F1: E se Hamilton bater com a porta? Quem o poderá substituir?
É o tabu deste defeso a continuidade de Lewis Hamilton na Fórmula 1, depois do sucedido nas últimas voltas do Grande Prémio de Abu Dhabi, mas caso o inglês bata com a porta a quem poderá recorrer a Mercedes?
Toto Wolff revelou ainda antes do Natal que não sabe se Lewis Hamilton vai regressar depois da forma como foi derrotado no campeonato passado e isto poderá deixar a formação de Brackley numa situação difícil.
Segundo os mais recentes rumores, Hamilton faz depender a sua continuidade na Fórmula 1 das decisões que serão tomadas no âmbito da análise que a FIA está a fazer à forma como Michael Masi usou o Safety-Car nos derradeiros momentos do Grande Prémio de Abu Dhabi do ano passado.
Esta parece uma forma de pressão da parte da Mercedes, com o seu piloto perfeitamente alinhado, junto da entidade federativa, mas se existe uma ameaça, a sua execução é uma possibilidade.
Vamos assumir que essa possibilidade existe, para perceber qual a situação em que Toto Wolff se encontrará, caso o heptacampeão mundial pendure o capacete.
Se Hamilton decidir retirar-se, a Mercedes fica de novo com um problema entre mãos, repetindo-se uma situação semelhante à que viveu no final de 2016, quando Nico Rosberg resolveu abandonar a Fórmula 1 depois de conquistar o título.
Então Wolff recorreu a Valtteri Bottas, que era seu piloto e estava na Williams, uma equipa-amiga, mas desta feita o austríaco poderá ter mais dificuldades em encontrar uma solução.
Antes de mais, talvez seja necessário traçar o perfil de um piloto capaz de substituir Hamilton na Mercedes.
Ao contrário de em 2016, quando tinha o inglês assegurado para a temporada seguinte, nesta situação a Mercedes não tem um piloto experiente e comprovado garantido para a época de 2022, uma vez que George Russell é considerado um jovem com muito potencial, mas será a primeira vez que disputará um campeonato inteiro numa equipa de ponta e pode não ter ainda a capacidade de gerir a pressão a que será sujeito ao carregar as esperanças da estrutura que dominou a Fórmula 1 nos últimos oito anos.
Para além disso, 2022 marcará uma alteração regulamentar profunda, a maior desde 1998, situação pela qual Russell nunca passou, faltando-lhe a experiência para liderar a equipa em pista.
A Mercedes precisa, portanto, de um piloto experiente, que saiba ser capaz de lidar com a pressão de estar numa equipa em que vencer é uma obrigação e que dê garantias de resultados… No fundo, um líder, que será o papel de Hamilton, caso decida continuar.
Porém, pilotos com estas características não se encontram em todo o lado e, sobretudo, a maior parte deles, senão todos, estão debaixo de contracto com as suas respectivas equipas.
No fundo, estamos a falar de seis nomes e um deles podemos colocar imediatamente de fora, Max Verstappen, uma vez que, depois do sucedido em 2021, dificilmente as duas partes chegariam a um acordo, para além do holandês ter contracto com a Red Bull até ao final do presente ano. É, portanto, uma impossibilidade prática.
Os restantes nomes são, Valtteri Bottas, Charles Leclerc, Daniel Ricciardo, Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Lando Norris, Esteban Ocon, Carlos Sainz e Pierre Gasly podem ser vistos como pilotos com potencial, mas representariam um problema semelhante ao de Russell – inexperientes e ou por provar numa equipa de ponta.
Bottas poderia ser eventualmente uma possibilidade, dado que Fred Vasseur é um amigo próximo de Wolff, e poderia cedê-lo a troco de um saco cheio de dinheiro, mas o francês, que lidera a formação de Hinwil, tem de prestar contas à Alfa Romeo, que precisa de um piloto com cartaz para poder justificar as transferências financeiras feitas para a Suíça.
Mas esta talvez fosse a solução mais óbvia e desejável para os homens da Mercedes, uma vez que Bottas é um factor conhecido e poderia permitir alguma continuidade numa fase de grandes novidades criadas pela nova regulamentação.
Leclerc poderia ser uma possibilidade colocada em cima da mesa, mas o monegasco tem um contracto de longa duração com a Ferrari e a “Scuderia” dificilmente cederia o seu piloto-talismã a uma equipa que vê como uma rival na luta pelos títulos.
Restam três nomes que já provaram ser capazes de vencer corridas e até títulos, no caso de alguns, mas que já andam no mundo dos Grandes Prémios há alguns anos.
Um deles é Daniel Ricciardo que poderia até ser cedido pela McLaren, uma equipa que tem boas relações com a Mercedes, mas o australiano não foi particularmente impressionante em 2021, sendo aniquilado por Norris.
Porém, é um piloto que já mostrou ser capaz de vencer consistentemente e, até agora, foi quem mais próximo ficou de Verstappen quando os dois fizeram equipa na Red Bull, o que poderá dar algumas garantias e apontar que 2021 foi apenas um percalço na carreira dele.
Outro é Sebastian Vettel, também ele integrado numa estrutura que tem laços fortes com a Mercedes, o que poderia facilitar a sua libertação para assumir o lugar que Hamilton poderá deixar vago.
No entanto, os últimos anos do tetracampeão mundial têm sido sofríveis e quando esteve envolvido na luta pelo título ao serviço da Ferrari errou amiúde, algo de que seguramente Toto Wolff não terá esquecido.
Vettel seria um nome grande para tomar o lugar de Hamilton, mas no campo desportivo talvez ficasse aquém do esperado pelos responsáveis da Mercedes, não sendo uma solução muito plausível.
Um último piloto poderia ser encarado como uma possibilidade para Toto Wolff e talvez aquela que criaria mais entusiasmo entre os adeptos – Fernando Alonso.
O espanhol gostaria decididamente de deitar a mão a um Mercedes e seguramente que o seu contrato com a Alpine lhe permitirá sair se tiver no seu horizonte imediato um lugar numa equipa vencedora.
A formação do construtor francês facilmente encontraria um substituto para Alonso, uma vez que tem Oscar Piastri pronto para subir ao mundo dos Grandes Prémios. Muito embora não seja ainda um piloto do calibre do espanhol, é visto como um talento, assumindo-se Esteban Ocon como o líder da formação sediada em Enstone.
Esta seria a grande oportunidade para o bicampeão mundial de Fórmula 1 conquistar o seu terceiro título, sendo bem claro que a pressão de defender as cores de uma equipa de ponta pouca mossa lhe faz e a sua rapidez ficou bem patente ao longo de 2021, ano em que regressou à categoria máxima do desporto automóvel depois de dois anos de afastamento.
A entrada de Alonso na Mercedes, para o lugar de Hamilton, seria uma perspectiva aliciante para a Fórmula 1, e talvez fosse mesmo a solução mais fácil para Wolff, mas para isso seria necessário perder outro grande piloto e não pelos melhores motivos.
Não será muito plausível que o heptacampeão mundial realmente pendure o capacete, mas se acontecer vai fazer tremer o mercado de pilotos e Toto Wolff receberá muitos telefonemas.