Nasser Al-Attiyah vence Dakar pela 4ª vez

Por a 15 Janeiro 2022 12:25

FOTOS ASO/@World; RedBull Content Poll; Oficiais/equipas; ASO/Horacio Cabilla; ASO/Charly Lopez; F. Gooden/DPPI

Nasser Al-Attiyah e Matthieu Baumel venceram o Dakar, no quarto triunfo do piloto do Qatar, que empatou com Ari Vatanen. Sébastien Loeb foi segundo e está cada vez mais perto de vencer um Dakar. Yazeed Al Rajhi foi merecido terceiro classificado, um pódio em ‘casa’.

Depois do saudosismo de África e da variedade da América do Sul, a Arábia Saudita tem-se mostrado como um grande local para uma prova como o Dakar.

As paisagens são de arrepiar, o percurso escolhido pela ASO foi duro, como tem de ser a grande maratona. E esta prova só não foi mais interessante nos autos, porque Nasser al Attiyah esteve a um nível muito difícil de bater. Resolvida a questão dos furos com os novos T1+, o piloto do Qatar esteve pouco menos que imbatível, deixando claro que tinha mais para dar se fosse preciso. Nunca há certezas de nada numa prova como o Dakar, mas Attiyah cedo deixou perceber que dificilmente perderia esta prova. Como sucedeu.

A Toyota esteve um nível acima da BRX Prodrive, que apesar de ter construído o seu segundo carro em dois anos, mostrou estar pronta para dar cada vez mais luta à Toyota.

A pioneira Audi cumpriu o seu caminho, cedo ficou claro que não seria chegar ver e vencer, mas as suas três equipas fizeram o suficiente para deixar claro que no próximo Dakar vai ter que se contar com a equipa alemã. Por fim, a Mini, sem piloto de topo já viu o conceito dos seus buggy ultrapassado, mas ainda capaz de lutar no top 10, tal como sucedeu.

A prova foi complicada em termos de navegação, os percursos foram duros quanto baste, numa prova marcada por polémica antes de começar com uma explosão de um carro de apoio, numa história muito mal gerida pelas autoridades locais e terminou com uma enorme tragédia, a morte de um jovem mecânico da PH Sport, Quentin Lavallée, devido a um acidente de viação numa ligação.

Nasser al Attiyah um nível acima

Depois de ter guiado para algumas das principais equipas do desporto (BMW, Volkswagen, Hummer e Mini), Nasser al Attiyah estabeleceu-se no seio da equipa Toyota Gazoo Racing, conquistando o primeiro triunfo da marca em 2019. Hoje em dia, tornou-se no piloto a bater no TT, e nesta prova esteve imperial.

O nativo de Doha arrancou para este seu 18º Dakar com a Hilux renovada com rodas e suspensão maiores e dominou primeiro, controlou depois, toda a prova. Venceu três etapas, liderou sempre, a sua maior vantagem foi alcançada na etapa 6, 48m54s, o dia antes do descanso e foi aí que estabeleceu a tática para a segunda semana: expetativa, controlo, gestão, fugir dos erros e ‘azares’ como o diabo da cruz. Penso e executou na perfeição.

Pelo segundo lugar da geral durante a prova passaram Carlos Sainz, Sébastien Loeb e Yazeed Al-Rajhi, mas a liderança nunca esteve verdadeiramente ameaçada.

Sebastien Loeb/Fabian Lurquin(BRX Hunter/Prodrive Bahrain Raid Xtreme) terminaram no segundo lugar, e mais uma subida de degrau do francês face a um futuro triunfo no Dakar.

Foi segundo em 2017 com a Peugeot, no seu segundo Dakar, terceiro em 2019 novamente com a Peugeot, e pelo que se viu este ano já não restam muitas dúvidas que Loeb um dia vai vencer o Dakar. Nesta prova fez o que podia, pressionou até onde pode, e o facto de não se ter excedido prova que já sabe até onde pode ir no Dakar. Mais vale um segundo lugar que novo abandono…

Pódio em ‘casa’

Depois do quarto posto em 2020, Yazeed Al Rajhi/Michael Orr (Toyota/Overdrive Toyota) terminaram este Dakar em terceiro, o seu melhor resultado de sempre na prova.

Não foi fácil, o percurso teve alguns altos e baixos, mas depois de ter caído de segundo para terceiro na etapa 6, nunca mais teve a posição em risco, sabendo-se que voltar ao segundo lugar era muito difícil. Mostrou consistência e finalmente conseguiu o pódio, o que em ‘casa’ lhe sabe ainda melhor.

Quarto posto para Orlando Terranova/Daniel Oliveras (BRX Hunter/Prodrive Bahrain Raid Xtreme) que melhora assim o seu quinto posto de 2014. Dois sextos lugares em 2017 e 2020 foi o melhor que conseguiu depois disso, mas com a BRX Prodrive elevou o nível do que pode alcançar no Dakar e este quarto posto é a prova disso. Começou a prova com muitas cautelas, mas a sua consistência foi fantástica, subidindo posições quase todos os dias. Ainda tentou chegar-se a Yazeed al Rajhi, mas já não teve tempo para isso. Seja como for, é o seu melhor resultado de sempre no Dakar.

Giniel de Villiers/Dennis Murphy (Toyota/Toyota Gazoo Racing) terminaram em quinto, e de ano para ano os seus resultados no Dakar continuam a fraquejar, ainda que se mantenham a um nível alto. De Villiers está longe do piloto que venceu em 2009 com a Volkswagen, mas foi o azar que teve na etapa 7, uma fuga de óleo que o imobilizou em pista, que não lhe permitiu lutar pelo pódio.

Jakub Przygonski/Timo Gottschalk (Mini/X-Raid Orlen Team) terminaram o Dakar no 6º lugar, não conseguindo por isso bater os seus dois melhores resultados, dois quartos lugares em 2019 e 2021. Como se percebeu, os BRX estiveram este ano bem mais competitivos, e atiraram com o polaco um pouco mais para trás. Ou seja, a sua prestação não piorou, mas sim os adversários melhoraram.

Com a chegada da Audi e a BRX cada vez melhor, vai ser cada vez mais difícil ao polaco brilhar. Seja como for, as 2h42m perdidas na etapa 9, devido a um problema mecânico no Mini Buggy, tramaram-no. Caiu de quarto para sexto e ficou à mercê dos adversários diretos. Sem esse problema teria lutado pelo pódio.

Mathieu Serradori/Loic Minaudier (Century/SRT Racing) terminaram o Dakar na nona posição, não conseguindo sequer fazer melhor do que em 2020, mas fizeram uma boa prova. Começaram mal, no 31º lugar, a meio da prova já estavam em 12º, e daí até final ainda subiram até ao 7º lugar.

Sebastian Halpern/Bernardo Graue (Mini X-Raid Mini John Cooper Works Rally), terminaram no oitavo lugar, melhorando uma posição face ao que conseguiram em 2018. Com alguns altos e baixos, na primeira semana foram perdendo posições, mas melhoraram na segunda, foram mais consistentes e terminaram no top 10.

Audi trilhou caminho

Sendo verdade que se esperava mais da Audi em termos de classificação geral, o facto de Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz terem perdido muito tempo, muito cedo na prova, deixou-os logo muito atrás e por isso não foi de estranhar que tenham sido Ekstrom/Emil Bergkvist (Audi RSQ e-Tron) os melhores da equipa, com o nono lugar.

Todos tínhamos dúvidas face ao que a Audi poderia fazer, mas cedo se percebeu que chegar ver e vencer já não é para os tempos que correm, muito menos numa prova destas.

A não ser que tivessem feito 10 Rali Dakar em testes, e mesmo assim nada lhes seria garantido. Tendo em conta o número de etapas que venceram, quatro, Carlos Sainz (2), Mattias Ekström (1), Stéphane Peterhansel (1), não lhes faltou performance apesar das queixas apresentadas.

Foi pela fiabilidade que o carro quebrou, no caso de Peterhansel, uma das vezes, quando perdeu mais tempo ficando fora de prova, bateu e arrancou a suspensão traseira. ficou a servir de mochileiro para os colegas. Não nos admiraremos se voltarem para o ano na luta pelo triunfo.

Depois de terem caído para o 47º lugar na etapa 1B, em que se perderam, Carlos Sainz/Lucas Cruz (Audi RSQ e-Tron) ainda recuperaram até ao 12º lugar da geral.

Peterhansel ficou fora da classificação muito cedo.

Vladimir Vasilyev/Oleg Uperenko (BMW/VRT Team) encerraram o top 10, longe do sexto lugar do ano passado. O russo tem uma única tática: fugir dos problemas e andar com consistência.

Vaidotas Zala/Paulo Fiúza (Mini JCW/Teltonika Racing) não conseguiram terminar no top 10, mas ficaram à porta, no 11º lugar. Seja como for é o melhor resultado do piloto lituano no Dakar.

Nasser al Attiyah foi claramente o piloto de maior brilho nesta prova, mas há outros que se destacaram: Sébastien Loeb fez uma prova inteligente, forçou até onde podia, mas a Toyota Hilux T1+ parece mais bem preparada que o BRX Hunter T1+, que no entanto está mais perto da nova Hilux do que o BRX do ano passado face à Hilux.

Outro ponto ‘mais’, o combustível sustentável Prodrive EcoPower, que poupou muitas toneladas de C02 na atmosfera.

Yazeed al Rajhi, também fez um bom Dakar. A Toyota nota-se que está um passo à frente da BRX Prodrive, e do lado ‘menos’, a Audi, mas um ‘menos’ muito suficiente pois as várias vitórias e etapas mostram que o conceito é bom. Venha o próximo, só faltam 50 semanas…

Classificação

1 Nasser Al-Attiyah/Matthieu Baumel Toyota Gazoo Racing 38h 33m 03s

2 Sebastien Loeb/Fabian Lurquin BRX Hunter/Prodrive Bahrain Raid Xtreme + 00h 27m 46s

3 Yazeed Al Rajhi/Michael Orr Toyota/Overdrive Toyota + 01h 01m 13s

4 Orlando Terranova/Daniel Oliveras BRX Hunter/Prodrive Bahrain Raid Xtreme + 01h 27m 23s

5 Giniel de Villiers/Dennis Murphy Toyota/Toyota Gazoo Racing + 01h 41m 48s

6 Jakub Przygonski/Timo Gottschalk Mini/X-Raid Orlen Team + 01h 53m 06s

7 Mathieu Serradori/Loic Minaudier Century/SRT Racing + 02h 32m 05s

8 Sebastian Halpern/Bernardo Graue Mini X-Raid Mini John Cooper Works Rally + 02h 38m 26s

9 Mattias Ekstrom/Emil Bergkvist Audi RSQ e-Tron/Team Audi Sport + 02h 42m 11s

10 Vladimir Vasilyev/Oleg Uperenko BMW/VRT Team + 03h 02m 21s

11 Vaidotas Zala/Paulo Fiúza Mini JCW/Teltonika Racing + 03h 31m 55s

12 Carlos Sainz/Lucas Cruz Audi RSQ e-Tron/Team Audi Sport + 03h 39m 21s

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