Fórmula 1, motores: Um congelamento feito por etapas
Este ano entra em vigor o congelamento das atuais unidades de potência, que se estenderá até ao final de 2025, mas existem algumas nuances e os V6 turbo híbridos que se estrearão no Grande Prémio do Bahrein não serão iguais aos que terminaram a temporada no Grande Prémio de Abu Dhabi.
Não é primeira vez que os motores de Fórmula 1 têm o seu desenvolvimento castrado, tendo acontecido pela primeira vez no final de 2006, mais concretamente no Grande Prémio da China.
Então, o objectivo era reduzir custos e controlar uma guerra ao armamento que era protagonizado pela BMW, Cosworth, Ferrari, Honda, Mercedes, Renault e Toyota na ânsia de tornar os respectivos V8 atmosféricos de 2400c.c. o mais competitivos possível.
Na época, as dimensões das unidades eram prescritas pelo regulamento e alguns materiais mais exóticos proibidos, o que exigia vastas somas de dinheiro para encontrar pequenas melhorias de performance.
Na verdade, as prestações dos diferentes motores eram muito aproximadas, mas desde o momento da homologação, o Grande Prémio da China de 2006, até ao início da temporada de 2007 verificou-se uma variação de competitividade relativa, com a Mercedes e a Ferrari a mostrarem-se substancialmente mais performantes que as suas adversárias.
Estes dois construtores aproveitaram a possibilidade de introduzirem componentes de desenvolvimento nas suas unidades disfarçadas de novas peças para melhorar a fiabilidade, deixando os restantes para trás.
Estes acabariam por beneficiar de uma abertura da parte da FIA para poderem melhorar os seus motores e assim apanharem o comboio em que Ferrari e Mercedes tinham partido.
Com o novo congelamento, que será introduzido este ano, estas práticas serão mais difíceis, a entidade federativa aprendeu com o passado, sendo, portanto, mais fácil que o princípio que presidiu a esta medida seja levado a cabo – a contenção de custos.
Os construtores presentemente na Fórmula 1 acordaram vedar o desenvolvimento das atuais unidades de potência para que se pudessem concentrar na criação dos novos motores de 2026, poupando assim recursos para estarem prontas para o novo ciclo regulamentar.
Porém, é natural que se possam verificar algumas alterações de competitividade das diferentes unidades de potência em liça – Ferrari, Mercedes e Red Bull by Honda.
O congelamento das atuais unidades de potência será feita por etapas e isso poderá ter algum impacto das performances de cada uma delas.
Até ao próximo dia 1 de março cada um dos construtores terá de homologar o motor de combustão interna, o turbocompressor e o MGU-H, ficando estes componentes, em larga medida, inalterados até ao final de 2025.
No entanto, o MGU-K, a bateria do sistema híbrido e a central electrónica têm de ser homologados apenas até ao primeiro dia de setembro.
Estes três componentes, juntamente como a forma como cada uns dos construtores se adaptar ao novo combustível – que este ano terá 10% de etanol – poderá criar algumas flutuações na competitividade relativa de cada uma das unidades de potência dos construtores presentes na Fórmula 1.
Veremos como corre o ano nesta frente, tendo já havido rumores de que a Ferrari e a Mercedes estão satisfeitas com os seus progressos iniciais, ao passo que do lado da Renault e da Red Bull, cuja unidade de potência será concebida e construída pela Honda, tem havido pouca informação.