GP do Mónaco 1982 de F1: O pior para Patrese foi ter que dançar com a Princesa…
A corrida pelas ruas estreitas do Mónaco é frequentemente algo caótica, para não dizer pior, como tantas vezes sucedeu ao longo do tempo. Mas foi o Grande Prémio do Mónaco de Fórmula 1 de 1982 que teve o final de corrida mais estranho que se conhece, pois o que mais pareceu é que ninguém queria ganhar.
O final da corrida foi tão caótico, que o vencedor, Riccardo Patrese, só soube que conquistara a sua primeira vitória em Grandes Prémios quando parou no final da volta de consagração.
Inicialmente a corrida foi dominada pelos dois Renault, com René Arnoux a distanciar-se de Alain Prost. Mas uma ‘saia’ do monolugar presa levou-o a uma derrapagem impressionante na zona das Piscinas, com o líder a deixar morrer o motor para abandonar de imediato.
Prost herdou a liderança e ganhou grande vantagem sobre Riccardo Patrese, mas a poucas voltas do final da corrida começou a chuviscar e foi aí que as coisas se complicaram muito.
O francês despistou-se com violência na saída da chicane, entregando a liderança a Patrese, mas uma volta mais tarde o italiano fez um pião no gancho do hotel de Lowes e foi superado por Didier Pironi e Andrea de Cesaris.
Na confusão, até Derek Daly, que já tinha dado um toque e rodava sem asa traseira, esteve entre os primeiros. Mas se estas peripécias já geravam suma emoção, a última volta foi mesmo dramática.
Pironi ficou parado com um problema elétrico dentro do túnel; de Cesaris parou sem gasolina um pouco mais à frente; Daly voltou a bater e teve mesmo de ficar por ali; enquanto Patrese passou incólume pelos três incidentes, sem se dar conta de que os seus rivais tinham todos parado.
Por isso, nem festejou quando cortou a meta, fazendo a volta de consagração a um ritmo normal, sem perceber porque era tão aplaudido, tendo a maior surpresa da sua vida quando o mandaram seguir pela reta da meta em vez de rumar ao Parque Fechado.
Quando Herbie Blash o foi cumprimentar, perguntou-lhe: “Em que lugar fiquei? E quem ganhou?” Quando o braço direito de Ecclestone lhe disse que era o vencedor, o italiano não acreditou… “Eu? Estás a gozar Herbie…”. Não, não estava.
Riccardo Patrese não sabia nessa altura, mas tudo o que se passara até aí no fim de semana de corrida foi o mais fácil para ele, já que verdadeiramente complicada foi a Gala de encerramento do Grande Prémio do Mónaco.
Curiosamente, esta foi a derradeira corrida realizada com a Princesa Grace Kelly viva, já que morreu em setembro desse ano, e para Patrese estava reservada uma surpresa que ainda hoje não sabe como se safou dela: “Houve um evento de gala nessa noite, eu fui e senti-me como uma criança, estava maravilhado. Sentei-me na mesa do Príncipe Rainier e da Princesa Grace, ela era muito gentil, uma verdadeira princesa que tratava este rapaz como um igual. Mas o mais difícil daquele fim de semana estava para vir. De repente, anunciaram que o vencedor do Grande Prémio iria fazer a dança de abertura com a Princesa, e o que era pior, era que a dança ia ser uma valsa e eu nunca tinha dançado uma valsa! Eu estava a ‘morrer’ por dentro quando eles disseram aquilo”, lembrou Patrese numa entrevista que deu a Richard Jenkins.
Falando da corrida, Patrese lembra-se que o Grande Prémio foi mais fácil que a valsa: “É claro que foi difícil ganhar aquele Grande Prémio, com a chuva e todas as coisas que aconteceram no fim da corrida. Foi um dos mais dramáticos de todos os tempos, mas isso não foi nada comparado a ter que dançar com a Princesa Grace! Eu teria feito dois Grandes Prémios naquele dia ao invés da dança. A princesa viu que eu estava com medo e disse-me ‘Venha comigo, siga o que eu faço’, mas ela também conseguiu que as pessoas dançassem connosco quase imediatamente e então havia tantas pessoas na pista de dança que eu pude finalmente relaxar. Mas não posso deixar de dizer que foi um grande momento na minha vida, um momento muito especial para mim.”