F1: Oito anos depois, um americano na grelha

Por a 19 Janeiro 2023 15:31

Logan Sargeant é a nova cara da F1 para 2023. O piloto americano é o estreante da nova época (Nyck de Vries é “semi-rookie” pois já fez um GP, mas fará a sua primeira época a tempo inteiro também em 2023) e realiza o desejo da F1 de ter um piloto dos “States” na grelha. 

É preciso recuar oito anos para voltarmos a ter um americano na F1. Alexander Rossi fez o seu último GP em 2015 (GP do Brasil), terminando a sua breve passagem pelo Grande Circo, num total de 5 GP, em que o melhor resultado foi um 12º lugar, ao serviço da Manor Marussia F1 Team. Tinha sido piloto de testes da Caterham em 2012, 2013, acumulando o lugar de piloto de testes da Marussia em 2014. O último americano a fazer uma época completa na F1 foi Scott Speed, com 28 provas feitas pela Toro Rosso. Fez a época 2006 completa e foi substituído a meio de 2007 por um tal de Sebastian Vettel. O seu antecessor no “cargo” de piloto a representar o s EUA foi Michael Andretti, com uma passagem pouco conseguida em 1993, com 13 GP feitos pela McLaren. Despediu-se com um pódio, mas foi substituído a três corridas do fim por Mika Hakkinen que se estreou pela McLaren no Circuito do Estoril. Eddie Cheever foi o último piloto a fazer mais de duas épocas consecutivas, tendo feito 132 GP, o último deles em 1989. 

Os Estados Unidos contam com 233 pilotos que de alguma forma estiveram envolvidos na F1, mas apenas 152 correram fizeram pelo menos um Grande Prémio. Desses 152, apenas 11 fizeram mais de 15 GP.  No total, os Estados Unidos festejaram 33 vitórias, 39 poles, 129 pódios e dois títulos (Mario Andretti e Phil Hill). Apesar dos números, os EUA nunca foram um país com grande tradição na F1. Por terras do Tio Sam, as competições domésticas são sempre alvo de maior interesse e a F1, apesar de suscitar alguma curiosidade, era algo tipicamente europeu e, por isso, nunca teve uma base de fãs forte. Mas a tendência inverteu-se quando a Liberty Media, empresa americana controlada pelo presidente John C. Malone, entrou em cena. A vontade de abrir a F1 ao mercado americano esteve sempre presente desde a entrada da Liberty, mas apenas agora se concretizou com Logan Sargeant.

Quem é Logan Sargeant?

O nome Logan Sargeant surgiu de forma quase surpreendente para a vaga da Williams. O piloto de 22 anos, nascido em Fort Lauderdale, destacou-se na F2 em 2022, depois de duas épocas na F3 em que mostrou potencial. Foi anunciado como piloto da academia Williams em outubro de 2021, no GP dos EUA e um ano depois, também no GP dos EUA foi anunciado como piloto da Williams em 2022, caso conseguisse os pontos necessários, o que acabou por acontecer. Logan é irmão de Dalton Sargeant, piloto da NASCAR Craftsman Truck Series. O seu avô, Harry Sargeant III, é um magnata americano, com diversos negócios desde a aviação ao petróleo, cuja fortuna está avaliada em três mil milhões de dólares. 

Será então Sargeant um piloto pagante? É algo injusto apontar-lhe esse rótulo.  Logan Sargeant foi Campeão Mundial de Karting Junior CIK-FIA em 2015. Sendo apenas o segundo americano a ganhar um Campeonato Mundial CIK-FIA e o primeiro desde 1978.  Logan Sargeant falhou a conquista do título da F3 de 2020 por apenas quatro pontos. Estava empatado com Oscar Piastri na liderança do título, antes da corrida final da temporada, mas uma colisão na primeira volta com Lirim Zendeli acabou com o sonho do título. No final de 2021, a sua carreira esteve para ter outro rumo, pois não tinha orçamento para continuar. No entanto, veio a oportunidade da Williams que lhe permitiu continuar e ser o melhor estreante de 2022, com duas vitórias, duas poles e quatro pódios, o que lhe valeu o quarto lugar e uma vaga na F1.

Logan Sargeant não é o piloto mais entusiasmante da grelha de 2022 da F2, é um facto, mas também está muito longe de ser dos piores e, como tal, será preciso esperar para ver o que pode fazer. Também Zhou Guanyu era visto como apenas um piloto pagante no início de 2022 e no final da época provou merecer manter-se na F1. Sargeant não vai ter um contexto fácil, pois a Williams continua à procura de um rumo e mudou recentemente de liderança com o antigo chefe da estratégia da Mercedes, James Vowles, a assumir o desafio de tentar levar a equipa ao sucesso. Sargeant terá ao seu lado Alex Albon, outro talento subvalorizado e que mostrou que pode fazer coisas muito boas. 

Assim, oito anos depois, os Estados Unidos voltam a ter um piloto na F1. Desde 1989 que os EUA não têm um piloto que conseguisse ficar por mais de duas épocas no Grande Circo. A última vitória de um piloto americano remonta a 1978 (Mario Andretti, nos Países Baixos) e o último pódio de um americano foi em 1993 (Michael Andretti, em Itália). Será que Sargeant irá quebrar a “maldição americana”?

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado