Fórmula E: António Félix da Costa na Porsche
António Félix da Costa é um valor seguro do desporto motorizado mundial. De jovem promessa da Red Bull que esteve a um pequeno passo da F1, foi crescendo nos GT’s, na Fórmula E e agora nos protótipos, para se tornar numa das grandes referências do campeonato 100% elétrico e do Endurance. Com uma carreira recheada de sucessos, o português prepara-se para um novo desafio, ainda mais entusiasmante: ser piloto oficial da Porsche na Fórmula E.
Félix da Costa é um dos pilotos com mais provas disputadas na Fórmula E, ele que é um dos poucos que competem neste campeonato desde o primeiro ano. Com 96 corridas disputadas, onde obteve sete vitórias, dezasseis pódios e sete pole positions, Félix da Costa junta-se a partir da próxima temporada 9, em 2023, a Pascal Wehrlein, para abraçar um novo desafio, vestir as cores oficiais da Porsche no Campeonato do Mundo de Fórmula E. O piloto luso assinou um contrato plurianual com a Porsche, uma das marcas mundiais com mais história no desporto automóvel, depois de três anos a representar a DS Techeetah.
Um dos mais experientes pilotos da Fórmula E
Quem já teve a sorte de falar pessoalmente com AFC, sabe que o que se vê na TV é o que se observa na realidade. Uma postura leve, bem disposta, aberta, uma “boa onda” contagiante e um gosto indisfarçável pelas corridas. Mas AFC é muito mais que um “tipo porreiro”, que traz bom ambiente à equipa. É também um animal competitivo feroz. Quem conhece o desporto motorizado sabe que o momento de colocar o capacete é sagrado para os pilotos, pois é nesse instante que “encarnam” no piloto que quer vencer. E Félix da Costa não é diferente. O sorriso pode estar lá, mas o “tipo porreiro” transforma-se num piloto agressivo, que defende a sua posição de forma leal, mas dura. É um piloto que se adapta facilmente à mudança, não precisa de muitas voltas para entender os truques das suas máquinas e, acima de tudo, é um piloto rápido e fiável. Ver Félix da Costa errar é um evento raro e as equipas confiam no português por saberem que os carros ficam em boas mãos.
Tendo vencido o campeonato da Fórmula E e as 24h de Le Mans em LMP2 de 2020 para cá, acumulando pódios e vitórias a grande ritmo, AFC está no topo das suas capacidades, aliando a sua irreverência e velocidade a uma grande experiência. É por isso um piloto apetecível para qualquer marca que queira ter sucesso. Foi por isso que a DS apostou no português, que deixou a BMW no final de 2019. Na altura o passo parecia arriscado e até insensato, mas revelou-se certeiro com o título logo na primeira época com a DS Techeetah.
A icónica Porsche
Como já avançado pelo AutoSport há algumas semanas, Félix da Costa está a caminho da Porsche. O piloto vai mudar novamente e na próxima época passará a representar uma das marcas mais icónicas do mundo e uma das mais prestigiadas do desporto motorizado.
A Porsche não costuma facilitar, pois quando entra num campeonato é para vencer. Na Fórmula E isso não tem acontecido ainda. Já na terceira época na competição 100% elétrica, a Porsche tem em seu nome apenas uma vitória, seis pódios e três poles, claramente pouco para uma estrutura que quer vencer títulos.
André Lotterer e Neel Jani foram os primeiros pilotos do projeto, com Jani a dar lugar a Pascal Wehrlein, que deu a primeira vitória à equipa este ano. Parecia que a Porsche iria finalmente mostrar-se esta época, mas depois de um bom arranque, tem perdido gás. A Porsche precisa de sangue novo e Félix da Costa é a aposta. Piloto experiente, apesar de ser ainda um jovem, rápido, que já foi campeão, AFC traz muito de bom, sem tiques de vedetismo. Na sua carreira já lidou com todo o tipo de pilotos e teve de gerir uma relação nem sempre fácil com Jean-Éric Vergne. Félix da Costa pode ser a chave do sucesso do futuro da equipa alemã. Do lado da DS Techeetah ficou a tristeza de perder um elemento importante que seria certamente a referência da equipa. Mas veremos muitas mudanças na DS e que em 2023, primeiro ano da Gen 3 iniciará uma parceria com a Penske, equipa que tem tido pouco sucesso até agora. Será que esse fator também terá pesado na decisão do português? Não sabemos. Mas a verdade é que o projeto Porsche parece muito mais aliciante do ponto de vista competitivo a curto prazo. E há também outro aspeto que tem de ser tido em conta… O endurance.
Quando os rumores da ida de Félix da Costa para a Porsche surgiram, pensava-se que o piloto português seria uma das apostas para o endurance, dadas as espetaculares prestações do piloto pela JOTA nos LMP2. Quando os alinhamentos da Porsche foram apresentados, o nome do português não figurava. Obviamente que não poderia ser anunciado, pois ainda não fora apresentado como piloto. Assim, começa a ficar definido que a mudança para a Porsche é apenas focada na Fórmula E. Mas, coincidência ou não, a JOTA anunciou que irá ser equipa cliente da Porsche a partir de 2023, recebendo o novo 963 do fabricante germânico. A JOTA já afirmou que quer fazer uma equipa de luxo e o AutoSport sabe que Félix da Costa é uma das primeiras opções. Do lado da Porsche, uma vez que a JOTA é cliente e é um esforço privado, parece haver abertura para deixar o português correr pela equipa, uma vez que não afeta em demasia o seu compromisso principal, que é a Fórmula E.
A ida para a Porsche foi o segredo mais mal guardado do paddock de Fórmula E, finalmente revelado. Uma grande aposta por parte da equipa alemã, que fica com uma dupla forte, recebendo um campeão que sabe o que é vencer, mas que subiu na Fórmula E a pulso e sabe o trabalho que é preciso para ter sucesso.
Florian Modlinger, diretor da Factory Formula E Team, referiu o desejo de trabalhar com o piloto português, além de dar as boas vindas a António Félix da Costa. “Estou muito contente com a vinda do António para a Porsche. Ele é um verdadeiro piloto de corridas e demonstrou muitas vezes que é um vencedor, não apenas na Fórmula E. Nós sempre olhamos para o António como um excelente piloto, mas também como uma pessoa muito positiva, que se encaixa muito bem na família Porsche Motorsport. Estou confiante que juntos vamos lutar por vitórias e títulos nos próximos anos.”
Quanto ao Endurance, que interessa a muitos dos fãs portugueses, nada está confirmado ainda, mas segundo o AutoSport conseguiu apurar, há conversações a decorrer. A presença numa estrutura oficial no WEC está fora de hipótese, pois sendo piloto Porsche, não tem lugar nos alinhamentos já apresentados, mas como é uma das estrelas dos LMP2, a presença numa equipa privada faz todo o sentido e com o envolvimento da JOTA, com quem mantém uma relação de três anos de sucesso, pode ser um sinal do que será o futuro do piloto.
Por fim, e agora apenas num exercício meramente especulativo. Se Félix da Costa correr no WEC com um LMDh e se continuar a mostrar o que tem feito até agora, a Porsche será obrigada a, pelo menos, olhar para o piloto luso e entender como o poderá encaixar na equipa a médio prazo. O que parece certo é que Félix da Costa vai voltar a representar um dos gigantes do desporto motorizado, onde voltará a lutar pelo sucesso, levando a nossa bandeira com ele, para onde for.
Este é um dos melhores momentos da carreira do piloto luso e não é todos os dias que vemos um compatriota a representar uma instituição deste calibre.
A Fórmula E arranca em 2023 para a sua 9ª temporada, estreando um novo carro, o GEN3. A próxima temporada será composta por dezoito corridas, com início marcado para dia 14 de janeiro, na cidade do México.
Um grande piloto numa grande marca. Boa sorte AFC. Que tragas á Porsche aquilo que lhe têm faltado nos últimos anos na Fórmula E. Pena que o programa Endurance não conte com ele directamente …por enquanto.