WRC50, Rallye Monte Carlo 1983: Lancia bate favorita Audi, e é campeã…

Por a 17 Fevereiro 2023 17:42

Contra todas as expectativas, a Lancia fez uma dobradinha no Rali de Monte Carlo de 1983 com Walter Röhrl e Markku Alén a baterem a favorita armada Audi, constituída por Stig Blomqvist e Hannu Mikkola. E os sucessos não ficaram por aqui ao ponto de no final do ano, Röhrl e Alén terem conseguido cinco vitórias entre si, com a Lancia a ser campeã mundial.

A primeira prova da temporada de 1983 do WRC foi, como é tradição, o Rallye de Monte Carlo. Num terreno em que o favorito era a Audi, a Lancia inscreveu três equipas oficiais – Markku Alén/Ilkka Kivimaki (nº 4), Walter Röhrl/Christian Geistdörfer (nº 1), trânsfuga da Opel e campeão do Mundo em título – e Jean-Claude Andruet-“Biche” (nº 7). Além destas, também Francis Serpaggi/Michel Neri (nº 33) correu com apoio da fábrica italiana. Todos eles, estavam ao volante de Lancia Rally 037. No final, para surpresa geral, o resultado foi clamoroso, contrariando tofos os prognósticos: uma “dobradinha” Lancia, com Röhrl na frente de Alén.

A razão era simples: o Rally 037 estava substancialmente mais competitivo, apesar do pouco tempo que os pilotos tiveram para fazer os testes de desenvolvimento. Por outro lado, a edição desse ano do “Monte” não teve a presença da neve nas estradas, coisa que nem sempre acontece… Vencendo 70% das classificativas, ficou ainda na retina o espetáculo dado por Andruet, conhecedor como poucos das estradas locais, depois de se ter quebrado o compressor do seu Lancia, a caminho do 8º lugar em que terminou.

Mas o grande obreiro deste domínio inesperado tem outro nome: Cesare Fiorio, o timoneiro da equipa, apostou num eficiente serviço de batedores, que sinalizaram cuidadosamente todos os perigos nos troços-chave, diminuindo a desvantagem face aos Audi Quattro de tração total. E foi aqui que a marca alemã perdeu tudo, ao acreditar cegamente na vantagem deste tipo de tração, em estradas em que ela não era assim tão evidente… por causa da ausência da neve. Além disso, os mecânicos da Lancia acompanharam com todo o pormenor o desgaste dos pneus traseiros dos Rally 037, substituindo-os mal começavam a dar sinais de fraqueza. Na realidade, a Pirelli, fazendo uso dos seus conhecimentos adquiridos na F1, garantiu à Lancia pneus quase perfeitos, em todo o tipo de poiso – e foi mesmo este o maior segredo para o inesquecível primeiro triunfo do Lancia Rally 037 no WRC: uma mistura mais macia e uma estrutura com um elemento amortecedor acrescentado à carcaça, para evitar as oscilações desta durante as transferências de massas (vulgo, curva e contracurva…). No Monte Carlo, foram dois os tipos de mistura de pneus usados com sucesso: os Y14, particularmente adaptados para o intenso frio noturnos e os PA86, mais duros que os anteriores, para serem usados durante o dia. Com isso, os Lancia Rally 037 foram quase imbatíveis – e não apenas no “Monte”, mas no resto do campeonato. Só para que conste, no Rally de Portugal, que era a seguir, ganhavam entre 1 s e 1,5 s aos seus adversários…

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