C1 Eurocup.: A porta do sonho

Por a 13 Fevereiro 2023 12:40

Para muitos, fazer uma corrida é apenas um sonho. Para outros é um sonho realizado. O caminho para chegar à alta competição é duro e sinuoso, mas para quem quer apenas sentir a adrenalina das corridas, há forma de tornar o sonho realidade de forma simples e o Troféu C1 Learn & Drive da Motor Sponsor é uma das portas disponíveis.

Todo o fã de corridas, mesmo o menos ferrenho, já pensou em experimentar as sensações da competição. O colocar do capacete, entrar no carro, sentir a adrenalina das lutas em pista e da velocidade. E, no fundo, provar que existe algum talento desaproveitado. Mas a envolvência das corridas, os meios necessários e os custos associados afastam sempre as pessoas do sonho. Por vezes, cumprir o sonho pode ser mais fácil do que parece. O exemplo de Carlos Rodrigues mostra que as corridas são um mundo mais acessível do que se pensa. O fisioterapeuta, natural de Baião, é um apaixonado pela sua profissão, mas é igualmente apaixonado pelas corridas. Uma paixão que vem da infância e que ganhou mais peso por altura da pandemia, em que muitos quiseram mudar a sua vida e fazer as coisas de maneira diferente. Carlos Rodrigues quis explorar mais o seu gosto pelas corridas:

“Desde pequeno que costumava ir ver rally e ralicross com o meu pai e os meus tios e claro, Vila Real, desde o regresso, que acompanho a par e passo. Os inícios de tarde de domingo eram sagrados e a família via as primeiras voltas do GP de F1 dessa semana, antes de começar o almoço. Por isso, o gosto pelas corridas vem de há muito tempo. Mas nunca surgiu a ideia de correr, pois parecia algo longínquo e quase inacessível. Com a pandemia, como muita gente, comecei a pensar no que já tinha feito e no que gostava de fazer e as corridas era algo que me faltava. Com isso, comecei a procurar soluções para poder realizar esse sonho. Comecei nos karts. Já em miúdo visitava com alguma frequência algumas pistas de karts para dar umas voltas e com alguma pesquisa encontrei um campeonato no Cabo do Mundo e também um troféu em Baltar. Inscrevi-me nas duas e o “bichinho” começou a crescer desde então. As primeiras vezes não foram fáceis e especialmente no Cabo do Mundo, o nível já era elevado e, nessa altura, caí na realidade. Se com uns amigos dava para dar algumas voltas de avanço, ali, não ficar em último era um desafio. E, apesar das dificuldades, nunca desanimei, até porque via que os tempos não ficavam assim tão longe dos primeiros, mas em provas tão equilibradas, as pequenas diferenças são mais vincadas. Estávamos em 2021.”

Mas os karts começaram a ser pouco para o fisioterapeuta, que com alguma pesquisa, encontrou uma solução interessante para poder dar um passo, passando para os automóveis:

“Continuei a procurar e encontrei a G´S Competizione, equipa do Porto, numa altura em que havia vagas para fazer um track day no Circuito de Braga, com o Citroen C1. A ideia pareceu-me gira e inscrevi-me. Antes disso comecei a fazer simulador também com a mesma equipa, para me preparar da melhor forma. Aquela meia hora em pista foi fantástica, a absorver todo o conhecimento possível. E nesse dia a performance não deve ter sido muito má, pois recebi o convite para fazer uma corrida nos C1, convite que aceitei, como seria de esperar.”

Carlos Rodrigues acabou por dar o salto do virtual para o real, algo muito desejado por muitos. A mudança exigiu alguma adaptação por parte do agora piloto, pois a realidade traz novos desafios:

“A passagem do virtual para o real é um misto de entusiasmo, adrenalina, pois estive sempre do lado de fora e nunca pensei que seria possível estar dentro da pista. E finalmente conseguir estar no real é uma mistura de sentimentos por estar num mundo que sempre admiramos. O receio também está sempre presente e apesar de o virtual ser muito próximo do real, é muito difícil conseguir à primeira travar no mesmo sítio onde se trava nos simuladores, pois essa componente também pesa muito. Nós sabemos onde devemos travar, mas é difícil não o fazer antes. É algo que vai melhorando ao longo do tempo.”

O próximo desafio foi correr na mítica pista do Estoril, palco de tantas grandes corridas, grandes pilotos e grandes máquinas. Um sonho que seria cumprido na última jornada do Troféu C1 Learn & Drive, promovido pela Motor Sponsor e que tem tido grelhas sempre preenchidas desde a sua criação:

“A equipa tratou de quase tudo. Trataram da licença, do equipamento e apenas tive de alugar o capacete. Chegado o dia de ir para a pista foi um momento especial. Apesar de já ter feito um track day no Estoril, foi um momento único entrar numa pista da F1 onde alguns dos melhores pilotos já correram. Confesso que estava muito nervoso inicialmente, mas toda a logística envolve-nos de tal forma, com o trabalho dos mecânicos, que isso se dissipa um pouco. Treinar a troca de pilotos, os abastecimentos… Todos os pormenores contam e é mais a sério do que parece. O nervoso voltou quando tive de entrar para a corrida, mas uma vez dentro do carro tudo passou e acabou por ser positivo, pois consegui andar ao ritmo dos meus colegas de equipa, que eram mais experientes e, apesar de não sermos muito rápidos, fomos muito consistentes, pois em 21 carros, fomos sétimos. As primeiras voltas de qualificação foram um choque, pois fiquei longe dos tempos do simulador, mas rapidamente fui ganhando confiança e chegando ao tempo que queria. Em corrida o maior desafio foi lidar com o tráfego. Ter atenção aos carros mais rápidos, nem sempre é fácil. Perdi muito tempo por estar tão focado em deixar passar os carros sem problemas. Mas foi algo que consegui melhorar na segunda corrida.”

Cumprido esse sonho de correr, veio a vontade de mais e o convite surgiu para participar nas 3h GUPE, também com um C1, pela mesma equipa. Se na primeira corrida o desafio foi entender toda a dinâmica das corridas, na segunda corrida fez-se a consolidação das primeiras lições, especialmente na gestão do tráfego. No geral, duas corridas depois, o balanço não podia ser mais positivo:

“O balanço foi muito positivo e aconselho vivamente a quem gosta de corridas de experimentar. O C1 é muito divertido de conduzir. Para andar na pista é extremamente fácil, muito previsível. Em qualificação já é um pouco mais complicado chegar ao limite. Ainda apanhei uns sustos. Lembro-me de um, na curva 3, em que fui demasiado otimista, mas ainda consegui resolver a situação, sem fazer pião. E ao contrário do que acontece na estrada, em que quando apanhamos um susto ficamos algum tempo a pensar nisso, em pista, depois do susto passado, concentrámo-nos de novo e nem pensamos no que aconteceu.”

Este conceito de corridas mais baratas reúne muitos interessados. O Troféu C1 da Motor Sponsor tem recebido pilotos amadores e até nomes conceituados das pistas nacionais, numa mistura improvável, mas que resulta na perfeição, com boas corridas e acima de tudo muito divertimento para todos os envolvidos. O conceito de corridas baratas é relativo, pois o desporto motorizado será sempre caro, mas olhando para tudo o que se pode fazer num fim de semana de C1, o custo acaba por ser muito interessante:

“Na primeira corrida gastei mil euros (sem IVA) e quem tiver patrocínio pode colocar os patrocinadores nos carros. No caso da G ́s Competizione, o valor da corrida inclui também treino de simulador para ajudar à ambientação, o que ajuda muito. O ambiente foi ótimo, fui muito bem recebido, sempre com boa disposição por ser o caloiro e sempre com o cuidado de me explicarem tudo. Mas o ambiente do troféu é espetacular, os adversários deixam de o ser assim que acaba a corrida. Quando ia às corridas e via aquela logística toda, pensava sempre que seria muito complicado, senão impossível de chegar lá. Mas no ano passado consegui e acredito que o C1 é o caminho indicado para que quem gosta de corridas, possa cumprir o sonho. O mais fácil é juntar-se a uma equipa e tentar ganhar o lugar. O sonho valeu a pena de tal forma que é para continuar. A vontade é continuar e, quem sabe, experimentar outros carros e acima de tudo, fazer Vila Real. Esse é o grande desejo.”

O exemplo de Carlos Rodrigues é interessante. A paixão não tem de ficar apenas pelas bancadas ou pelas transmissões. É possível realizar o sonho de correr. Há em Portugal formas acessíveis de competição que permitem diversão, aprendizagem e bom ambiente. O C1 é um desses exemplos, permitindo aproximar mais as pessoas das corridas. Só assim esta paixão irá florescer.

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