Fenómenos da F1: As vitórias de Pedro Rodríguez
Pedro Rodríguez foi durante muito tempo o único mexicano a vencer corridas na Fórmula 1. entre o GP da bélgica de 1970 e o triunfo de Sergio Pérez no GP de Sakhir em 2020, passaram 50 anos sem um triunfo mexicano na F1. Agora, já lá vão seis, o primeiro com a Racing Point, os outros três, já com a Red Bull. Mas é de Pedro Rodríguez que queremos falar…
A lista de pilotos mexicanos que correram na F1 é muito curta, contendo apenas oito nomes. Mesmo assim, há um que se destaca dos demais: Pedro Rodríguez. Rodríguez ganhou duas vezes na F1, uma pela Cooper em 1967 e a outra pela BRM em 1970.
Pedro e o seu irmão mais novo, Ricardo, começaram a participar em corridas quando ainda eram adolescentes, e o seu irmão era tão bom que foi recrutado pela Ferrari aos 19 anos de idade. No entanto, Ricardo morreu aos 20 anos no GP do México, corrida extra-campeonato de F1, ao volante de um Lotus privado, e Pedro considerou pendurar o capacete. Uma vitória nas 3 Horas de Daytona convenceu-o a mudar de ideias.
Rodríguez participou em 54 corridas do Mundial e em 11 extra-campeonato (aqui destacando-se a vitória no Spring Trophy de 1971, em Oulton Park). A sua estreia foi no GP dos Estados Unidos de 1963, pela Lotus, sendo depois uma presença regular nas jornadas norte-americanas, onde também correu num Ferrari, mas pintado com as cores da North American Racing Team de Luigi Chinetti.
Foi apenas em 1967 que fez uma temporada completa, começando à experiência na África do Sul, prova de abertura do campeonato. Pedro garantiu um emprego para o resto da temporada ao vencer a corrida, não cometendo erros e aproveitando a fiabilidade do carro. Estranhamente, o seu único adversário acabou por ser o rodesiano John Love, que dominava as corridas locais. Sexto classificado no final do campeonato, aceitou o convite da BRM, para quem conseguiu três pódios na época seguinte.
Em 1969, concentrou-se mais nas provas de resistência, saltitando na F1 entre um BRM privado e um Ferrari, mas regressou a tempo inteiro em 1970. Em Spa, o seu circuito favorito, fez uma corrida brilhante, ultrapassando Jochen Rindt e Jackie Stewart, para depois protagonizar uma batalha intensa com Chris Amon até ao March deste abandonar com problemas.
Ganhar em tudo
Pedro Rodríguez não era apenas piloto de F1. Aliás, durante muitos anos, era um piloto de renome mas corria na F1 apenas ocasionalmente. Aos 14 anos, marcou o seu primeiro pódio, num circuito montado no aeroporto de Sidar, ao volante de um Porsche 356, mas foi uma vitória em Riverside, num 550, em 1957, que o colocou no mapa. Em 1960, já era piloto da NART com o seu irmão Ricardo, e no ano seguinte conseguiu o seu primeiro grande triunfo internacional, os 1000 km de Paris.
Colecionou muitos triunfos nas corridas de resistência, vencendo quatro vezes em Daytona, conquistando também vitórias nos 1000 km de Nürburgring, 1000 km de Monza, 6 Horas de Watkins Glen e 1000 km de Spa, onde, em 1971, teve o penúltimo triunfo da sua vida. Rodríguez era um piloto temerário e uma vez não se coibiu de fazer a Eau Rouge lado a lado com Jo Siffert, com as rodas a tocarem-se. Era também considerado o melhor piloto à chuva da sua era.
Participou nas 24 Horas de Le Mans durante 14 anos consecutivos, mas apenas venceu uma vez em 1968, no Ford GT40 da JW Automotive, equipa com quem correria novamente, com o todo-poderoso Porsche 917 e fazendo equipa com Leo Kinnunen.
Pelo caminho, também correu na Fórmula 2, Tasman Series, Can-Am (ajudou a desenvolver o BRM P154) e até na NASCAR e em corridas no gelo. A sua morte teve lugar numa prova menor, o Troféu de Norisring, que na altura contava para a Interserie, versão europeia da Can-Am. Pilotava um Ferrari da equipa de Herbert Müller, mas foi atirado contra o muro de proteção que ladeava as ruas de Nuremberga, morrendo no embate, aos 31 anos.
Talento precoce
Don Pedro Rodríguez de la Vega foi um dos mais talentosos pilotos mexicanos. Com o seu irmão Ricardo, dois anos mais novo, começou cedo a correr em duas rodas – bicicletas primeiro, motos depois, conquistando o seu primeiro título nacional aos 13 anos, repetindo-o no ano seguinte.
A partir daí, passou para as quatro rodas. Bem apoiado pela enorme fortuna familiar, teve no seu pai Don Pedro Natalio Rodríguez Quijada o seu primeiro fã: com o seu muito dinheiro, comprou para os seus filhos adolescentes o que de melhor então existia em matéria de automóveis de competição.
Por isso, não é de estranhar que tenha feito a sua estreia internacional com um Ferrari 500TR no GP de Nassau, em 1957. Com esse carro, tentou inscrever-se com o seu irmão Ricardo nas 24 Horas de Le Mans do ano seguinte. Porém, o regulamento da prova não permitiu a Ricardo correr, por não ter idade para isso, pelo que Pedro fez equipa com Jean Behra.
Os dois irmãos regressaram em 1959, correndo com um OSCA 750. E, a partir daí, Pedro esteve sempre presente na prova francesa (que venceu em 1968) até 1971, ano em que morreu num acidente em Norisring, ao volante de um Ferrari 512MM da equipa de Herbert Muller.
Pedro tornou-se mesmo o único piloto a perder a vida ao volante de um daqueles carros. Durante a sua carreira, mesmo tendo pensado no abandono depois da morte do seu irmão, aos 20 anos, numa prova de F1, Pedro conheceu o sucesso em todas as categorias em que participou, F1 inclusive – venceu em Kyalami, em 1967 e em Spa em 1970.
BIOGRAFIA
Pedro Rodríguez de la Vega
Nasceu a: 18/1/1940, Cidade do México, México
Morreu a: 11/7/1971, Nuremberga, Alemanha
Palmarés:
1957 – 1º GP Riverside (Sports 1500)
1958 – 2º Nassau Speed Weeks (Ferrari)
1960 – 2º 24h Le Mans; 2º GP Cuba; 2º Nassau Speed Weeks (Ferrari NART)
1961 – 1º 1000 km Paris; 1º Nassau Speed Weeks (Ferrari NART)
1962 – 1º 1000 km Paris (Ferrari)
1963 – 2 GPs F1 (Lotus); 1º 3h Daytona; 1º GP Canadá (Ferrari NART)
1964 – 22º F1 (Ferrari); 1º 2000 km Daytona; 1º GP Canadá (Ferrari NART)
1965 – 14º F1 (Ferrari); 1º 12h Reims (Ferrari NART)
1966 – 3 GPs F1 (Lotus)
1967 – 6º F1 (Cooper, uma vitória)
1968 – 6º F1 (BRM, três pódios), 1º 24h Le Mans (Ford Gulf)
1969 – 14º F1 (BRM, Ferrari); 2º 1000 km Spa (Ferrari NART); 2º 1000 km Paris (Matra)
1970 – 7º F1 (BRM, uma vitória); 1º 24h Daytona; 1º 1000 km Brands Hatch; 1º 1000 km Monza; 1º 6h Watkins Glen; 2º Targa Florio (Porsche Gulf)
1971 – 10º F1 (BRM, um pódio, vitória extra-campeonato); 1º 24h Daytona; 1º 1000 km Spa; 1º 1000 km Zeltweg 2º 1000 km Buenos Aires (Porsche Gulf)