CPR, Rali Vinho Madeira: 5ª vitória de Alexandre Camacho
Alexandre Camacho fez história no Rali Vinho Madeira ao tornar-se no primeiro piloto a alcançar cinco triunfos à geral. José Pedro Fontes foi ao pódio e venceu no CPR. Miguel Nunes foi segundo e tem o título à vista….
O Rali Vinho Madeira reuniu uma muito boa lista de inscritos mas praticamente todos eram unânimes que o futuro vencedor deveria ser um dos especialistas locais, Alexandre Camacho e Miguel Nunes, ambos em Skoda Fabia Rally2 Evo.
No entanto, era aguardada com expetativa a prestação de pilotos como Bruno Magalhães e José Pedro Fontes, anteriores vencedores da prova, e tradicionalmente muito fortes na estradas da ilha.
Permanecia a dúvida do potencial do italiano Simone Campedelli, por vezes muito forte em provas de asfalto mas desconhecedor dum terreno tão específico como são as estradas da Madeira.
Em ambiente de festa e após dois anos de ausência devido à pandemia, a super-especial da Avenida do Mar abriu o programa na tarde de quinta-feira. Todos os candidatos obtiveram boas marcas mas foi Bruno Magalhães, que conquistou um novo recorde para aquele percurso, a ser o comandante após o primeiro dia de competição. Faltava, contudo, a chegada às classificativas ‘normais’ e a tradicional lotaria da escolha de pneus para a primeira ronda pelas zonas do Santo da Serra e Poiso, entre piso molhado, húmido e seco, a acontecer na manhã do dia seguinte.
Com o estado de algumas zonas de Campo de Golfe a aconselhar cautela, Alexandre Camacho atacou forte e ficou a apenas 0,1s do comando ainda detido por Magalhães. Apesar de ser Miguel Nunes, que vinha algo atrasado, a ser o mais rápido em Palheiro Ferreiro, Camacho assumiu a liderança ao cabo de três classificativas disputadas.
Nunes foi novamente o mais rápido na segunda passagem pelo Campo de Golfe mas o guia da classificação aumentava o seu avanço para o seu mais direto perseguidor.
A segunda ronda pelo Palheiro Ferreiro, a especial mais longa do programa, veio trazer alguma confusão até ao final da 1ª etapa.
O espanhol Alejandro Cachon, presente com o seu habitual Citroën C3 Rally2, teve um acidente na parte final do troço e os pilotos que o sucediam na estrada eram Nunes e Camacho. O primeiro perdeu 11,3 segundos e o segundo venceu a classificativa. Posteriormente, ao fim do dia, viria a se saber que Magalhães reassumiu o comando nessa ocasião devido à penalização (ler em separado) dada pelo CCD aos madeirenses mas, na altura e no cenário enfrentado pelos concorrentes, era Camacho quem estava cada vez mais na frente.
O piloto do carro com as cores das Vespas, aí se manteve até à penúltima classificativa do dia. Com os pilotos a calçarem as suas viaturas com borracha dura devido às altas temperaturas do asfalto abrasivo local, no norte da ilha começaram a surgir algumas nuvens e, na última prova especial da etapa, Cidade de Santana 2, choveu, o piso ficou molhado e a visibilidade era mais reduzida devido a algum nevoeiro.
Com os pneus Michelin a terem uma mistura mais mole que os Pirelli da concorrência, Bruno Magalhães foi muito eficiente e ganhou entre 14 e 34 segundos aos pilotos com quem vinha discutindo as primeiras posições. O piloto do Hyundai i20N Rally2 ficava, ao final do segundo dia de competição, novamente na frente.
Quem também começava a rodar muito forte nessa fase era José Pedro Fontes com o seu Citroën C3 Rally2, terceiro a quase 25 segundos do comandante de então.
Já com as penalizações averbadas aos protagonistas madeirenses a serem do conhecimento público, Magalhães arrancou para a segunda e última etapa com uma vantagem de 19,3 segundos para Alexandre Camacho e 43,3 segundos para Miguel Nunes.
Entre os locais estavam José P. Fontes a 24,8 e Armindo Araújo a 33,4 segundos. No entanto, a temperatura era alta e o asfalto estava ainda mais abrasivo. Magalhães não usava a mistura mais dura da Michelin e rapidamente começou a perder muito tempo.
O piloto da Hyundai ainda conseguiu manter o comando durante três especiais, mas acabou por ceder a dianteira a Camacho na última das quatro classificativas cumpridas em dupla passagem no dia.
Magalhães voltou a ceder bastante terreno ao líder no troço cronometrado seguinte e quem se aproximava bastante de si era Miguel Nunes com o Skoda da Lotus. O campeão madeirense em título nem viria a ‘saborear’ a ultrapassagem pois cedeu um dos rolamentos do Hyundai, que perdeu uma roda e qualquer hipótese de prosseguir em prova em Ponta do Sol 2. Os dois lugares mais altos pódio ficavam assim entregues àqueles que todos vaticinaram como os mais fortes candidatos ao triunfo.
Alexandre Camacho pode festejar, no contexto triste em que encerrou o evento, o facto de ser, até agora, o único piloto a conseguir vencer em cinco ocasiões a prova organizada pelo Club Sports da Madeira.
Miguel Nunes cometeu a proeza de ser o mais rápido em todas as classificativas do dia, e em onze no percurso total, consolidou a segunda posição e anulou, com o sistema de bonificação existente no campeonato local, a vantagem pontual de que o seu rival poderia beneficiar com a vitória.
O lugar mais baixo do pódio ficou na posse de José Pedro Fontes, que se mostrou bastante rápido nos últimos dois terços da corrida com o Citroën C3 Rally2. O piloto ainda foi o melhor numa prova especial mas, contudo, nunca se mostrou em condições de poder lutar por um dos seus objetivos que era revalidar o triunfo alcançado em 2016.
Ficou, contudo, a alegria daquela que foi uma vitória no que toca ao campeonato nacional da modalidade.
Quarto, Armindo Araújo realizou uma prova com uma toada consistente mas raramente revelou ser capaz de entrar em luta com os dois pilotos do CPR que rodaram durante muito tempo na sua dianteira. Logo atrás, Bernardo Sousa foi autor de alguns bons tempos mas utilizou este evento para ganhar rodagem com o Citroën C3 Rally2 com que enfrentará a restante temporada.
O madeirense já antes da prova se queixava da sua falta de ritmo, quando comparado àquela que será a sua concorrência nos próximos meses. Bom final de rali realizou Miguel Correia que demorou algum tempo a se entrosar com as muito exigentes e específicas provas especiais da ilha. O piloto do Skoda Fabia Rally2 Evo ultrapassou já muito perto da meta Ricardo Teodósio, sétimo, em mais uma participação na Madeira em que não mostrou a competitividade que costuma exibir nas tiradas continentais ou açorianas do calendário.
O oitavo classificado foi Simone Campedelli com o Skoda Fabia Rally2 Evo calçado com pneus da indiana MRF. O italiano saiu do primeiro dia na segunda posição mas perdeu muito tempo na manhã de sexta-feira com problemas no acelerador da viatura cedida pela portuguesa The Racing Factory. Uma vez resolvida a anomalia, Campedelli foi assinando alguns muito bons tempos na sua estreia no arquipélago e foi recuperando posições pois chegou a ser 16º a meio da primeira etapa. Prometeu voltar com maior experiência e ansioso para disputar um lugar no pódio.
Também presente no Rali Vinho Madeira esteve Emma Falcon com um Citroën C3 Rally2. A espanhola, que já não corria há alguns meses, acusou alguma falta de ritmo mas, mesmo nessas condições, conseguiu bater- se bater com pilotos também ao volante de viaturas do mesmo agrupamento.