F1: O que falta decidir na época 2023 no campeonato de construtores

Os títulos de 2023 já foram “entregues” e muitos fãs se queixam da falta de interesse no que resta desta temporada. Mas há ainda muito por decidir.

A Red Bull levou tudo, tal como Max Verstappen. O domínio do neerlandês é tal que, com 524, tem mais pontos que a segunda equipa do campeonato, a Mercedes (com 382 pontos). A Red Bull tem neste momento 782, tendo batido o recorde que pertencia à Mercedes de 765 (2016). Mas há ainda muitas lutas interessantes no campeonato de construtores.

Mercedes vs Ferrari

A luta pelo segundo lugar está animada, com a Mercedes na vice-liderança do campeonato (382 pontos), em luta contra a Ferrari (362 pontos). A diferença de vinte pontos é facilmente anulável e tanto a Mercedes como a Ferrari já mostraram argumentos para conseguirem este objetivo. Curiosamente, são as duas equipas que mais altos e baixos têm demonstrado ao longo da época. De corrida para corrida temos visto variações, por vezes significativas, de performance, o que torna a tarefa de eleger um favorito muito mais complicada. Mas olhando para a progressão dos pontos ao longo do ano, a Mercedes esteve sempre na frente e tem em Lewis Hamilton o seu grande trunfo, com George Russell em baixo de forma. Do lado da Ferrari, Charles Leclerc tem alternado bons momentos, com momentos menos conseguidos e muitos momentos de azar. Carlos Sainz tem sido um pouco mais regular e até conseguiu a única vitória “não-Red Bull” deste ano, mas sem conseguir fazer a diferença de forma significativa para a Scuderia. A dupla da Ferrari parece ligeiramente mais forte no seu conjunto, nesta fase (contando com as performances menos conseguidas de Russell), mas Hamilton tem feito a diferença na Mercedes. A Ferrari conseguiu seis poles este ano (4 de Leclerc e 2 de Sainz), contra apenas uma da Mercedes (Hamilton) e ambas as equipas têm sete presenças no pódio (seis de Hamilton, uma de Russell contra quatro de Leclerc e três de Sainz). Tudo muito equilibrado, mas com o favoritismo a cair ligeiramente para a Mercedes.

4º, 5º e 6º lugares praticamente definidos

O meio da tabela parece estar definido até ao fim do ano. A McLaren está no quarto lugar, depois de uma recuperação espantosa, com 282 pontos, mais 21 pontos que a Aston Martin. Apesar das distâncias serem praticamente iguais às que vemos entre a Mercedes e a Ferrari, aqui o cenário é diferente. A McLaren está numa fase muito boa, podendo ser considerada a segunda equipa mais rápida da atualidade, enquanto a Aston Martin tem andado perdida na busca do melhor compromisso ao nível da aerodinâmica e da afinação do seu monolugar. A prestação no Brasil foi boa, mas nada nos garante que a Aston Martin, que procura um rumo para 2024, tente outras ideias que possam afastar a equipa dos melhores lugares. Já a McLaren, a cada pista que visita, parece ir com pouca confiança num bom resultado, mas destaca-se pela qualidade das suas prestações. Mais ainda, a dupla Lando Norris / Oscar Piastri, apesar da juventude, parece ser mais forte que a dupla Fernando Alonso / Lance Stroll, com Stroll a ser o elo mais fraco desta equação. Olhando às circunstâncias da corrida passada e à história recente das duas equipa, a McLaren parece a favorita. A Alpine com 108 pontos, está bem segura no sexto posto, sem risco de cair e sem possibilidade de melhorar.

Williams vs AlphaTauri pelo sétimo posto

É a mais recente luta que anima as contas da F1. A Alpha Tauri parecia longe do sétimo posto, mas a sequência de três corridas (EUA, México e Brasil) sorriu à equipa de Faenza, que conquistou 16 pontos. Já a Williams conquistou apenas sete pontos e viu a AlphaTauri aproximar-se. Neste momento, a Williams tem 28 pontos contra os 21 da AlphaTauri. Nas contas individuais, Alex Albon é destaque, com 27 pontos conquistados, contra 13 de Yuki Tsunoda, seis de Daniel Ricciardo ( em seis corridas) e um ponto de Logan Sargeant. Albon parece ser o piloto em melhor forma, mas Tsunoda e Ricciardo estão agora mais confortáveis no AlphaTauri, recentemente atualizado. Logan Sargeant é o elo mais fraco da Williams e com um piloto do nível de Albon, a estrutura britânica poderia ter já a questão resolvida.

Com esta aproximação, a AlphaTauri parece a favorita a conseguir o sétimo. Tem dois pilotos em boa forma e rápidos (apesar da inconsistência de Tsunoda), um carro que parece agora mais competitivo. Do lado da Williams, as últimas corridas não têm sido tão boas. E há um fator a ter em conta: a AlphaTauri conta apenas com dois abandonos enquanto a Williams conta com quatro, dois deles por falhas mecânicas. A fiabilidade tem sido boa este ano, mas a unidade motriz Honda parece ligeiramente mais forte que a Mercedes neste capitulo. Assim, a AlphaTauri tem vantagem na dupla de pilotos, na fiabilidade e nas performances recentes. A Williams arrisca perder o sétimo lugar. Essa queda poderá custar nove milhões de dólares à equipa de Grove, o que poderá precipitar a saída de Sargeant, que não conseguiu dar à equipa o suficiente para garantir o sétimo posto.

Alfa Romeo vs Haas pelo nono lugar

A luta pela fuga ao último lugar também está quente. A Haas tem passado a maioria da época no nono lugar, mas a Alfa Romeo conseguiu dar um salto importante no GP do Catar e está agora acima da Haas. A Alfa Romeo tem 16 pontos contra 12 da Haas. Valtteri Bottas tem 10 pontos conquistados, contra nove de Nico Hulkenberg, enquanto Zhou Guanyu tem seis pontos contra três de Kevin Magnussen. Tudo relativamente equilibrado no que diz respeito aos pilotos. As prestações das equipas também estão mais ou menos equilibradas. A Haas implementou uma nova atualização que não resultou como pretendiam e a Alfa Romeo conseguiu algumas melhorias nas suas mais recentes atualizações, mas nada que faça de facto a diferença. A Haas apenas conquistou um ponto desde o GP da Grã-Bretanha (jornada dez) enquanto a Alfa Romeo conquistou sete no mesmo intervalo. Não é fácil atribuir o favoritismo a uma das equipas, mas a Alfa Romeo segue à frente e por isso tem um ligeiro favoritismo. Nas contas da fiabilidade, a Alfa Romeo (quatro abandonos por falhas mecânicas) parece em desvantagem (duas desistências por falhas mecânicas). Esta luta vai ser muito renhida.

Foto abertura: Rudy Carezzevoli/Getty Images / Red Bull Content Pool