Porsche GT3 Cup: Só ‘deu’ Carlos Vieira
Arrancou no Estoril a segunda temporada da GT3 Cup, para já com 16 carros na grelha e alguma novidades em pista. Há outras a chegar, mas para já, os mesmos protagonistas, com Carlos Vieira a impor a sua classe e a vencer as duas corridas. Pelo que se viu, o troféu Porsche com os 911 GT3 Cup promete.
O plantel perdeu dois bons pilotos, Francisco Carvalho e José Rodrigues, eles que andaram nas lutas pelos triunfos em 2021, mas José Monroy, responsável máximo da competição, assegura que estão para chegar nomes que vão dar ainda mais brilho à GT3 Cup.
Nesta prova, como estreantes tivemos André Fernandes (AM), Bruno Freitas (AM) e Pedro Lemos (GD).
Carlos Vieira fez as duas poles, foi o autor das duas voltas mais rápidas e venceu as duas corridas, pelo que a expressão, barba, cabelo e unhas, adequa-se. Vasco Barros, o outro único Pro em pista foi segundo, ainda tentou dar alguma luta, mas nada pode fazer face a Vieira, que impôs a sua rapidez, experiência e essencialmente, classe. Se as duas primeiras posições foram ‘reservadas’ pelos dois pilotos, atrás, as coisas foram mais mutáveis. José Barros conseguiu um 3º e 4º lugares, vencendo a AM na 2ª corrida, que foi ganha na primeira contenda por Paulo Martins. Já nos GD, 6º, João Vieira também venceu as duas corridas.
Carlos Vieira vence primeira corrida
Carlos Vieira começou melhor, triunfando de forma categórica na primeira corrida, não dando muitas hipóteses a Vasco Barros, que se perfilou desde o primeiro momento como o principal opositor, mas terminou a 1.987s do primeiro e destacado de Paulo Martins.
Numa corrida algo acidentada,com duas intervenções do “safety-car”, por questões de segurança, Vieira nunca perdeu o controlo dos acontecimentos, mesmo quando foi ultrapassado por Vasco Barros e Paulo Martins. Só que isso sucedeu em zona interdita, algo que ambos não se terão apercebido. “Falta-me um ‘danoninho’ para chegar ao Vieira, mas já estou um pouco mais perto face ao ano passado”, disse o jovem Barros, satisfeito com o seu andamento e a conquista do segundo lugar: “Houve um pequeno stress quando entrou o safety-car entrou a primeira vez em pista, pois havia um posto de controle que tinha a bandeira verde, mais à frente outro já com a amarela e mais à frente eu parei para deixar o Vieira passar”.
Carlos Vieira estava satisfeito: “Só perdi o comando da corrida porque eles me ultrapassaram em situação de safety-car. Tive sempre a situação da corrida sob controlo e o meu carro estava perfeito. Tudo correu bem”. Apurados os factos e as circunstâncias pelos comissários desportivos, o certo é que não houve lugar, no final desta primeira corrida, a qualquer penalização.
Paulo Martins só tinha motivos para se encontrar satisfeito com o resultado final (3º), já que juntou ao pódio absoluto a vitória na categoria AM, conquistada com muito suor e empenho, porque José Barros não lhe deu tranquilidade. “Foi top, numa corrida bastante animada. Mudámos a afinação do carro e ficou bastante melhor. Na parte final tive que gerir e defender a minha posição para evitar ser surpreendido”. Cada vez mais à vontade aos comandos do Porsche 911 GT3 Cup, o jovem José Barros estava radiante: “continuo em franca evolução, a corrida foi ótima e na última volta quase conseguia chegar ao terceiro lugar. Espero fazer ainda melhor na próxima…”
No pódio da categoria AM acabou por terminar René Quintaneiro (5º lugar absoluto), fruto das incidências da corrida, como ele próprio reconheceria no final: “Acabou por ser uma corrida espetacular, registei uma evolução grande, é certo, mas também tive um pouco de sorte com a entrada do safety-car, pois permitiu juntar o pelotão. De qualquer modo, este resultado surpreendeu-me!…”
A primeira intervenção do safety-car ocorreu na segunda volta, depois do pelotão da GT3 Cup, já reduzido pela ausência de João Parreira (autor do 7º tempo e 2º GD na qualificação) – cuja equipa não conseguiu solucionar problemas técnicos ocorridos na qualificação –, quando Rui Silva falhou uma travagem e atingiu o carro de Afonso Vaz, ficando ambos fora de prova.
Volvidas mais 6 voltas, um novo incidente de corrida, quando na sequência de um pequeno “toque” de André Fernandes em Luís Rocha – até então quinto classificado absoluto a 3º da categoria AM – este último fez um “pião”, viu-se forçado a desistir e ficou com o seu carro mal colocado na pista – levou à segunda entrada do safety-car. João Vieira triunfou na categoria GT (“correu bem, houve menos competição direta, devido a algumas desistências e a partir de certa altura defendi a minha posição”, disse o piloto do Porsche nº 23), com uma vantagem acentuada em relação ao segundo, Miguel Caetano, tinha motivos para estar contente: “O carro estava muito bom, graças ao excelente trabalho da equipa e notei uma grande evolução da minha parte. Só foi pena não haver mais voltas de corrida, porque eu estava a gostar bastante”.
Uma verdadeira corrida “em sofrimento” foi a protagonizada por Álvaro Ramos, que no momento de subir ao pódio revelava: “Não sei o que é que aconteceu, mas surgiu um problema na caixa e tive de fazer a corrida toda em 4ª velocidade. E nessas circunstâncias procurei aguentar o terceiro lugar”.
Novo triunfo para Carlos Vieira
Carlos Vieira venceu também a segunda corrida, terminando com uma vantagem de 7.149s frente a Vasco Barros, com o jovem José Barros a fazer uma excelente recuperação de último, até terceiro: “Neste evento quis fazer tudo de forma diferente, utilizando apenas um jogo de pneus novos e consegui, embora pensasse que iria sofrer bastante. Afinal, não sofri assim tanto e deu para conquistar duas vitórias. Portanto, objetivo cumprido, o que me deixa satisfeito”, disse. Vasco Barros tentou contrariá-lo, mas sem êxito: “Fiz um bom arranque, fiquei na frente do Vieira, mas ele estava por dentro, ainda nos tocámos muito levemente, mas a trajetória era dele. Depois ainda tentei chegar, mas não deu”, disse.
Numa corrida bem mais “calma” que a primeira no que toca a incidências, José Barros brilhou, depois de, na sequência do despique com Paulo Martins pelo terceiro lugar, levar um ‘toque’ e fazer um “pião” no decurso da primeira volta. Se Martins não conseguiu prosseguir, Barros arrancou de último para uma recuperação sensacional que o levaria ao terceiro lugar final absoluto e à vitória na categoria AM. “Acho que fiz uma corrida fantástica e só não terminou com chave de ouro devido ao ‘toque’ que me atirou para a última posição. Foi um grande stress, estava a ver que não aguentava. Sem o incidente da primeira volta talvez conseguisse chegar ao segundo lugar…”, referia José Barros, um piloto cada vez mais à vontade na GT3 Cup.
Em plano de destaque desde o início da corrida, atrás do duo da dianteira, Diogo Rocha não teve a sorte pelo seu lado, à semelhança do sucedido com o seu irmão Luís na primeira corrida (o ‘toque’ de um adversário esteve na origem da desistência), já que um problema de motor forçou o abandono. E René Quintaneiro quase nem “aqueceu”, quando para evitar a colisão com um adversário que seguia na sua dianteira perdeu o controlo do carro e acabou preso na gravilha da escapatória.
O quarto lugar absoluto, 2º da categoria AM foi para André Fernandes, que passou por algumas dificuldades:“O acerto do carro não estava a 100 por cento, ao contrário do sucedido na primeira corrida, e quase que nem conseguia curvar, talvez devido a um toque sofrido na roda dianteira direita”.
João Vieira, repetiu a vitória na categoria GD… “Foi uma dose dupla e sem grande oposição do princípio ao fim. O carro estava impecável e a Araújo Competição merece os parabéns”. Rui Silva foi 2º da GD: “Correu tudo bem e a partir do momento que a caixa deixou de funcionar a 100 por cento procurei aguentar a minha posição”. Por seu turno, João Posser, estava contente: “O resultado é excelente e foi uma corrida linda, apesar de ter ficado com problemas de caixa a partir da sexta volta”.
A segunda jornada da GT3 Cup está agendada para 18 e 19 do próximo mês de junho, no traçado do circuito espanhol Circuito Ricardo Tormo, em Valência.
Classificações
Corrida 1
1º Carlos Vieira (PRO), 47.57,636
2º Vasco Barros (PRO), a 1.987s
3º Paulo Martins (AM), a 9,852
4º José Barros (AM), a 10,024
5º René Quintaneiro (AM), a 16,922
6º João Vieira (GD), a 20.623
7º Miguel Caetano (GD),a 24.286
8º Álvaro Ramos (GD), a 3 voltas
Volta mais rápida: Carlos Vieira, em 1m38,248s (média de 152,5 km/h)
Corrida 2
1º Carlos Vieira (PRO), 24m55,291s
2º Vasco Barros (PRO), a 7.149s
3º José Barros (AM), a 43.436
4º André Fernandes (AM), a 1.02.407
5º João Vieira (GD), a 1.18.163
6º Rui Silva (GD), a 1.30.074
7º João Posser (GD), 1.32.691
8º Álvaro Ramos (GD), 1.33.570
9º Nuno Mousinho (GD), a 1 volta
Volta mais rápida: Carlos Vieira, com 1m38,545 (média de 152,1 km/h)
Fotos: Vasco Estrelado/P21 Motorsport