínio que desgasta a Fórmula 1…

Por a 2 Dezembro 2023 11:27

Stefano Domenicali, Diretor Executivo da Formula One Management, F1, mostra-se esperançado apesar da queda das audiências televisivas. É a habitual ‘conversa’ política dos responsáveis de toda e qualquer empresa, quando que têm de produzir declarações a tentar explicar momentos menos bons da sua atividade.

É o que se passa atualmente com as audiências da Fórmula 1, a causa está perfeitamente identificada, e o pior é que não há nada que todas a entidades que gerem a competição, FOM e FIA, possam fazer, pois é o intenso domínio da Red Bull e de Max Verstappen que está a fazer cair as audiências da F1.

Olhando para o aspeto desportivo, os adeptos estão a assistir a momentos que vão ficar registados a letras douradas na história da F1, por outro lado, num mundo em que todas as disciplinas do desporto motorizado vivem em competição, não só umas com as outras, mas como todo um ‘mundo’ de interesses que o público divide a sua atenção.

Hoje em dia, um adepto de F1, exceção a um ‘hard-fan’, muda de canal pouco depois da partida de um qualquer Grande Prémio, se Max Verstappen já se destacou na frente, pois já sabe que pouco ou nada podem fazer os adversários.

Os picos de audiências do fim de semana de Abu Dhabi 2021 deveram-se a uma enorme quantidade de adeptos que depois de perceberem que algo estava a acontecer, a grande maioria durante a corrida, levaram a que muitos do que não viam F1 habitualmente fossem ‘mordidos’ pela curiosidade suscitada pela luta Verstappen/Hamilton e Red Bull/Mercedes. Muitos deles ficaram…

Agora, com os pequenos textos, imagens, vídeos, Reels, Stories, a atenção da generalidade das pessoas varia muito, e é enorme a percentagem das que não está a ver apenas uma coisa, mas sim a navegar por várias ao mesmo tempo, e nesse contexto é muito difícil prender as pessoas aos ecrãs (há muito que não se diz somente TV, porque o desporto pode ser visto de muitas formas).

Ainda mais quando uma equipa ganha 21 dos 22 GP do ano e um mesmo piloto ganha 19.

É nesse contexto que Stefano Domenicali diz estar confiante de que a Fórmula 1 será palco de uma luta mais competitiva pelo campeonato do mundo em 2024. Pudera, não pode ele dizer outra coisa…

De acordo com a agência noticiosa DPA, as audiências da F1 caíram de forma alarmante, 20% na audiência televisiva no tradicional, mas difícil, mercado alemão.

Como é óbvio, não foi igual em todo o lado. ainda há dias escrevemos um artigo em que é referido que nos EUA a ESPN bateu todos os recordes. CLIQUE AQUI

https://www.autosport.pt/formula1/f1/formula-1-nos-eua-espn-bateu-quase-todos-os-recordes/

Claro que não é a mesma coisa em todo o lado, por vários motivos, mas em termos globais não temos a mais pequena das dúvidas que os responsáveis da Liberty Media estão preocupados, pois muito menos audiência significa muito menos dinheiro.

Agora, com os regulamentos a permanecerem os mesmos em 2024, não se esperam grandes diferenças no próximo ano e quando se parte duma plataforma em que a mesma equipa ganha 21 dos 22 Grandes Prémios, a máquina de fazer dinheiro que é a F1 começa a ’emperrar’.

Claro que a F1 está sólida, o seu problema não é a putativa falta de dinheiro, mas sim o que pode ser o efeito bola de neve se o domínio continuar por muito mais tempo.

E mais uma vez, não há nada que a Liberty Media, muito menos a FIA, possam fazer, senão dizer algo semelhante ao que Domenicali diz agora, ou seja, esperar ‘milagres’ vindos das outras equipas…

Convém não esquecer que as equipas estão agora limitadas no que podem gastar para recuperar o atraso, devido ao limite orçamental, em que tudo é controlado ao ‘milímetro’.

Portanto, podemos esperar outro ano de fácil domínio da Red Bull, em 2024. Mas Domenicali agarra-se às tábuas de salvação que pode neste momento: destaca o que a McLaren fez na segunda metade de 2023, em que mostrou ser possível melhorar o carro e dar muito mais luta à Red Bull. E mais não disse. O seu argumento, o exemplo, é a McLaren.

Depois, destaca que em Abu Dhabi, os 20 carros ficaram a menos de um segundo na qualificação. É verdade. Mas na corrida, um carro que não é desenvolvido desde o verão, o Red Bull RB19, venceu com o maior à vontade possível com 17.993s de avanço. E não foi preciso forçar…

Quando mais para a frente se olhar para as audências globais da F1, não se deve ver um filme tão ‘negro’ como mostra a queda de 20% das audiências na Alemanha, pois por exemplo nos EUA talvez tenha sido o contrário, mas a capitalização dos anunciantes que a F1 ganhou nos últimos anos arrisca-se a inverter-se fortemente.

O melhor que podia acontecer à F1 era, de repente, surgirem grandes pilotos chineses, indianos, e um norte-americano que andasse na frente. Pois é, não vai acontecer…

Esta dinastia de domínio vai desgastar a F1, está a desgastar as audiências, por isso vamos ver se temos um campeonato muito diferente em 2024. A probabilidade é baixa, mas pode acontecer.

E vamos ver também o que o filme de F1 com Brad Pitt pode fazer, sendo difícil que faça, sequer algo parecido com o que fez a Netflix, um efeito que também está a desaparecer aos poucos…

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