F1: Deve a Alpha Tauri manter Yuki Tsunoda?

Yuki Tsunoda esteve perto de conseguir um resultado importante para a sua equipa no GP do México, mas acabou por terminar fora dos pontos, depois de uma manobra mal gizada por parte do piloto japonês. Olhando para o que Tsunoda tem feito e evoluído ao longo da sua carreira na F1, as dúvidas sobre o potencial do jovem japonês adensam-se.

Yuki Tsunoda entrou na F1 em 2021, conseguindo um nono lugar logo na sua primeira corrida, no Bahrein. Parecia o arranque de uma bela carreira, mas 60 corridas depois a história é bem diferente. A sua primeira época foi de altos e baixos, começando bem, o que levou a um relaxamento desmesurado do jovem japonês, que pensou que a F1 era mais fácil do que parecia. Enganou-se e pagou o preço, com prestações abaixo do esperado, o que levou a equipa a enviá-lo para Itália, para mais perto da equipa e do chefe, Franz Tost, para o disciplinar. Tratava-se claramente de um caso de falta de foco e não de falta de talento. 2021 acabou com o melhor resultado de Tsunoda até agora, um quarto lugar em Abu Dhabi.

2022 acabou por correr bem pior, com a equipa a ter dificuldades em encontrar o rumo com a nova regulamentação. Em 2023, depois de dois anos com Pierre Gasly, com quem criou uma relação pessoal forte, o japonês enfrentou pela primeira um novo colega de equipa. Nyck de Vries, de quem se esperava muito, desiludiu e Tsunoda parecia ter finalmente encontrado a maturidade que precisava para ter sucesso. De Vries foi despachado, veio Daniel Ricciardo, que se lesionou, abrindo a porta Liam Lawson, que fez um trabalho estupendo. Ricciardo regressou e parece estar a regressar à velha forma. O desafio de Tsunoda é grande, mas o japonês continua a dar tiros nos pés. Contra Lawson ficou a perder e contra Ricciardo começa mal.

O GP do México foi um dos melhores exemplos disso. Tsunoda estava a ter um bom fim de semana, tendo em conta que ficou de fora do TL1 para dar o lugar a Isack Hadjar. O fim de semana foi em crescendo até chegar ao confronto com Oscar Piastri, que acabou com Tsunoda a fazer pião e a perder a vaga no top 10. Mais uma vez, a impetuosidade e a falta de sangue-frio de Tsunoda custou pontos.

No final da corrida, o japonês apontou o dedo aos comissários:

“Eles adoram as equipas de topo”, disse ele após a corrida. “O ritmo do carro era tão bom quanto esperávamos. Quero dizer, mostrámos um bom desempenho no sábado, por isso é uma pena que tenha acabado assim.”

Olhando para a manobra, custa ver como os comissários poderiam ter penalizado Piastri. Tsunoda foi demasiado agressivo, estando muito mais rápido que o McLaren. Era uma questão de tempo até conseguir a ultrapassagem. Este incidente levanta uma questão difícil: será que Tsunoda vai encontrar a maturidade que necessita para dar asas ao seu talento a tempo?

Tsunoda é rápido, tem tudo para ser um excelente piloto… menos a estrutura mental. Comparando com Lando Norris, que é da sua idade (apesar de ter mais duas épocas na F1) estamos a falar de dois pilotos com posturas completamente diferentes. Mesmo Piastri, com 21 anos, estreante na F1, a postura dentro e fora de pista é completamente diferente.

Rumores já apontaram divergências entre Christian Horner e Helmut Marko, com o primeiro a querer dispensar Tsunoda, enquanto Marko quer manter o piloto, por força do acordo e da relação com a Honda. Mas com Liam Lawson no “banco de suplentes” faz alguma confusão como Tsunoda pode ainda ser opção.

Tsunoda podia ser um caso sério na F1, mas enquanto não encontrar a serenidade necessária e a maturidade para enfrentar a pressão da pista, dificilmente conseguirá mostrar o muito que pode fazer.