GP da Hungria de Fórmula 1: Ocon em estreia com ajuda de veterano

Por a 2 Agosto 2021 19:04

Esteban Ocon e a Alpine estrearam-se a vencer na F1, na sequência de uma corrida caótica e cheia de acontecimentos. Ironicamente, Fernando Alonso foi decisivo para o desfecho da corrida…

A Alpine apresentou-se mais competitiva em Hungaroring e, pela primeira vez desde há algumas corridas, colocou os seus dois pilotos na Q3 da qualificação, mas no início da tarde de domingo ninguém apostaria num triunfo de Esteban Ocon. No entanto, um conjunto de factores decisivos permitiram ao francês vencer o Grande Prémio da Hungria, o seu primeiro sucesso na Fórmula 1.

O jovem da Alpine estava a ter um bom fim-de-semana na pista magiar, chegando à Q3 pela primeira vez desde o Grande Prémio do Mónaco e voltando a bater Fernando Alonso por menos de um décimo de segundo, alinhando no oitavo posto, seguido do seu colega de equipa.

Porém, para vencer a corrida húngara, algo de muito especial teria de acontecer e aconteceu…

Depois do calor de sexta-feira e de sábado, domingo prometia chuva e esta apareceu mesmo pouco antes do início da corrida, obrigando a que todos os pilotos escolhessem intermédios para as primeiras voltas, pelo menos.

Esta situação não era a ideal para a Alpine, que se estava a dar muito bem com o calor, mas os incidentes causados por Valtteri Bottas e Lance Stroll (ler em separado), acabaram por colocar os pilotos da equipa do construtor francês numa situação privilegiada.

Esteban Ocon, pelo lado de dentro, chegou ao “cenário de guerra” já com a dinâmica dos incidentes definida e subiu a segundo, atrás de Hamilton e seguido por Sebastian Vettel, ao passo que Alonso, por fora, teve ainda que travar para evitar o Ferrari desgovernado de Leclerc, o que o deixava em sétimo.

A corrida seria interrompida com bandeiras vermelhas para limpar a pista, e mesmo então, vencer o Grande Prémio parecia ser um sonho distante para Ocon, que tinha ainda Hamilton pela frente.

No entanto, as condições climatéricas voltavam a entrar na equação, uma vez que durante a pausa, a chuva desaparecera e o Sol voltava a banhar Hungaroring, era uma questão de tempo até que o asfalto magiar secasse.

Ainda assim, todos os pilotos saíram para o recomeço com pneus intermédios, mas cedo todos começaram a reportar através do rádio que a pista estava pronta para slicks e, no final da volta de aquecimento, todos rumaram às boxes… Todos excepto Lewis Hamilton, que não arriscou, compreensível por estar no comando, sendo o único piloto a alinhar na segunda grelha de partida.

Com o inglês a ser obrigado a entrar nas boxes no final da primeira volta após o recomeço, para montar pneus médios, Ocon ascendia ao comando seguido de Vettel e de um surpreendente Nicholas Latifi, que tinha no seu encalço Yuki Tsunoda, Carlos Sainz e Fernando Alonso.

Enquanto o francês, apesar de pressionado pelo piloto da Aston Martin, não cometia erros, liderando com autoridade, o canadiano da Williams não tinha também dificuldades em manter atrás de si o japonês no seu escape, mas sem conseguir acompanhar o ritmo da frente, foi atrasando os dois espanhóis, que pareciam ter andamento para poder lutar pela vitória.

Na vigésima terceira volta, quando Latifi rumou às boxes, uma depois de Tsunoda, já Sainz estava a mais de dezassete segundos de Ocon e Alonso a vinte… Estavam definitivamente fora da contenda pelo lugar mais alto do pódio.

No entanto, Vettel continuava a ser uma verdadeira ameaça para o francês, até porque o Aston Martin parecia ser mais rápido que o Alpine. Para além disso, o “undercut” era potente em Hungaroring.

Vettel parou na trigésima sétima volta, tentando passar para o comando, mas a sua paragem não foi perfeita, perdendo alguns décimos de segundo – no total esteve 3,3s parados – e isso foi determinante para que Ocon, que reagiu na volta seguinte, mantivesse à justa o comando, com uma troca de pneus em 2,3s.

O ataque da Aston Martin era travado pela Alpine, cabendo agora a Ocon manter na sua traseira Vettel, que continuava a ter um carro ligeiramente superior.

O alemão nunca mostrou ser capaz de lançar um verdadeiro ataque à liderança e o francês parecia cada vez mais perto do seu primeiro triunfo na Fórmula 1.

Contudo, outra ameaça vinha de mais de trás.

Hamilton, bloqueado por Carlos Sainz, entrou nas boxes pela segunda vez na quadragésima sétima volta para montar pneus médios novos, caindo para trás de Alonso, mas a vinte e cinco segundos de Ocon.

O inglês, porém, apresentava um andamento impressionante ganhando por diversas vezes mais de três segundos por volta aos pilotos que rodavam à sua frente, apanhando rapidamente o espanhol da Alpine.

No entanto, apanhar é uma coisa e ultrapassar é outra, e esta máxima é ainda mais válida quando se tem pela frente Fernando Alonso.

O veterano da Alpine defendeu-se majestosamente, deixando sempre espaço a Hamilton, apenas o necessário e nunca para lá disso, deixando o inglês à beira de um ataque de nervos.

O piloto da Mercedes, apesar de ter um carro superior e pneus muito mais frescos, levou onze voltas para suplantar o espanhol, o que o deixou sem tempo para poder ir buscar os dois primeiros, ultrapassando ainda Sainz, que com as borrachas duras bastante usados, não ofereceu qualquer resistência ao ataque de Hamilton.

Ocon, estava assim livre da ameaça do heptacampeão do mundo, e sem que Vettel fosse uma verdadeira ameaça, rumou à sua primeira vitória na Fórmula 1 com uma prestação sólida e isenta de erros, beneficiando ainda do estoicismo de Fernando Alonso, que apesar da intensa luta em que esteve envolvido com Hamilton, terminou a quinze segundos do seu colega de equipa e a pressionar Sainz.

Após a corrida, Sebastian Vettel seria desclassificado por não ter um litro de gasolina no seu monolugar, como é exigido pelo regulamento técnico da FIA, mas a Aston Martin mostrou a intenção de recorrer, mantendo-se a classificação provisória.

FIGURA: Pilotos da Alpine

Ninguém apostaria que a Alpine sairia de Hungaroring como a equipa que mais pontos marcaria, mas foi exatamente isso que aconteceu e Ocon e Alonso foram determinantes para aproveitar as oportunidades surgidas com os incidentes da primeira curva.

O francês absorveu a pressão colocada por Vettel ao longo de toda a prova e o espanhol evidenciou um ritmo fortíssimo, sendo determinante para a vitória do seu colega ao defender-se de Hamilton durante mais de dez voltas. Foi um dia quase perfeito para a formação do construtor francês e os seus pilotos foram determinantes para isso.

MOMENTO: Arranque

Foram diversos os momentos da corrida que levaram ao triunfo de Esteban Ocon, mas todos eles decorreram dos incidentes ocorridos logo na primeira curva do Grande Prémio da Hungria. O francês era segundo, depois da “carnificina” provocada por Bottas e Stroll e, quando a Mercedes errou estrategicamente no segundo arranque, encontrou-se na invejável posição de poder vencer a prova húngara, oportunidade que o piloto da Alpine não desbaratou.

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