Cla Crusader (1971/1974): O barco que, afinal, é um carro…

Por a 8 Abril 2023 09:17

Existiram muitos derivados do Hillman Imp ou, simplesmente, carros montados em volta da mecânica do Imp. O Clan Crusader é um desses casos. Ou melhor: uma soma bem conseguida dos dois.

Foram produzidos, entre 1971 e 1974, 310 exemplares que, curiosamente (como quase tudo o mais no Hillman Imp…) tiveram mais procura depois da fábrica ser vendida e desmantelada.

O Clan Crusader tinha uma carroçaria tipo “sport” de duas portas, em fibra de vidro e a sua mecânica estava baseada na do Hillman Imp Sport, incluindo o motor Coventry Climax de 875 cc, montado na traseira. O carro deixou de ser produzido em 1974, mas nunca foi esquecido, a tal ponto que, em 2009, Matin Phaff, que ficou célebre com o Ginetta, decidiu ressuscitar o Clan Crusader.

Praticamente desconhecido em Portugal, Manuel Veloso Amaral, como indefetível do IMP e da sua história, sabia obviamente da sua existência e não descansou enquanto não trouxe um exemplar para as nossas pistas. E outro que tem em casa, na varanda, em estado impecável:

“O Crusader era quase um IMP. Tinha tudo dele, até a mesma distância entre eixos! É apenas 30 quilos mais leve e isso não se nota muito, mas tem que ser mais rápido, pois tem um CX muito mas favorável. Só que, para minha grade mágoa, ainda não consegui com ele fazer os mesmos tempos do IMP!” Uma curiosidade sobre o seu Crusader: “Era o carro do parque de Imprensa e, por isso, tenho os recortes de todos os ensaios que os jornalistas fizeram ao carro, nessa altura, quando ele saiu!”

O Clan Crusader nasceu nos estiradores de um grupo de antigos empregados da Lotus, liderados por Paul Haussauer. Começou a ser produzido, em pequena escala, no Verão de 1971, numa nova fábrica em Washington, no condado escocês de Durham. A monocoque, em fibra de vidro e contraplacado, foi feita por Brian Luff, um dos responsáveis pelo Lotus 72 de F1 e era muito leve mas, ao mesmo tempo, muito forte: “Podia ter nascido um barco, nasceu um carro.” – explica Veloso Amaral. “O Crusader não tem chassis, não tem ‘charriot’, não tem ‘sub-frame’. Pega tudo na carroçaria, na fibra ou no contraplacado. Parece tudo muto frágil, e é. O segredo para a segurança está em termos um bom ‘roll bar’…” As suspensões, tal como o motor e a caixa de velocidades, eram oriundas do Imp. O Clan Crusader foi rapidamente considerado como um carro ulra-ágil, capaz de aceitar mais potência sem causar problemas de maneabilidade ou rigidez estrutural. O seu “deisgn” distintivo tornou-o depressa num “must”, muito procurado mas, ao mesmo tempo, um pouco raro.

O Clan Crusader depressa se tornou mais rápido e competitivo que o Hillman Imp, com o seu motor uma simples árvore de cames à cabeça e 875 cc, de 51 cv, capaz de atingir os 160 km/h. O Clan foi vendido completo ou em “kit” e, quando a companhia fechou portas, em Novembro de 1973, tinham-se fabricado 310 unidades, numeradas, mas muitas mais foram depois vendidas, em peças ou mesmo incompletas, a diversos interessados, que depois as acabaram… em casa. Isso significa, hoje em da, que muitos dos Clan existentes possam ser apenas réplicas ou meras derivações, “personalizadas” a gosto, do Crusader original.

Hélio Rodrigues, In Memoriam

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