GP da Turquia de F1: Max Verstappen ‘lucra’ no triunfo de Valtteri Bottas

Por a 11 Outubro 2021 19:56

A Mercedes mostrou estar um passo à frente da concorrência no GP da Turquia de F1, apesar do erro com Lewis Hamilton. Valtteri Bottas deu a vitória à equipa, numa corrida em que Max Verstappen conseguiu maximizar o resultado num fim-de-semana difícil para a Red Bull. Carlos Sainz foi outra das estrelas.

A Fórmula 1 regressava ao Istambul Park depois de em 2020 ter enfrentado uma pista que não proporcionava qualquer tipo de aderência, dado de ter sido reasfaltada poucas semanas antes do evento do ano passado.

Contudo, os organizadores da prova lavaram a pista, a alta pressão, alterando dramaticamente as condições.

Para terem uma ideia, em 2020, a melhor volta do fim-de-semana foi assinada por Max Verstappen na segunda sessão de treinos-livres, realizada com a pista seca, sendo completada em 1m28,330s. Este ano, na terceira sessão de treinos-livres, Pierre Gasly completou uma volta, com intermédios e com a pista húmida, em 1m30,447s, a pouco mais de dois segundos do que o holandês conseguira em 2020, o que demonstra bem a evolução da pista, até porque este ano os carros estão mais lentos.

Esta alteração significativa das condições da pista turca deixou toda a preparação das equipas, que assenta em profundas simulações, completamente desatualizadas e terá sido a Red Bull quem mais sofreu com isso.

O RB16B Honda mostrava-se bastante subvirador na entrada das curvas, para depois, a meio da curva, quando os pneus dianteiros ‘mordiam’ a pista, a traseira passar a mostrar um comportamento instável.

De sexta-feira para sábado, os técnicos da Red Bull conseguiram esbater esta característica, mas não o suficiente para que Verstappen pudesse ser uma verdadeira ameaça ao ascendente de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas.

Contudo, as condições climatéricas poderiam ser um fator durante o fim-de-semana, uma vez que era prevista chuva para sábado, havendo ainda fortes possibilidades de voltar aparecer para a corrida.

Apesar das ameaças, a qualificação disputou-se com a pista seca e, como esperado, a Mercedes impôs o seu ascendente, com Lewis Hamilton a bater o seu colega de equipa por 0,130s, ao passo que Verstappen conseguiu o terceiro crono, seguido de Charles Leclerc.

No entanto, os técnicos da formação do construtor germânico mostravam algum receio quanto à fiabilidade do motor de combustão interna do inglês e montavam um novo no W12 #44, que garantia ao inglês uma penalização de 10 lugares na grelha de partida, o que o atirou para o 11º posto e promovia Bottas à pole-position, com Verstappen logo atrás. Hamilton, em condições normais, estava fora da luta pela vitória.

Pista molhada baralhou tudo

Para além do heptacampeão mundial, também Carlos Sainz, que montou uma unidade de potência com o novo sistema híbrido da Ferrari, e Daniel Ricciardo, que com uma má qualificação montou um novo V6 turbohíbrido Mercedes no seu McLaren por precaução, eram também visados por penalizações, arrancando, por esta ordem, das duas últimas posições da grelha de partida.

A nova aderência proporcionada pelo asfalto turco e maior abrasividade deixava no ar a dúvida de a corrida ser realizada com uma ou duas paragens nas boxes, até porque a Pirelli disponibilizou pneus mais macios que o ano passado – C2, C3 e C4 – dado ter realizado a escolha dos pneus antes da pista ter sido limpa.

Porém, estas dúvidas seriam meramente académicas, uma vez que chegados ao momento da corrida, a pista estava molhada, exigindo intermédios.

Nestas condições, Bottas arrancou bem, mantendo a liderança, sendo seguido por Verstappen, Leclerc e Pérez, que rapidamente se afastaram dos seus perseguidores.

Sem que a chuva se fizesse sentir, a dúvida agora era se haveria um momento em que os intermédios pudessem ser trocados por slicks, o que exigiria que as borrachas marcadas a verde, durassem o máximo possível para evitar uma segunda passagem pelas boxes.

O finlandês geriu o desgaste dos pneumáticos de forma magistral, conseguindo abrir uma vantagem confortável para o holandês, quase seis segundos, quando ficou claro que a pista não secaria o suficiente para permitir montar pneus slicks.

Verstappen era mais ameaçado por Leclerc, que uma ameaça para Bottas, e na 36ª volta entrava nas boxes para montar um novo jogo de intermédios, sendo seguido na seguinte pelo líder, que perdeu apenas o comando quando o monegasco da Ferrari tentou ir até ao fim da corrida sem parar.

O esforço do ferrarista foi infrutífero, e Bottas recuperou rapidamente a liderança, lançando-se para um triunfo sem grandes sobressaltos e assinando ainda a melhor volta a caminho da sua primeira vitória da temporada.

Max Verstappen, sem argumentos para o Mercedes, assegurou um bom segundo posto, o que juntamente com o quinto lugar de Hamilton, lhe permitiu recuperar o comando no Campeonato de Pilotos, num fim-de-semana em que o Red Bull não tinha a performance do monolugar de Brackley.

A formação de Milton Keynes garantia ainda o terceiro posto, quando Sérgio Pérez ultrapassou Leclerc na ponta final da corrida, estava este a passar pela fase de granulação dos pneus, compondo a boa operação da Red Bull.

A Ferrari, que tinha em mente um pódio com o monegasco, acabou por vê-lo a fugir por entre as mãos, já nos momentos finais da corrida, devido a uma estratégia que aspirava tentar uma vitória distante.

No entanto, a ‘Scuderia’ sai de Istambul com a satisfação de o novo sistema híbrido ser um verdadeiro passo em frente. Isso foi notório.

Leclerc conseguiu acompanhar o ritmo de Verstappen, ao passo que Sainz, que saiu de penúltimo, protagonizou uma recuperação fulgurante até oitavo, que poderia ter sido sétimo, à custa de Lando Norris, caso não perdesse quase seis segundos na sua paragem nas boxes.

A seis corridas do fim do campeonato, Verstappen lidera agora com seis pontos de avanço face a Hamilton. Nos Construtores, a Mercedes distanciou-se um pouco mais e a Ferrari recuperou 10 pontos à McLaren, estando agora a diferença em 7.5s. Lutas animadas pelos títulos. Há quanto tempo isto não se via na F1?

FIGURA: Sérgio Pérez

Pérez já não ia ao pódio desde o GP de França, mas em Istambul esteve num bom nível, colocando-se numa posição determinante para a prova e para as contas do campeonato do colega de equipa. Defendeu-se estoicamente de Hamilton e isso impediu-o de alcançar uma plataforma estratégica que lhe poderia permitir ascender ao pódio e, até ameaçar o 2º lugar de Verstappen. No final da temporada, a prestação do mexicano em Istambul poderá ser determinante para o desfecho do título.

MOMENTO: Duelo entre Hamilton e Pérez

A luta entre os dois pilotos no final da 34ª volta e início da seguinte foi um dos grandes momentos da prova. Qualquer um deles mostrou grande agressividade, mas dando espaço ao seu rival e evitando qualquer contacto. A defesa estóica de Pérez impediu que Hamilton colocasse numa posição de pensar no pódio, uma vez que, no quarto posto e sem o Red Bull pela frente, poderia aproximar-se de Leclerc e poder ser até uma ameaça a Verstappen.

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