F1: O que vale o novo sistema híbrido da Ferrari?
A Ferrari estreou em Sochi um novo sistema híbrido, com uma nova tecnologia, apontando que o interesse era desenvolver o conceito para o próximo ano, mas tem se mostrado muito reticente em partilhar quanto vale em performance. Tanto na Rússia foi evidente uma subida de forma dos carros de Maranello, mas quanto vale verdadeiramente?
É claro que os homens da Scuderia já perceberam qual é o impacto competitivo do novo sistema, mas as condições climatéricas que se verificaram em Sochi e Istambul, acabaram por impedir que quem segue a Fórmula 1 de uma forma mais clínica tenha uma ideia mais aproximada do valor do mais recente dispositivo híbrido da Ferrari.
A evolução que foi estreada passa por um sistema completamente novo que compreende uma nova tecnologia, com uma bateria que deixou de ser de iões de lítio com eletrólito para passar a ser uma bateria sólida. Assim, o bloco do dispositivo de armazenamento de energia passa a ter um menor volume, mas com uma maior densidade energética, passado a sua tensão dos 400v para o dobro, o que garante cargas mais rápidas e uma maior eficiência de todo o sistema. Para além disso, toda miniaturização do sistema permitiu um ganho de dois quilogramas – pode parecer pouco, mas se levarmos em consideração que as equipas colocam a garrafa da bebida do piloto, cerca de um quilograma, à frente do eixo dianteiro e sugerem ao piloto que a beba durante a corrida para equilibrar o peso à medida que vai queimando gasolina, percebe-se da importância destes dois quilogramas.
A Ferrari reconhece que o novo sistema híbrido representa um ganho de quase 10 cv de potência, há quem garanta que é um pouco mais, o que representa um verdadeiro passo em frente, dado ser comumente aceite que a diferença da sua unidade de potência para a da Mercedes estaria na região dos 25cv, antes desta evolução.
Acresce que, esta nova tecnologia permite uma melhor gestão de energia ao longo de uma volta, ou corrida, o que permite a Carlos Sainz e a Charles Leclerc ter acesso à potência elétrica durante mais tempo.
É inegável, portanto, que os dois pilotos têm agora mais potência debaixo do pé direito e durante mais tempo e isso tem também um reflexo na dinâmica do SF21, para lá da melhoria provocada pela redução de peso – significa mais lastro para afinar o chassis.
Com menos potência, como tem acontecido até agora, e com uma configuração aerodinâmica de raiz que gera muito arrasto, a Ferrari era obrigada a rodar em pista com pouca asa para que os seus carros não fossem engolidos pelo pelotão em situação de corrida.
Esta abordagem compromete a performance em qualificação e colocava muita pressão nos pneus, com impacto forte nas corridas em que os pneus eram um factor mais determinante, basta lembrar a debacle de Paul Ricard.
A manta era demasiado curta…
Com esta evolução, a Ferrari poderá ter uma abordagem mais próxima do ideal, ainda que não possa estar ao nível da Mercedes e da Red Bull, podendo usar mais carga aerodinâmica sem que fique tão exposta nas corridas a carros com unidades de potência mais performantes e, com isso, proteger mais os pneus.
Os dois fins-de-semana em que foi usada a nova unidade de potência, Sochi e Istambul, foram marcadas pela instabilidade climatérica, mas pudemos verificar que tanto Leclerc como Sainz conseguiram recuperar posições até com alguma facilidade, depois de terem arrancado da última linha da grelha de partida, o que demonstra que tem agora mais armas, leia-se mais potência.
Os valores lidos nas medições de velocidade de ponta podem, muitas vezes, ser origem de mal-entendidos, dado que basta que um piloto apanhe um bom cone de ar para que a leitura seja adulterada, mas tanto na Rússia como na Turquia foi Leclerc o que apresentou um valor mais alto.
Isto não significa que, do dia para a noite, a unidade de potência da Ferrari é a mais performante do plantel, mas indica que já não é tão “impotente” como até Monza…
Mas é difícil perceber quanto esta evolução representa em tempo, e claro depende de pista para pista, mas Mattia Binotto deu uma ideia…
O italiano apontou após o Grande Prémio da Turquia que, sem a nova unidade de potência, Leclerc perderia duas posições na grelha de partida. Os dois pilotos que ficaram atrás do monegasco na qualificação de Istambul foram Pierre Gasly, a 0,061s, e Fernando Alonso, a 0,212s, ao passo que Pérez, que ficou na posição seguinte, ficou a 0,441s do ferrarista.
O chefe de equipa da Ferrari deixou, portanto, no ar que a nova unidade de potência de Maranello no Istambul Park valia entre 0,212s e 0,441s, um valor significativo e que representa uma evolução palpável.
A “Scuderia” fica assim numa posição mais confortável para se bater pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores com a McLaren, mas os italianos estarão ainda mais animados com o facto de os resultados em pista confirmarem as simulações realizadas em Maranello, o que deixa boas indicações para 2022. Veremos se se confirmam…
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Excelente artigo
Não vou colocar as expetativas altas porque a Ferrari é pródiga em fazer alguma coisa mal, mas a verdade é que parece que este ano têm estado a trabalhar bem. Parece que estão a trabalhar com calma e a aproveitar o facto de terem um mau carro e de não estarem a lutar pelo título este ano para desenvolverem com pés e cabeça o carro para 2022. Vamos ver, podem vir em força em 2022. Pilotos têm, recursos também.
O Binotto anda a adiar o seu despedimento o mais que pode… mas o dia vai chegar…
Em 2019 foi o problema do “conceito errado”… em 2020 foi o “conceito defeituoso” e o “motor anémico”… Em 2021 andamos no meio do pelotão porque sim…
A partir de 2022 deixará de haver desculpas (espero eu)…
Calma não é mau para todos! Deixa estar como está,..
Claro que não é mau para todos… pelo menos para os adversários é “belíssimo”… e parece que para alguns tifosi está bem assim…
O artigo é bom. Mas tenho dúvidas que a Ferrari possa recuperar totalmente em 2022.
Há uma coisa que é uma verdade indesmentível: a Ferrari melhorou bastante em relação a 2020!
Cumprimentos
Já veremos nos próximos anos. Mas a realidade é que a Ferrari nem pelo terceiro lugar consegue lutar regularmente, continuando a fazer erros crassos. Enquanto que a McLaren até uma dobradinha já conseguiu, a Ferrari continua a marcar passo.
E atenção o Riccardo teve e tem muitos problemas em pistas onde o McLaren não é tão eficaz, caso o Riccardo tivesse ao nível ou próximo do Lando e a McLaren já tinha o 3° lugar no bolso