GP da Austrália F1: Nada parou Max Verstappen
Max Verstappen foi o vencedor incontestável do Grande Prémio da Austrália, mas não foi exercício perfeito para o holandês que teve de contar com alguma sorte do seu lado para assumir o comando e rumar ao seu segundo triunfo da temporada.
O holandês vinha de um segundo lugar frustrante na Arábia Saudita, mas regressou à pole-position, depois dos seus problemas em Jeddah. Porém, o Bicampeão Mundial exibiu a mais pequena margem para os perseguidores da Red Bull deste ano, apenas 0,236s. Mas o que mais ressaltou à vista foi a falta de controlo da situação que o holandês demonstrou, muito embora tenha sido o mais rápido nos três segmentos da qualificação.
As restantes equipas, sobretudo a Mercedes, não encontraram subitamente o ‘caminho das pedras’ rumo à competitividade num circuito que, com quatro zonas de DRS, deveria ser favorável ao RB19, portanto, o factor foi outro.
O mais evidente é o estado da pista que se apresentou bastante menos quente que o esperado, o que juntamente com o asfalto estreado o ano passado, dificultou a vida às equipas. Para além disso, a chuva que caiu nos dois primeiros dias lavou a pista, impedindo que o asfalto ganhasse borracha, exacerbando os problemas que as equipas enfrentam para colocar os pneus na faixa correcta de temperaturas.
Aparentemente, a Red Bull teve mais problemas em colocar as borrachas da Pirelli na janela correcta, o que terá permitido uma aproximação generalizada das restantes equipas.
Mesmo no caso a Ferrari, que à primeira vista parecia mais distante que nas qualificações, anteriores, a sua distância alargada deveu-se aos pilotos, que não optimizaram o potencial que tinham à sua disposição, tendo Carlos Sainz admitido que, sem um erro na Curva 1, poderia estar na primeira linha, muito embora o ‘set-up’ do SF-23 tenha sido feito a pensar na corrida e em proteger os pneus.
Para deixar a Red Bull numa situação ainda mais desconfortável, Sérgio Pérez saiu de pista logo na sua primeira volta lançada da qualificação, o que o atirou para o final da grelha de partida da corrida de cinquenta e oito voltas.
O mexicano já tinha evidenciado alguns problemas com os travões na sessão de treinos-livres de sábado, tendo a equipa estado a trabalhar no seu carro até cinco minutos antes do início da qualificação, o que evidencia que algo não estava bem com o monolugar.
Segundo o próprio piloto, o problema passava por um desfasamento na travagem que variava indesejadamente a equilíbrio da capacidade de travagem de trás para a frente, o que o levava a queimar as travagens, alongando-as em demasia.
Assim, Verstappen encontrava-se com dois Mercedes no seu encalço, com Russell ao seu lado. Perder no arranque para um deles, não seria o ideal, mas era ultrapassável, graças à enorme vantagem que o RB19 tem face aos seus rivais quando abre o DRS. Mas ser suplantado pelos dois, poderia ser um problema.
O pior cenário confirmou-se e, na primeira curva, o holandês estava em terceiro, depois de ser ultrapassado por Russell em aceleração até à primeira curva, e de se ter vergado perante Lewis Hamilton na Curva 3, após uma manobra musculada do inglês.
Verstappen via-se atrás dos dois pilotos da Mercedes e com o heptacampeão mundial na zona de DRS do seu colega de equipa, o piloto da Red Bull, mesmo com potente dispositivo do seu monolugar para diminuir o arrasto, não conseguia colocar-se em situação de suplantar o seu adversário.
Era notório que o carro de Milton Keynes era mais rápido que os dois que seguiam à sua frente, mas Verstappen não tinha como os suplantar.
As trocas de pneus poderiam ser determinantes para o desfecho da corrida, mas a Mercedes tinha a vantagem de poder dividir as tácticas dos seus pilotos, o que colocava alguma pressão sobre a Red Bull, que tinha de contar com a superior competitividade do Red Bull para contrariar a desvantagem estratégica face à sua rival.
Na sétima volta o Safety-Car entrou em pista, devido à saída de pista de Alex Albon, tendo Russell aproveitado a oportunidade, assim como Carlos Sainz, para trocar os médios com que arrancara por duros que o deveria levar até à bandeira de xadrez.
Era uma aposta arriscada, no final da prova o inglês poderia ter problemas com as borrachas da Pirelli, mas era mais uma forma de colocar a Red Bull sob pressão.
No entanto, todas estas manobras foram inconsequentes, uma vez que na volta seguinte, Niels Wittich ordenava a apresentação de bandeiras vermelhas, deitando por terra as aspirações de Russell e Sainz, uma vez que todos os restantes pilotos poderiam trocar de pneus durante a neutralização da corrida.
Hamilton arrancaria para a segunda parte da corrida da primeira posição, tendo ao seu lado Verstappen e conseguiu manter o comando, mas sem o DRS proporcionado pelo seu colega de equipa a sua tarefa seria muito mais complicada.
O que se previu, concretizou-se, na décima segunda volta, quando o DRS ficou activo, Verstappen não teve qualquer dificuldade em ultrapassar o inglês, assumindo o comando para caminhar decisivamente para a sua segunda vitória da temporada, ao mostrar um ritmo que, até então, ainda ninguém tinha alcançado, construindo rapidamente uma vantagem de mais de três segundos.
Só algo de estranho poderia roubar o triunfo ao líder do Campeonato de Pilotos, mas as circunstâncias da corrida levaram a que algo de semelhante pudesse acontecer.
Na quinquagésima quarta volta, Kevin Magnussen bateu na saída da Curva 2, deixando parte do seu pneu em pista, parando o seu Haas alguns metros mais à frente. Parecia que uma situação de Safety-Car seria suficiente para resolver a questão, mas Wittich resolveu, uma vez mais, parar a corrida com bandeiras vermelhas, o que, na prática, implica uma nova partida com os carros parados na grelha de partida.
A apenas duas voltas da bandeira de xadrez, Verstappen estava a exposto a um arranque que poderia ser ameaçador para a sua vitória.
No entanto, o piloto da Red Bull arrancou bem, colocando-se ao abrigo do caos que se viveu atrás de si para garantir a vitória, apesar de nova bandeira vermelha, que na prática terminou a corrida com a classificação que se tinha verificando na terceira grelha de partida, sem os carros acidentados e com as penalizações contabilizadas.
Hamilton assegurou o seu melhor resultado da temporada num fim-de-semana em que a Mercedes parece ter dado um salto competitivo, ficando Fernando Alonso no seu habitual terceiro posto.
A grande perdedora foi a Ferrari – que ficou sem um piloto logo na primeira volta e viu Sainz sofrer uma penalização que o atirou para fora dos pontos, quando um quarto lugar era seguro – não tendo pontuado, apesar de ter mostrado uma melhor capacidade de gestão dos pneus e uma competitividade melhorada relativamente à Arábia Saudita.
No entanto, todos continuam longe da Red Bull que nem mesmo com situações estranhas é derrotada.
A liberty bem tenta tornar a F1 na NASCAR, algum dia vamos ter os prolongamentos e os playoffs… A MotoGP já está no caminho de mandar os pilotos para o hospital, agora a F1 pode seguir o caminho de mandar carros para a reciclagem de carbono.