WRC: Pilotos e equipas querem provas mais compactas, menos ligações e mais descanso

Por a 22 Setembro 2023 14:42

Há muito tempo que os pilotos e navegadores do WRC, e ainda mais as estruturas globais das equipas do Mundial de Ralis se queixam dos horários das provas que são cada vez mais extensos, obrigando, não poucas vezes, a muito poucas horas de sono para mecânicos, engenheiros, todos os que suportam a ‘máquina’ do Mundial de Ralis.

E o cansaço tem-se vindo a acumular ao longo dos anos, há perguntas que fazemos a esse respeito ano após ano e a perceção que fica é que as coisas pioraram muito nos últimos anos.

Quem dá mais a cara no meio disto tudo são os pilotos e navegadores. Sendo verdade que são eles que têm a maior responsabilidade nas mãos, de levar e trazer o carro e especialmente eles próprios incólumes e com saúde, o cansaço começa a ser grande.

Por isso, ficou agora a saber-se que os pilotos do WRC pressionam por um calendário de provas mais compactas, sabendo que a Comissão do WRC se prepara para discutir as alterações de formato para o próximo ano, 2024.

E o que significa provas mais compactas?

Algumas das queixas passam pelo tempo que os concorrentes passam na estrada versus os quilómetros de troços que fazem. Este olham para as coisas do seu ponto de vista, os organizadores de outro.

Do ponto de vista do jornalista que ouve as duas partes, as organizações escolhem os troços que entende serem melhores em termos desportivos para os eventos, dentro das limitações que tem dos regulamentos e dos meios financeiros.

É sempre um equilíbrio e o bom é inimigo do ótimo.

Por exemplo, a luta do ACP para ir há alguns anos para ir à zona centro, é um bom exemplo. Os concorrentes fazem muitos quilómetros, mas disputam dos melhores troços que há para fazer ralis deste nível.

O que os concorrentes não percebem é que é muito difícil com os atuais cadernos de encargos das provas do WRC, ter uma base que tenha quartos para cerca de uma semana para milhares de pessoas, e que essa base, como é hoje em dia Matosinhos no caso português, com o grande Porto ali ao lado, e seja um bom ponto central, como é, para ir à zona de Fafe e Cabreira, Amarante, Serra do Marão. com o arranque competitivo do rali na Serra do Açor, o ACP resolveu-a com a dormida da caravana em Coimbra. E Matosinhos ainda permitiria voltar à zona de Viana do Castelo, se fosse preciso, para além de que não faltam troços que poderiam ser feitos, para lá dos que já são, no Rali de Portugal, nas zonas em que atualmente vai a prova. Falta de troços é algo que Portugal não tem. Portugal é quase uma exceção, e as soluções encontram-se. Mas as equipas, e especialmente as duplas pilotos e navegadores querem mais.

O que estes querem é uma relação de quilómetros de ligações versus quilometragem das especiais melhor, ou seja, querem muito menos ligações e não se importam de ter mais quilómetros de troços, pois aí é que está verdadeiramente o seu trabalho. E que os dias sejam menores para terem mais descanso…

Um exemplo que já sucede no Rali de Portugal, e que já existiu em várias provas do Mundial é bem capaz de se tornar bem mais habitual: assistências remotas. Por exemplo, mudar somente pneus entre as duas passagens de Arganil, é complicado e este é um dos casos em que ter uma assistência ali pelo meio era ouro sobre azul.

E se calhar o epílogo desta questão é passar a ter parques de assistência centrais menos vezes visitados pela caravana, que eventualmente passar a ter muito mais assistências remotas.

Perde-se um parque de assistência a meio do dia no Quartel General da prova, mas ganham outras zonas que passam a ter muito mais animação.

Claro que tudo isto tem de ser gerido entre o Promotor, a FIA e as equipas, porque hoje em dia não de perto nem de longe o Quartel General de uma prova do WRC é só um Parque de Assistência, pois existem normalmente uma enorme feira à volta e sem lá irem as equipas a meio do dia, perde-se isso. E o dinheiro que isso dá.

Parques de Assistência remotos é uma boa forma de reduzir muito as ligações, e também o próprio dia de prova, pois se a assistência for perto dos troços, poupa-se muito tempo e isso pode ‘tirar-se’ ao fim do dia.

Vamos ver como tudo evolui, percebe-se que os pilotos se estejam a queixar, mas quando tudo isto for ponderado, não se esqueçam dos organizadores, pois esses não são tidos nem achados quase para nada e depois têm faturas para pagar, como por exemplo sucedeu com as novas regras dos Rally1 híbridos que obrigou a dispender muito dinheiro às organizações, porque os bombeiros tinham que ter equipamento especial para as eventuais intervenções. Acham que foram os bombeiros que pagaram esse equipamento? Claro que não. Este é um exemplo, há muitos mais.

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1 Comentário
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Focus F1
Focus F1
1 ano atrás

Também acham que as associações de bombeiros deveriam estar a pagar por material que, à data, apenas iria ser utilizado numa prova de rally? Qual seria a associação a aceitar esse (elevado) encargo financeiro?

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