“A Fórmula 1 tem que se preocupar fortemente com Max Verstappen”
A frase do título deste artigo é de Barton Crockett, um analista de pesquisas da Rosenblatt Securities, que é de opinião que a Fórmula 1 tem que se preocupar fortemente com Max Verstappen. O analista não se refere especificamente ao domínio que o piloto da Red Bull tem presentemente na F1, mas sim também ao ‘filme’ global de como as coisas funcionam hoje em dia, que vai muito para lá do espetáculo em pista.
Barton Crockett assegura que o neerlandês pode ‘matar’ a Fórmula 1 devido à combinação das duas coisas, o domínio imparável do piloto em pista e da sua pouca ou nenhuma apetência para ser estrela nas redes sociais.
No tempo do domínio da Mercedes e dos seis títulos de Lewis Hamilton, a que se acrescenta o que já trazia da McLaren antes de chegar à Mercedes, neste caso não só o piloto inglês sempre foi muito mais ativo nas redes sociais a vários níveis, como também a Mercedes não só teve bem mais luta interna, por exemplo o título de Nico Rosberg em 2016, como externa, exceção feita a uma ou duas épocas. Por fim, também pela importância crescente das redes sociais no que ao retorno que dão às respetivas competições diz respeito.
É óbvio que a perspetiva com que se olha para esta questão, por parte da grande maioria das pessoas é muito simples. Os que são adeptos do neerlandês a primeira coisa que dizem é que “no tempo do Hamilton não se escreviam artigos assim”, a segunda é “é lidar…”, os que estão no outro lado, depois de esgotarem o tema Abu Dhabi 2021, tentam encontrar 1001 desculpas…
Já os adeptos que se distanciam do fanatismo, dividem-se mais entre os que sentem estar a testemunhar excelência histórica que será falada daqui a 80 anos, como se falta ainda hoje em dia ainda de Juan Manuel Fangio, ou de Alberto Ascari, outros, que adormecem a meio das corridas, e que têm melhores coisas para fazer do que ver corridas que já se sabe quem vai ganhar.
Todos têm a sua quota de razões, mas o que disse este personagem da Rosenblatt Securities é um facto resultante duma análise: um domínio destes, a prolongar-se muito no tempo é um sério risco para o negócio.
Publicamente, os dirigentes da F1, incluindo o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, e o diretor executivo da F1, Stefano Domenicali, têm-se mostrado corajosos em relação ao domínio, insistindo que os fãs estão a ter o privilégio de assistir a uma verdadeira lenda da F1 em ação.
O que é totalmente verdade. Que ninguém duvide disso.
Mas o que eles não dizem, porque não podem dizer é o que provavelmente sentem verdadeiramente: a Mohammed Ben Sulayem não fará tanta diferença pois é o presidente da FIA, mas o diretor executivo da F1, Stefano Domenicali, já lhe afeta muito mais o domínio porque isso significa desinteresse de demasiados adeptos e a continuar assim a F1 arriscar a perder todos os que ganhou em 2021 e perder mais uns quantos…
E não há nada que a FIA ou a F1 possam fazer. Se pudessem fariam. Mas não podem.
A única coisa que podem fazer é o que estão a fazer, pedir às pessoas que olhem para o copo meio cheio, e esqueçam o meio vazio…
Numa entrevista recente à famosa revista Time, Max Verstappen confessou evitar os holofotes da fama, prefere uma vida tranquila, e isso contrasta totalmente com as expectativas da grande maioria dos fãs, especialmente os das redes sociais.
E isto vai ter implicações financeiras na F1. Até aqui, ainda não se notou muito, mas as contas finais desta época talvez já mostrem alguma coisa. Para já, apesar do domínio de Verstappen, a Fórmula 1 continua a ter um crescimento substancial nas receitas, mas receia-se que a F1 não cresça mais por causa desse domínio e da pessoa que é Max Verstappen: “Não desejo poder sair com estrelas de cinema famosas. Eu assisto a outros desportos, mas não há nada que realmente me apaixone.”
Agora lembrem-se de quem é Lewis Hamilton e dos holofotes com que sempre andou atrás…
Vejam os números das redes sociais e vejam as diferenças.
A F1 não divulga esses números, mas há certamente um declínio nas audiências, e não deve ser pequeno.
Barton Crockett, o analista, acompanha de perto a Liberty Media, ‘dona’ da Fórmula 1, portanto deve saber alguma coisa do assunto, e diz uma frase que é complicada se isso se confirmar num futuro próximo: “Por melhor que Verstappen seja, neste momento ele parece ser o maior risco para o negócio”. Há muita coisa boa que a Liberty tem vindo a fazer que disfarça a queda de audiências, e o GP de Las Vegas da próxima semana é um bom exemplo.
Vamos ver como tudo se processa, para já, Jos Verstappen já disse que o Max pode correr até aos 40, talvez 45. Tem 28, portanto vamos ver. Para já é certo que muito dificilmente a Red Bull perde muito do avanço que tem agora, pois os regulamentos só mudam em 2026, o que pode acontecer é as restantes equipas se aproximarem mais e vermos mais no futuro próximo do que vimos no Brasil com Lando Norris a fazer uma tentativa de ultrapassagem na fase decisiva da corrida. Mas como o próprio admitiu, só podia fazer aquela, senão nem em segundo terminava a corrida.
Até acredito que em 2024 possa haver mais corridas assim por parte de vários protagonistas, o que já não acredito é que a contas finais dos campeonatos tenham outros nomes…
Porque não despedi-lo ou impedi-lo de correr? Seria muito mais interessante. Depois punha-se o Lewis ” social networker” num RB, assegurava-se que em cada circuito ele dizia que amava os fans daquela pista/País e que levava o punho ao coração, contratava-se também um brilhante piloto, que tanta luta deu ao Lewis e que ganhou alguns campeonatos (espera…não, não ganhou nada) como o Bottas, e todos vivíamos felizes para sempre.
A hipocrisia deste artigo, a velada ladainha de alguns cronistas do AS na absoluta protecção do LH e por arrasto das frases acutilantes a desmerecer o Max começa a ser preocupante.