GP dos EUA de Fórmula 1: Verstappen vence o jogo do gato e do rato

Por a 25 Outubro 2021 16:54

A Red Bull vinha de uma derrota, e preocupada com uma possível mudança do equilíbrio competitivo na luta pelos campeonatos, conseguiu bater a Mercedes com uma estratégia magistralmente executada por Max Verstappen, que venceu o GP dos Estados Unidos da América.

Os candidatos ao título chegavam a Austin depois de uma prova na Turquia em que a equipa de Brackley tinha dominado e em que o holandês tinha alargado a sua vantagem no Campeonato de Pilotos graças a uma penalização de Lewis Hamilton, que montara o seu quarto motor de combustão interna, ao invés de uma performance superior.

Os homens da Red Bull assentava arraiais no Circuit of the Americas apreensivos, suspeitando que num traçado em que a Mercedes tem dominado ao longo da Era Turbo Hibrida estaria novamente em desvantagem, o que poderia ter um impacto considerável na luta pelos campeonatos.

A primeira sessão de treinos-livres em nada descansou as hostes da formação de bandeira austríaca – Valtteri Bottas, que sofreria uma penalização de cinco lugares na grelha de partida por ter montado o seu sexto motor de combustão interna – era o mais rápido em pista, seguido por Lewis Hamilton, a 0,045s, deixando Max Verstappen a quase um segundo.

Esta vantagem enquadrava-se na doutrina da Red Bull após o Grande Prémio da Turquia, apontando que a vantagem da Mercedes advinha de uma superior velocidade de ponta, o que se verificava novamente nos primeiros treinos da prova americana.

No entanto, na segunda sessão de treinos-livres a superioridade dos carros de Brackley esfumava-se por entre o calor que se abatia na pista americana, com a temperatura da pista a rondar os 40ºc.

Normalmente, o Red Bull dá-se melhor com o calor que o Mercedes, mas mais significativo ainda era o facto de a equipa do construtor germânico admitir ter usado as suas unidades de potência em modos mais agressivos durante a manhã, talvez para perceber de onde surgem os problemas de fiabilidade que a tem apoquentado sobretudo depois da pausa de verão.

Subitamente, a formação de Milton Keynes era a principal candidata à pole-position no sábado, o que a atirava como a favorita ao triunfo na corrida de domingo.

Max Verstappen não deixou por menos e, na qualificação, colocou o seu monolugar no topo da tabela de tempos seguido de Lewis Hamilton, que voltou a realizar uma volta notável, mas o seu segundo lugar deveu-se mais a um ligeiro aguaceiro que caiu na zona da última curva nos momentos finais da sessão, que prejudicou a derradeira volta lançada de Sérgio Pérez, que a uma verdadeira superioridade face ao mexicano.

Bottas, como uma penalização de cinco lugares na grelha de partida, ficou longe dos três da frente, a meio segundo de Verstappen, ficando completamente fora do jogo pelas posições do pódio.

Com o holandês na pole-position e Pérez no terceiro posto, a Red Bull tinha uma vantagem estratégica face à Mercedes, que tinha apenas Hamilton à frente (Bottas caiu para nono), mas a corrida prometia ser disputada, dado que o calor tinha um forte impacto nos pneus, obrigando a duas paragens nas boxes, e os ressaltos da pista, que obrigaram a equipa de Milton Keynes a reforçar as asas traseiras dos seus carros, poderiam criar surpresas.

Porém, o arranque não correu da melhor forma a Verstappen, que se viu suplantado por Hamilton na travagem para Curva 1.

O holandês vendeu a cara a derrota, mas não teve como manter a liderança e Pérez teve mesmo de levantar o pé na segunda curva dos “esses” para não ultrapassar o seu colega de equipa.

Os planos do holandês saíam furados, mas, com pneus médios – tal como os cinco primeiros – não tinha dificuldades em acompanhar o seu rival na luta pelo título, rodando em zona de DRS. Porém, ultrapassar era uma questão completamente diferente, não conseguindo suplantar a superior velocidade de ponta do Mercedes do inglês.

A Red Bull contemplava a possibilidade de poder fazer o “undercut” ao inglês, contudo, se este não caísse no engodo e não parasse pouco depois, Verstappen poderia ficar numa posição difícil no final da corrida.

A formação de Milton Keynes resolveu arriscar e, na décima volta, de cinquenta e seis, chamou o holandês às boxes, espoletando as trocas de pneus entre os pilotos da frente.

A Mercedes não reagiu e a Red Bull viu-se obrigada a chamar Pérez na décima segunda volta, que estava a cinco segundos de Hamilton, para forçar a entrada deste, dado que perder uma posição para o mexicano colocaria a prova do heptacampeão mundial nas mãos da formação liderada por Christian Horner.

A Mercedes chamou mesmo o inglês, ficando os dois pilotos da frente separados por seis segundos. Mas agora com pneus duros, o Mercedes, com borrachas três voltas mais frescas, era mais rápido e Hamilton começou a aproximar-se de Verstappen, estando a apenas três segundos quando estavam completadas vinte e oito voltas.

De um dos lados da barricada, a Red Bull, apostava em garantir posição em pista, do outro lado, a Mercedes, colocava a fichas em pneus frescos para um ataque à liderança no final da corrida, aproveitando que Pérez tinha perdido muito tempo devido a dificuldades físicas – tinha acordado indisposto e tinha ficado sem acesso à água durante a corrida, sofrendo com desidratação – deixando de ser uma ameaça para a sua posição.

Verstappen parava assim pela segunda vez na vigésima oitava volta, o que lhe garantia a primeira posição, mas Hamilton mantinha-se em pista até trigésima sétima, lançando-se para a ponta final da corrida de cinquenta e seis passagens pela linha de meta com pneus oito voltas mais frescas.

O inglês tinha de realizar uma recuperação imparável, se quisesse atacar a liderança nas últimas voltas, uma vez que saiu das boxes a quase nove segundos do seu rival. Porém, nos momentos iniciais do seu terceiro “stint” teve algum cuidado com os seus pneus para não os danificar e garantir borrachas para final.

A partir da quadragésima primeira volta Hamilton libertou toda a performance que tinha ao seu alcance, começando a sua cavalgada até à traseira do Red Bull.

Verstappen, por seu lado, dava o máximo que podia, mas com a ideia clara de que teria de proteger os seus pneus traseiros de modo que pudesse estar em boas condições para o ataque que sofreria do seu rival nos momentos finais da corrida.

Hamilton entrava na zona de DRS a duas voltas do fim, porém, a boa gestão feita pelo holandês, dava frutos e este conseguia manter o comando, vencendo o Grande Prémio dos Estados Unidos da América sem que o inglês realizasse um verdadeiro ataque a primeiro lugar.

Uma vez mais, os dois protagonistas da temporada assinavam performances só ao alcance dos grandes, mas neste duelo foi Verstappen que saiu por cima, distanciando-se na liderança do Campeonato de Pilotos, onde tem agora uma vantagem de doze pontos, quando faltam cinco provas para o final da temporada.

MOMENTO: 1ª paragem de Verstappen

Quando o holandês parou pela primeira vez, na prática, definiu a sua estratégia e a de Hamilton, optando a Red Bull por garantir posição em pista, ao passo que a Mercedes preferiu ter borrachas frescas para lançar um ataque à liderança nos momentos finais da corrida. A opção da equipa de Milton Keynes acabou por prevalecer, mas foi por pouco, e foi precisa uma performance de Verstappen notável para conter a excelente prestação de Hamilton.

FIGURA: Os líderes

Verstappen, Hamilton e Leclerc mostraram o porquê de serem considerados os líderes das respectivas equipas.

Qualquer um deles assinou uma performance impressionante, reduzindo os seus colegas ao papel de meros figurantes. São prestações destas que nos recordam que, apesar de toda a tecnologia e organização das equipas, os pilotos ainda fazem a diferença.

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