ERC: Europeu de Ralis com novo formato
Arranca no fim de semana, em Fafe, mais um Europeu de Ralis. A competição surge com um novo formato em que a mediatização, a cargo do Promotor do WRC, assume preponderância.
O Campeonato da Europa de Ralis é a mais antiga competição internacional e esteve entregue nas suas primeiras seis décadas à própria FIA. Nos últimos dez anos foi promovida pelo Eurosport e, a partir de este ano, tem a sua gestão entregue ao WRC Promoter. A equipa que também está à frente dos destinos do Mundial pretende aproximar as duas competições e, como tal, fez desaparecer algumas das especificidades desta série assim como aplicará nesta fórmula as soluções que, ao longos dos últimos anos, fez vigorar no campeonato principal.
O calendário, tal como no passado recente, incluirá oito eventos em que um ainda não foi revelado. Até há pouco mais de uma semana, tudo apontava para que essa prova fosse o Ypres Rally, na Bélgica, mas a inclusão deste último no WRC volta a deixar o lugar em aberto. O ERC será assim, com este novo promotor, também um campeonato de rotação para algumas provas que entrem ou saiam do Mundial.
No que toca a figurino, os ralis desta série deverão ter entre 180 e 210 km de classificativas, sendo a última destas a Power Stage, todas com transmissão direta na plataforma de ‘streaming’ WRC+ e em alguns canais televisivos.A Power Stage, uma novidade de 2022, permitirá a atribuição de bónus aos cinco melhores em cada categoria num sistema de pontuação reformulado. No final das provas são recolhidos pontos pelos 10 primeiros classificados quando anteriormente eram premiados os primeiros 15.
O “Europeu” de Ralis passa a estar desdobrado em quatro competições, ERC, ERC3, ERC4 e ERC4 Junior. O ERC3 é destinado aos concorrentes com viaturas Rally3, o ERC4 para aqueles com veículos Rally4 e Rally5 e o ERC4 Junior é aberto aos pilotos com as viaturas enquadráveis no ERC4 e com menos de 27 anos a 1 de janeiro. Na categoria principal existirá uma subdivisão Open que permite a distinção dos concorrentes com viaturas Rally2 Kit e ainda aqueles com RGT.
Em termos desportivos, ao menos nesta fase, o ERC parece recuar um pouco em relação ao passado recente. Com o mesmo promotor, haverá sempre a tentação de fazer migrar alguns concorrentes para o campeonato principal. Nesse sentido, são muitos os fãs do ERC que temem que este último venha a perder a vitalidade que detinha como fórmula de promoção e “amadurecimento” entre os campeonatos nacionais e o Mundial. Voltarão, contudo, a ser muito importantes os pilotos que alinhem nas provas disputadas nos seus países e que até possam a vir a dinamizar a sua época com um bom resultado, tal como sucedeu com Bruno Magalhães em 2017.
A referência do Europeu nos últimos anos foi Alexey Lukyanuk. O russo, no entanto, sempre teve muitas dificuldades em reunir um bom orçamento e era bastante apoiado pelo Eurosport. Tais factos, aliados às dificuldades trazidas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, levam a que o campeão de 2018 e 2020 não esteja tão cedo presente. Também o campeão de 2021, Andreas Mikkelsen, não deverá alinhar de forma regular nesta série.
Assim, os principais favoritos à conquista do título absoluto de 2022 são os três pilotos, todos em Skoda Fabia Rally2 Evo, da equipa do fabricante de pneus MRF. O espanhol Efren Llarena e o húngaro Norbert Herczig discutiram em 2021 até ao último quilómetro de competição o segundo lugar no campeonato, que acabaria pertença do piloto do país vizinho, e este ano estarão, por certo, a discutir a primazia tanto nalguns eventos como nas contas finais da temporada. Já Simone Campedelli tentará, após uma época de estreia e “reconhecimento”, alcançar um resultado melhor que a 11ª posição conseguida em 2021.
São ainda poucos os projetos de primeiro nível garantidos mas entre estes está o do também italiano Alberto Battistoli. Após dois anos de aprendizagem tanto da competição internacional como do asfalto, o piloto apoiado pela federação italiana procurará figurar mais vezes nos lugares que atribuem pontos. Outra aposta a seguir com atenção é a do catalão Josep Bassas que, apos várias temporadas a brilhar com carros de duas rodas motrizes, passará para os comandos de um Skoda de tração integral da portuguesa The Racing Factory.
A subdivisão Open parece consignada aos dois pilotos da Suzuki Motor Iberica. JoanVinyes e Alberto Monarri alinharão de forma regular os seus Suzuki Swift R4lly S e só deverão contar esporadicamente com a oposição de alguns pilotos com RGT em provas de asfalto. O francês Victor Cartier e o seu curioso Toyota Yaris R4 não estavam, à altura de fecho desta edição, inscritos no campeonato. Uma das novidades da época será a presença regular de três pilotos no ERC3 com os Ford Fiesta Rally3. Neste escalão, por enquanto, deverão alinhar três pilotos nórdicos, o russo Dmitry Feofanov, a correr com licença letã, o estoniano KasparKasari e o polaco Igor Widlak.
Mais profícuas serão as listas de inscritos no ERC4, sobretudo nas provas a contar para o ERC4 Junior, com muitos pilotos, sobretudo jovens, ao volante de viaturas como os Peugeot 208 Rally4, Ford Fiesta Rally4, Opel Corsa Rally4 e Renault Clio Rally4. O modelo da marca do losango também servirá, na sua versão Rally5, a um troféu monomarca específico.
CALENDÁRIO
11 a 13 março Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Cabreira e Boticas Portugal
25 a 27 março Açores Rali Portugal
13 e 14 maio Rally Islas Canarias Espanha
11 e 12junho Rally Poland Polónia
2 e 3 julho Rally Liepaja Letónia
23 e 24 julho Rally di Roma Capitale Itália
27 e 28 agosto Barum Czech Rally Zlin Rep. Checa
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Texto João Freitas Faria