WEC: Primeira vitória à geral da Alpine em Sebring
A primeira ronda do campeonato do mundo de resistência da FIA trouxe algumas estreias. A Alpine estreou-se a vencer à geral e a Glickenhaus estreou-se no pódio com um terceiro lugar. Do lado da Toyota, um fim de semana complicado deu “apenas” um segundo lugar para o carro #8.
Desde o arranque das hostilidades em Sebring, solo sagrado para os amantes das corridas de longa duração, que se percebeu que não seria o habitual passeio para a Toyota. O BoP penalizador para as máquinas nipónicas teve um efeito exacerbado com as exigências da pista de Sebring. Os famosos ressaltos não são tidos em conta nas simulações do BoP, usado para equilibrar andamentos entre as diferentes máquinas, e a Toyota desde os primeiros treinos que entendeu que este fim de semana seria duro. Mais ainda, o sistema híbrido do eixo dianteiro do carro só pode ser usado a partir dos 190km/h após uma alteração das regras para 2022. Anteriormente, o sistema híbrido começava a dar potência às rodas da frente a partir dos 120 km/h, mas essa regra mudou e agora a velocidade a que o sistema pode começar a fornecer energia é determinada pelo BoP. O peso mínimo para o GR010 foi de 1,070kg (30 kg a mais do que na última corrida da época passada) e a energia disponível por stint foi reduzida para 898 MJ (megajoules). O Glickenhaus também foi afectado, uma vez que passou de 965 MJ por stint para 910, para um peso de ainda 1.030 kg. Quanto ao A480 da Alpine, o seu peso mínimo foi de 952 kg, mas a potência do seu motor Gibson foi reduzida, assim como a quantidade de combustível que pode transportar por cada stint. No entanto, o equilíbrio de força mudou em Sebring e os ressaltos provocaram uma cambalhota no resultado final.
Nos treinos vimos a Alpine (A. NEGRÃO / N. LAPIERRE / M. VAXIVIERE) e a Glickenhaus (O. PLA / R. DUMAS / R. BRISCOE), revezando-se no topo da tabela de tempos e na qualificação o Alpine A480 – Gibson conseguiu a pole com uma diferença clara de mais de 1.3 seg para o Glickenhaus 007 LMH, graças a uma excelente volta de Nicolas Lapierre. A Toyota parecia resignada ao seu destino para a corrida e as previsões confirmaram-se.
A Alpine largou da frente e dominou a corrida sem grandes problemas, mesmo com stints mais curtos. No final do primeiro stint a diferença entre a Alpine e a Glickenhaus era já de 15 segundos. Foi nessa primeira paragem, que não correu bem à equipa americana, que a Toyota se conseguiu aproximar do Alpine, mas o ritmo dos franceses era demasiado forte para que os nipónicos conseguissem dar resposta. Se o fim de semana já estava a ser mau para a Toyota, piorou drasticamente, com o violento acidente de José Maria Lopez no carro #7 (M. CONWAY / K. KOBAYASHI / J. LOPEZ) . Numa dobragem a um GT, Lopez não conseguiu evitar um toque e foi parar às barreiras, danificando a frente do seu GR010. O argentino tentou regressar às boxes o mais depressa que conseguiu, mas os danos na frente eram tais que motivaram uma saída de pista ainda mais violenta, com o argentino a ficar sem direção nem travões. Foi a primeira bandeiras vermelha da prova.
Big OFF for @pechito37 and @TGR_WEC. José is OK and has walked out of the car. #WEC #1000MSebring pic.twitter.com/1wlD0rvf3W
— WEC (@FIAWEC) March 18, 2022
Esta interrupção mudou a face da prova, mas a Alpine manteve-se sempre na frente, com o Toyota #8 (S. BUEMI / B. HARTLEY / R. HIRAKAWA) a colocar-se no segundo lugar aproveitando o Drive-Through aplicado a Ryan Briscoe da Glickenhaus por ter ultrapassado indevidamente, durante a bandeira vermelha. O top três estava assim encontrado numa prova que foi terminada mais cedo. As trovoadas que se aproximaram da zona da corrida motivaram o fim antecipado da prova. Tivemos uma primeira interrupção, seguida de uma tentativa de terminar a corrida, sem sucesso. A Alpine ganhou a primeira corrida do ano, seguida da Toyota e a Glickenhaus provou pela primeira vez o sabor do Champanhe.
Incredible scenes in Sebring.#WEC #1000MSebring pic.twitter.com/80L6vBYP3U
— WEC (@FIAWEC) March 18, 2022
LMP2 – Ganhou a United mas não o carro que queríamos
Em LMP2, o #23 da United Autosport de Paul Di Resta, Oliver Jarvis e Joshua Pierson venceu de forma relativamente confortável. A WRT, a PREMA e o carro #22 de Filipe Albuquerque pareceram estar na luta pela vitória. Com Filipe Albuquerque ao volante, o #22 (P. HANSON / F. ALBUQUERQUE / W. OWEN) andou sempre na frente e com Phill Hanson tudo parecia bem encaminhado, mas Will Owen sentiu dificuldades na condução e as bandeiras vermelhas complicaram ainda mais a tarefa do português. Também para António Félix da Costa no #38 (R. GONZALEZ / A. DA COSTA / W. STEVENS) da JOTA as coisas não correram como desejava. Largando da oitava posição, a tripulação do #38 lutou muito no meio do pelotão e tentou recuperar na segunda metade da corrida, mas o melhor que conseguiram foi o sexto lugar nos LMP2. Quanto à Algarve Pro Racing, no Oreca #45 (S. THOMAS / J. ALLEN / R. BINDER) conseguiu um pódio nos Pro Am. Rui Andrade da Realteam by WRT (R. ANDRADE / F. HABSBURG / N. NATO) conseguiu um excelente terceiro lugar, dando continuidade à boa evolução nas corridas de endurance.
LMGTE Pro – Porsche vs Corvette, com vantagem para os germânicos
Nos LMGTE Pro, a Porsche parecia ter vantagem face à concorrência, olhando ao que foi fazendo nos treinos e na qualificação, onde parecia claramente à frente da concorrência. Mas na corrida, o Corvette #64 mostrou-se e a luta aqueceu especialmente depois dos Porsche terem sido penalizados por infrações no procedimento de largada. O Corvette instalou-se na frente, mas os carros germânicos foram-se aproximando dando-nos uma excelente luta nas partes finais da corrida. No final, Kevin Estre e Michael Christensen venceram a primeira corrida GTE-Pro da época no Porsche 911 RSR-19 #92, derrotando Nick Tandy e Tommy Milner da Corvette Racing. Gianmaria Bruni e Richard Lietz terminaram em terceiro lugar no Porsche #91.
Em LMGTE Am,foi o Aston Martin da TF Sport a fazer a pole (1:59.204) mas foi o Aston Martin da NorthWest AMR a dominar a classe GTE-Am desde o ponto em que Paul Dalla Lana ultrapassou Ben Keating da TF Sport na Curva 1 logo após os primeiros 10 minutos. Dalla Lana, David Pittard e Nicki Thiim, campeão mundial de 2019-20, controlaram a corrida na frente até verem a bandeiras de xadrez. Keating, Marco Sorensen e Florian Latorre ficaram em segundo lugar no Aston Martin da TF Sport, enquanto os pilotos da Team Project 1 Brendan Iribe, Ben Barnicoat e Ollie Millroy (Porsche) completaram o pódio.