GP Rússia F1: Falhas de comunicação e arrogância derrotaram Norris
Lando Norris parecia estar a caminho de uma vitória, quando a chuva apareceu no Grande Prémio da Rússia, mas foi a má decisão do inglês e a forma como ele e a McLaren comunicam através do rádio que levaram à sua derrota.
Mais abaixo, pode ver a transcrição integral das conversas dos engenheiros com os pilotos, e dessa forma ficar a perceber como a McLaren perdeu, e Lewis Hamilton chegou às 100 vitórias…
O jovem da equipa de Woking tinha Hamilton no seu encalço, mas estava a dominar completamente os avanços do seu perseguidor e, se não cometesse qualquer erro, poderia estar a caminho do seu primeiro triunfo na Fórmula 1.
No entanto, a chuva era uma ameaça no final da corrida e isso poderia colocar as equipas num dilema – a vantagem que os intermédios poderiam dar, poderia não ser suficiente para suprir o tempo perdido com a troca de pneus.
Numa primeira fase, a chuva caiu na zona da Curva 5 não requeria uma entrada nas boxes para substituir slicks por intermédios e, nesse momento, Norris conseguiu até abrir uma vantagem para Hamilton, mas foi aí que se começou a verificar uma diferença na forma de comunicar com os respetivos pilotos da parte da McLaren e da Mercedes.
A chuva chegou à Curva 5 do Motodrom de Sochi na quadragésima sexta volta e a forma como as duas equipas prepararam os seus pilotos foi determinante.
Norris foi informado na quadragésima quarta volta que havia gotas de chuva a cair, mas não foi informado em que ponto do circuito estas cairiam.
Já a Mercedes, enquanto a McLaren passava uma volta inteira sem comunicar com o seu piloto, na quadragésima quinta, dava informações precisas sobre a forma como a chuva iria chegar a Sochi.
Na verdade, foi Norris que acabou por revelar ao seu engenheiro de pista, Williams Joseph, aonde a pista estava mais molhada. Por seu lado, Hamilton sabia exatamente onde iria chover.
Para além de a informação chegar tarde, chegava no pior momento possível.
A Mercedes voltou a apontar a Hamilton que a chuva iria atingir primeiro a Curva 5, mas esta informação foi-lhe dada pouco depois da reta da meta. Já a McLaren avisou o seu piloto do mesmo exatamente quando este chegava à curva em questão, o que poderá ter sido demasiado tarde e o terá distraído – o resultado foi uma saída de pista, que apesar de tudo não teve consequências.
Na volta seguinte, o inglês voltou a sair de pista precisamente no momento em que o seu engenheiro entrou em contacto consigo, parecendo que as mensagens chegavam ao McLaren número quatro sempre no momento errado.
Para além disso, era enviadas mensagens desnecessárias a Norris. Um dos exemplos mais gritantes é quando Joseph avisa o seu piloto que Valtteri Bottas tinha trocado de slicks para intermédios, estavam cumpridas quarenta e nove voltas. O finlandês estava longe e não representava qualquer ameaça a Norris. No entanto, nunca o informou que Hamilton tinha sido chamado às boxes no final da quadragésima oitava volta, mas ignorou a ordem de Peter Bonnington. Com esta informação, o piloto do carro número quatro poderia ter equacionado opções diferentes.
Na verdade, o jovem inglês nunca soube quais eram os planos da Mercedes para Hamilton, mas este foi sabendo do que a McLaren equacionava fazer com Norris.
Williams, para além disso, foi sempre muito pouco assertivo com o seu piloto, quase como se tivesse medo de lhe impor ordens, não havendo uma relação de confiança profunda.
Hamilton, depois de ter ignorado a chamada às boxes, foi-lhe ordenado novamente que fosse trocar de pneus e este, tendo uma confiança profunda em Bonnington, assentiu à ordem e foi isso que lhe assegurou o triunfo.
Mas também Norris esteve bastante mal nas comunicações de rádio, parecendo uma criança mimada que não gosta de ouvir ordens. A forma arrogante como se comportou com o seu engenheiro, não lhe dando espaço de manobra para lhe dar opções, foi determinante para a sua derrota.
O seu comportamento contrastou de forma evidente com a de Hamilton que, muito embora tenha ignorado uma ordem directa, mostrou-se muito calmo no relacionamento com Bonnington.
A derrota de Norris não foi fruto do azar, do momento em que a chuva caiu, mas antes da forma como o inglês e a McLaren reagem à novidade durante uma corrida e como comunicam, como se pode ver na transcrição mais abaixo de todas as mensagens de rádio trocadas desde a quadragésima quarta volta até os carros pararem em parque fechado.
Esta é uma área em que a formação de Woking tem de evoluir e melhorar se quiser estar na luta pelas vitórias já a partir do próximo ano.
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Este assunto tem pilhas dura cell…
Interessa-me mais a nova bateria eléctrica da Honda colocada nos RedBull em Zandvoort e que é a primeira atualização desse componente feita em seis anos.
Então aconselho-lhe a ver os vídeos do “The Race” e do “Autosport” (o inglês, não o PT que nem existe) no YouTube. Ainda não vi se o Peter Scarborough já falou sobre isso, mas costuma ter análises técnicas também bastante boas.
Vou procurar.
Obrigado.
Já se havia chegado a esta conclusão logo a quente. Mas pegando no que é dito, o contraste de diferentes análises aqui feitas, entre Lewis e Bono, é gritante.
LOL… ao fim de 1 semana e 1 dia… as nuvens abriram-se e pode-se ver o céu…
Isso foi óbvio no exacto momento em que aconteceu…
Finalmente apareceu a palavra certa que explica porque Norris não venceu: arrogância!
Cumprimentos
«Arrogância»?
Eu vejo aqui as palavras e atitudes de um puto que não soube lidar com uma dificuldade num momento crucial, mas não «arrogância». Se o Norris é arrogante, que posso eu chamar a gente como o Alonso, o Verstappen e o Hamilton?
Ambos os pilotos quiseram ficar em pista. A diferença é que Hamilton, devido à experiência (Até com o próprio Bono) ouviu o seu engenheiro e entrou quando recebeu a segunda chamada às boxes (a primeira quis ficar fora). Norris não quis ouvir o seu engenheiro e o engenheiro também não soube transmitir a informação, afinal deu-lhe sugestões, enquanto que Bono avisou firmemente que ficar em pista podia ser perigoso porque viria mais chuva. Também neste contexto há outro factor: o que cada um tem a perder. Norris queria ganhar à força toda, mas não perdeu mais que uma vitória, que… Ler mais »
Isso e o facto de Hamilton saber que podia sair para montar pneus que saia na mesma posição, ou seja, não tinha nada a perder, decisão fácil, já a do Norris não era assim tão fácil…
Não vejo arrogância, vejo falta de experiência nestas condições, somada a um desejo enorme de vencer, depois da vitória do colega de equipa, na corrida anterior.
Norris é inteligente, por certo aprendeu com o que aconteceu.
São todos uma flor de estufa aqui no forum… Quero ver quem é que nunca deu um par de berros ao volante quando o carro está a escorregar e um tipo ao lado a fazer comentários….
Sim é profissional mas tem momentos de tensão como todos.
Comparar, tanto a experiência do Norris com a do Hamilton, como a experiência em lidar em tempo supersónico, com estas condições a mudarem à velocidade da luz, da McLaren com as da Mercedes, não tem razão de existir. Com este tipo de experiências é que o Norris vai aprender, assim como o Hamilton aprendeu quando tinha poucos anos de F1. Não há caso.
Arrogância? A meu ver o que se passou foi um jovem que, na expectativa da sua primeira vitória, não soube manter o sangue frio próprio de pilotos mais experientes quando a chuva apareceu. Só isso…Pilotos arrogantes e fanfarrões a militar na F1 existem de facto, mas não será tanto o caso de Norris! Serão outros que bem sabemos quem são e nem vale a pena mencionar…
Para os que dizem que não houve arrogância, talvez devessem ouvir as comunicações ao longo de toda a corrida.