Momentos decisivos na F1, Felipe Massa: “O que mais me custou foi ver a imagem do meu pai…”

Felipe Massa foi para a derradeira corrida do ano de 2008 sete pontos atrás de Lewis Hamilton, mas as nuances da corrida levaram que o brasileiro cortasse a meta numa altura em que Hamilton era sexto classificado. Festejou-se na boxe da Ferrari, mas o piso escorregadio não permitiu a Timo Glock manter o quinto posto em que se encontrava e foi passado por Lewis Hamilton, que assegurou a posição que precisava, caso o brasileiro vencesse: “Estava tudo preparado, os adeptos deram-me muita energia, a equipa estava preparada, eu estava preparado, depois começou a chover, o Hamilton ficou em dificuldades, e eu ganhei. Mas depois ele chegou em quinto” começou por dizer Massa, que explicou o que mais lhe custou: “Foi ver a imagem do meu pai e da minha família a festejar e depois, de repente, perceberam que ele passou o Glock na última curva. Para mim isso foi o mais difícil de ver, comparado com tudo o resto”, relembrou Massa..

O perfil de Felipe Massa

Felipe Massa, nascido em 25 de abril de 1981 em São Paulo, é um dos mais conhecidos pilotos brasileiros de sempre no automobilismo. Com uma carreira marcada por vitórias, derrotas, momentos difíceis e também polémicos, Massa foi vice-campeão mundial de Fórmula 1 em 2008 pela Ferrari, numa das disputas mais emocionantes da história da categoria, tendo chegado ao ponto de festejar porque pensava ter sido ele o campeão. Só que mais atrás na pista, as coisas tinham mudado…

Atualmente compete na Stock Car Brasil e a sua trajetória é um exemplo de paixão e dedicação ao desporto.

Início e Ascensão

Massa começou no karting aos oito anos de idade, ainda vivendo em Botucatu, no interior de São Paulo. Inspirado pelo seu ídolo, Ayrton Senna, o brasileiro persistiu no sonho de se tornar piloto profissional. O seu percurso incluiu passagens pelas categorias Fórmula Chevrolet, Fórmula Renault, Fórmula 3 e Fórmula 3000, onde sempre demonstrou talento e velocidade.

Em 2002, estreou-se na Fórmula 1 pela Sauber. Apesar de um desempenho promissor, ficou sem vaga no ano seguinte e tornou-se piloto de testes da Ferrari. Voltou à Sauber em 2004, permanecendo até 2005. Nesse período, Rubens Barrichello anunciou a sua saída da Ferrari, e Massa assumiu a vaga em 2006, tornando-se companheiro de Michael Schumacher.

Ferrari: O Auge na Fórmula 1

Na Ferrari, Felipe Massa viveu os seus melhores anos. Em 2006, conquistou a sua primeira vitória, no Grande Prémio da Turquia, e tornou-se no primeiro brasileiro a vencer em Interlagos desde Ayrton Senna, em 1993. Com a primeira ‘reforma’ de Michael Schumacher, Massa emergiu como um dos candidatos ao título, destacando-se em 2008, quando protagonizou uma temporada histórica. Quase foi campeão.

A disputa pelo campeonato de 2008 foi muito acirrada. Massa venceu seis corridas, incluindo o GP do Brasil, mas perdeu o título por um ponto para Lewis Hamilton na última volta. O episódio, marcado pela ultrapassagem de Hamilton sobre Timo Glock na penúltima curva, é lembrado como um dos finais mais dramáticos – senão o mais dramático – da história da F1. Anos depois, Massa considerou levar o caso ao tribunal, alegando que o polémico ‘Crashgate’ no GP de Singapura daquele ano, que comprometeu a sua chance de título pois a interrupção propositada da corrida beneficiou outros e prejudicou-o a ele…

O ‘Crashgate’ envolveu um acidente de propósito de Nelsinho Piquet para favorecer Fernando Alonso, então colega de equipa. A revelação do caso gerou investigações e punições, mas Massa argumenta que, se a corrida tivesse sido anulada, ele teria sido campeão.

O Acidente de 2009 e o Retorno

Em 2009, Felipe Massa sofreu um grave acidente no GP da Hungria, quando uma mola do carro de Rubens Barrichello o atingiu na cabeça. Ficou inconsciente, sofreu fraturas no crânio e precisou de uma cirurgia de emergência. O episódio colocou a sua carreira em risco, mas Massa surpreendeu ao recuperar e regressar às pistas em 2010.

Embora nunca tenha recuperado o mesmo desempenho após o acidente, Massa continuou competitivo na F1. Enfrentou desafios internos na Ferrari, incluindo ordens de equipa que favoreceram Fernando Alonso, gerando naturalmente muitas controvérsias. Em 2013, encerrou a sua passagem pela equipa italiana.

Williams e a Saída da Fórmula 1

Massa foi para a Williams em 2014, onde encontrou uma nova fase. Destacou-se com poles e pódios, ajudando a equipa a retomar protagonismo. No entanto, em 2016, anunciou a sua ‘reforma’ da Fórmula 1, uma decisão que foi adiada por um ano após a Williams o convidar a renovar o contrato para 2017. Felipe Massa deixou então a categoria no final daquele ano, encerrando a sua trajetória com 11 vitórias, 16 poles e 41 pódios.

Fórmula E e Stock Car

Após a Fórmula 1, Massa competiu na Fórmula E pela equipa Venturi, onde permaneceu por duas temporadas. De seguida, foi para a Stock Car, representando um regresso às competições no Brasil.

Carreira Pós-Automobilismo e Controvérsias

Além de continuar no desporto, Massa tornou-se embaixador da Fórmula 1, participando em eventos e promovendo a categoria. Em 2023, voltou aos holofotes ao iniciar uma ação judicial contestando o título de 2008, alegando irregularidades no caso ‘Crashgate’. A disputa judicial ainda está em andamento e reacendeu debates sobre ética e justiça no dsporto. Não há ainda decisões finais mas o tema ‘arrefeceu’…

Legado

Felipe Massa deixou sem dúvida uma marca indelével no automobilismo, sendo um dos últimos representantes da “era de ouro” brasileira na Fórmula 1. Qualquer brasileiro depois de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna tiveram muito mais dificuldades em destacar-se, mas Rubens Barrichello e Felipe Massa tiveram boas carreiras.

Para lá disso, até hoje, o Brasil continua à espera de um piloto que consiga fazer melhor que Barrichello e Massa e tente chegar ao que fizeram Fittipaldi, Piquet e Senna, mas depois de Massa, nem sinal disso. O único pódio entre nove pilotos foi de Nelson Piquet Jr.

Seja como for, Massa inspirou também a mais recente geração de pilotos e é lembrado pela sua determinação e resiliência em momentos de adversidade. As suas vitórias, especialmente no Brasil, permanecem como grandes momentos na história do desporto. Talvez merecesse aquele título de 2008, mas o desporto sempre foi para quem efetivamente consegue e não para quem merecia mais…