GP Holanda F1: Max Verstappen sustém ataques da Mercedes e leva Zandvoort à loucura

Por a 6 Setembro 2021 17:53

Max Verstappen levou os sessenta e cinco mil membros do exército laranja à loucura ao vencer o Grande Prémio da Holanda, no regresso da Fórmula 1 a Zandvoort trinta e seis anos depois, apesar de todos os ataques estratégico da Mercedes.

Dificilmente alguém do imenso mar de adeptos trajados a rigor esperava outra coisa que não fosse um triunfo do jovem piloto da Red Bull, que tinha como objetivo continuar no seu país a sua recuperação no Campeonato de Pilotos.

Logo na sexta-feira foi evidente que o carro de Milton Keynes se encontrava mais à-vontade no traçado situado nas dunas da praia de Zandvoort que o seu adversário de Brackley.

O Mercedes, com a sua filosofia de “low-rake”, denotava maiores dificuldades em abordar as curvas com banking do traçado holandês, sobretudo a Curva 3, onde o W12 sofria uma maior descompensação, obrigando os seus pilotos a adoptarem uma trajectória mais elevada, logo, com maior distância para percorrer.

Para dificultar ainda mais a vida aos homens da Mercedes, Lewis Hamilton sofria um problema de motor na segunda sessão de treinos-livres, questões com o sistema de lubrificação do V6 da marca de Estugarda, perdendo cinquenta e cinco minutos de ação.

O inglês não podia contribuir para reunir dados para que a sua equipa encontrasse a melhor afinação possível para o W12 e isso, num circuito novo, teria um preço elevado.

Apesar de na sexta-feira nunca ter estado no topo da tabela de tempos, sentia-se que Max Verstappen era o principal candidato à pole-position, ao passo que Hamilton estava um passo atrás, podendo até ser batido na qualificação pelo seu colega de equipa.

Na tarde de sábado, o holandês, para gáudio do seu público, assegurava a melhor posição da grelha de partida, mas foi por pouco, impondo-se ao seu adversário na luta pelo título apenas por trinta e oito milésimos de segundo.

Verstappen, na sua melhor volta da Q3, ao passar por um dos muitos ressaltos da pista, ao trocar de macha subiu duas relações, perdendo tempo, e, para além disso, o seu DRS não funcionava corretamente, roubando-lhe velocidade de ponta ao longo da reta da meta.

Por seu lado, Hamilton dava o máximo e ficava muito próximo de lançar um balde de água fria sobre a multidão de Zandvoort.

Valtteri Bottas, sem ritmo para os dois da frente, ficava ainda assim no terceiro posto, o que contrastava com Sérgio Pérez que foi eliminado na Q1, assinando mais uma desilusão, na semana em que viu o seu contrato com a Red Bull estendido por mais um ano.

Com o mexicano longe daquela que seria a sua posição normal – acabaria por arrancar da via das boxes depois de trocar a sua unidade de potência, a quarta, o que lhe garantiu uma penalização na grelha de partida – Verstappen teria de lidar com dois Mercedes durante a corrida de setenta e duas voltas e com todas as opções estratégicas que os homens de Brackley podiam criar para o atacar.

No entanto, o primeiro momento de grande tensão seria o arranque, sobretudo depois de Silverstone, uma vez que os candidatos ao título dividiam, uma vez mais, a primeira linha.

O holandês não ofereceu qualquer possibilidade ao seu adversário e lançou-se para o comando com um bom arranque, sendo seguido pelo inglês e pelo finlandês.

O primeiro momento de decisão estava ganho por Verstappen, mas com dois Mercedes no seu encalço, teria ainda inúmeros desafios pela frente.

O piloto da Red Bull, porém, mostrava ter mais andamento que os seus perseguidores e até à décima nona volta abria uma vantagem de 3,5s segundos para Hamilton, colocando-o ao abrigo de um “undercut” do heptacampeão mundial.

Por seu lado, Bottas não conseguia acompanhar os dois da frente e estava já a quase onze segundos de Verstappen.

Ainda assim, a Mercedes pressionava estrategicamente e, na vigésima volta, chamava Hamilton às boxes para montar pneus médios novos. Os estregas de Brackley, com esta decisão, esperavam que a Red Bull pudesse adiar a primeira paragem de Verstappen, dado que este poderia ter de cobrir a opções estratégicas de Bottas para vencer a corrida, e dessa forma, com borrachas de marcação amarela, permitir a Hamilton realizar o “undercut”.

Contudo, os homens da equipa de Milton Keynes deixavam o triunfo holandês para segundo plano, marcando o inglês, chamando Verstappen na volta seguinte, montando médios, respondendo estrategicamente.

O piloto da Mercedes reduzia para dois segundos a sua desvantagem para o seu adversário, mas longe de o conseguir suplantar, permanecendo Bottas em pista, o que lhe dava o comando, ainda que virtual.

O perigo para o holandês era agora encontrar-se entalado entre dois Mercedes num circuito em que as ultrapassagens são difíceis.

Como esperado, a equipa dirigida por Toto Wolff, manteve o finlandês em pista até que os dois primeiros chegassem ao escape deste na tentativa que Hamilton pudesse entrar na zona de DRS de Verstappen.

Na vigésima oitava volta, o holandês estava a pouco mais de um segundo de finlandês, mas as dobragens não corriam de feição ao inglês, estando a quase dois segundos do Red Bull. Para dificultar ainda mais o plano da Mercedes, Bottas errava na chicane, ficando exposto a Verstappen, que o ultrapassou, regressando ao comando, na trigésima volta.

O “factor Bottas” era quase inexpressivo e, na volta seguinte, o finlandês entrava nas boxes para realizar a sua troca de pneus.

Com médios, Hamilton era mais competitivo, mantendo-se no limiar na zona de “undercut”, o que acabou por espoletar a tentativa de suplantar o holandês com nova paragem nas boxes, uma vez que Bottas já n estava para lá de uma paragem nas boxes.

Assim, na trigésima oitava volta a Mercedes chamava o inglês pela segunda vez, voltando a montar médios, mas agora usados. A Red Bull voltava a fazer marcação cerrada a Hamilton e trocava de borrachas (para duros novos) a Verstappen na volta seguinte.

Mais uma vez, o ataque da equipa do construtor de Estugarda era frustrado, uma vez que o heptacampeão mundial saía das boxes atrás de um grupo de carros, perdendo muito tempo nas dobragens, ao passo que o líder da corrida tinha pista livre à sua frente depois do seu segundo “pit-stop”.

Na prática, este momento decidiu a corrida, até porque, com pneus usados contra duros novos de Verstappen, Hamilton estava em clara desvantagem para as derradeiras trinta e duas voltas.

O piloto da Red Bull foi gerindo a sua distância para o seu perseguidor, nunca lhe dando a veleidade de entrar em zona de DRS, lançando-se para um triunfo que deixou as bancadas à beira da loucura.

Verstappen vencia assim o Grande Prémio da Holanda no regresso da Fórmula 1 ao seu país, somando o seu sétimo sucesso da temporada, o que lhe garante o regresso ao comando do Campeonato de Pilotos com uma vantagem de três pontos para Hamilton.

No final, a Mercedes ainda passaria por um stress estratégico, quando Valtteri Bottas realizou a volta mais rápida depois de ter passado pelas boxes para garantir um final de corrida sem preocupações de pneus.

No entanto, o plano era que o inglês garantisse o ponto extra pelo exercício em questão. Hamilton entraria nas boxes na septuagésima volta para montar pneus macios e atirar-se à volta mais rápida da corrida, conquistando-a na sua última passagem pela linha de meta.

O objectivo foi alcançado, mas notou-se alguma tensão latente no “pitwall” da Mercedes, tendo James Vowles, o chefe da estratégia da equipa, passado por cima do engenheiro de pista de Bottas para ordenar que este abortasse a tentativa de volta mais rápida…

Mas esse era já uma situação de terceiro plano para as bancadas de Zandvoort que tremiam com a celebração da vitória de Max Verstappen e com o regresso deste ao comando do Campeonato de Pilotos.

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