GP da Grã-Bretanha de F1: Hamilton vence corrida dramática

Por a 19 Julho 2021 17:04

O Grande Prémio da Grã-Bretanha foi a primeira prova desde 2019 a contar com as bancadas repletas de adeptos. Houve novidades, drama e a decisão da corrida já com a meta à vista.

Cento e quarenta mil pessoas marcaram presença na corrida de domingo, mas os motivos de interesse começaram logo na sexta-feira, com o novo formato experimentado em Silverstone que colocava a qualificação na primeira jornada do evento.

Lewis Hamilton deu motivos para os ingleses celebrarem com a volta mais rápida que não dava a pole-position, mas garantia a primeira posição da grelha de partida para a Qualificação Sprint.

O heptacampeão mundial batia Max Verstappen, que se queixou de subviragem, por menos de um décimo de segundo, num dia em que da parte da manhã – sem qualquer actividade em pista – se deslocou a Brackley para fazer trabalho de simulador, algo que o inglês abomina e até este ano raramente fazia.

Porém, o esforço de Hamilton seria desfeito na Qualificação Sprint – na prática uma corrida de dezassete voltas. Com um bom arranque, Verstappen ascendia ao comando e era evidente que, nas condições de sábado, com a pista substancialmente mais quente, o Red Bull era mais forte, não conseguindo o piloto da Mercedes acompanhar o seu rival.

Verstappen arrancava assim da pole-position para o Grande Prémio da Grã-Bretanha, tendo ao seu lado Hamilton, que sabia que tinha de jogar tudo na primeira volta, se quisesse vencer a prova britânica pela oitava vez.

No domingo, sob um sol luminoso, o calor era ainda mais intenso e a vantagem da Red Bull não diminuía.

Para o piloto da Mercedes tudo se jogaria na primeira volta.

O inglês arrancou melhor e rapidamente se lançou ao ataque, mas Verstappen conseguiu manter o comando na primeira curva, no limite, continuando as escaramuças nos metros seguintes, até que chegaram os dois lado a lado, com Hamilton por dentro, à rapidíssima Stowe.

Sem que nenhum levantasse o pé, o toque foi inevitável, acabando o piloto da Red Bull nas barreiras de protecção, ao passo que o homem da Mercedes, com a velocidade perdida no incidente, via Charles Leclerc alcançar o comando, depois de ter alinhado na quarta posição da grelha de partida e de ter suplantado Valtteri Bottas no arranque.

A violência do embate do carro de Milton Keynes foi elevada e a corrida seria interrompida com bandeiras vermelhas para que Verstappen pudesse ser socorrido, ainda que tivesse saído do seu monolugar pelos seus próprios meios, e para que as barreiras fossem reparadas.

Esta interrupção seria determinante para a corrida de Hamilton, uma vez que o impacto que protagonizou com o holandês produzira danos que só poderiam ser reparados com a interrupção.

Com Verstappen fora de prova, o inglês tinha agora um Ferrari entre si o triunfo, mas pouco depois do recomeço, em que Leclerc manteve o comando, uma nova contrariedade se apresentava ao Campeão do Mundo – os comissários desportivos consideraram que tinha sido o principal causador do incidente com o seu rival na luta pelo título, dando-lhe uma penalização de dez segundos, que teria de ser cumprida na sua paragem nas boxes.

Surpreendentemente, o Ferrari do monegasco mostrava-se mais competitivo que o esperado, apesar de alguns problemas com os mapas do V6 turbohíbrido de Maranello que desenvolvia alguns cortes que deixava Leclerc sem potência em breves instantes.

Na vigésima sexta volta, uma antes da paragem de Hamilton, os dois estavam separados por quase dois segundos e meios, o que permitia ao piloto da Scuderia alongar o seu primeiro “stint” em duas voltas relativamente ao seu adversário.

Quando as trocas de pneus estavam concluídas, estavam realizadas vinte e nove voltas, Leclerc permanecia no comando com uma vantagem de quase oito segundos para Bottas, que tinha subido a segundo devido aos problemas na troca de pneus de Lando Norris e à penalização de Hamilton, ao passo que este estava a quase treze segundos da liderança e no escape do seu conterrâneo.

O heptacampeão rapidamente começou a sua recuperação, superando o jovem da McLaren na trigésima primeira volta, subindo a terceiro a doze segundos de Leclerc, que não tinha dificuldades em manter a distância para Bottas.

No entanto, Hamilton, que parara cinco voltas depois do seu colega de equipa, apresentava um ritmo infernal, ao passo que o Ferrari não se mostrava tão confortável com os pneus duros como se revelara com os médios com que começara a corrida.

O piloto da Mercedes começou a ganhar segundos atrás de segundos ao “ferrarista” e Bottas não seria um problema, cedendo o seu segundo posto após ter recebido ordens claras da equipa para deixar passar o inglês.

Com doze voltas para a bandeira de xadrez e a oito segundos de Leclerc, o inglês lançou-se numa perseguição desenfreada, ganhando regularmente mais de um segundo ao líder. Na quadragésima nona volta estava no escape do Ferrari.

Apesar de ter pneus duas voltas mais frescos, o monegasco nada podia fazer quando Hamilton lhe lançou um ataque em Stowe, o cenário do toque com Verstappen.

Por fora, Leclerc tentou manter o comando, mas o seu monolugar fugiu-lhe de traseira, o que obrigou a recorrer à escapatória, ascendendo Hamilton ao comando.

O piloto da Mercedes, depois de uma primeira volta dramática e de uma penalização, ganhava pela oitava vez o Grande Prémio da Grã-Bretanha perante uma multidão em êxtase, recuperando significativamente face a Verstappen nas contas do Campeonato de Pilotos, estando agora os dois separados por oito pontos, com vantagem para o holandês.

Charles Leclerc chegou a sonhar com o triunfo, mas não teve como suster o ataque de Hamilton, terminando num bom segundo lugar, o que lhe permitiu bater Bottas, que mais uma vez esteve aquém do seu colega de equipa.

O finlandês poderia até sentir dificuldades em terminar no pódio, caso Lando Norris, que no segundo arranque subira a terceiro, não tivesse perdido quatro segundos na sua paragem nas boxes.

Daniel Ricciardo terminou num positivo quinto posto, conseguindo absorver a pressão de Carlos Sainz, que tinha um carro substancialmente mais performante. O espanhol da Ferrari deveria ter suplantado o australiano nas boxes, através do “overcut”, mas também ele teve problemas na troca de pneus, passando o resto da tarde na traseira do McLaren.

Fernando Alonso, a estrela da Qualificação Sprint, assinou uma boa performance até ao sétimo posto, liderando um comboio formado por Lance Stroll e Esteban Ocon.

Pierre Gasly estava também integrado neste grupo, à frente do francês da Alpine, mas um furo obrigou-o a rumar às boxes a sete voltas da bandeira de xadrez, atirando-o para fora dos pontos.

Sérgio Pérez, por seu lado, arrancou de último e poderia ter terminado em décimo, mas a Red Bull preferiu chamá-lo à boxe para montar pneus macios usados na quadragésima oitava volta e, dessa forma, roubar a volta mais rápida a Hamilton, que assim não pôde somar o ponto correspondente.

Assim, foi Yuki Tsunoda a terminar em décimo e a assegurar o derradeiro ponto em liça.

FIGURA

Charles Leclerc

Leclerc foi impressionante num circuito em que não se esperava que a Ferrari fosse competitiva. Adorou o novo formato, bateu um Red Bull na qualificação e no domingo esteve muito perto de vencer, espremendo tudo do seu monolugar, apesar de alguns problemas técnicos na primeira parte da corrida. Ao perder o comando a duas voltas da meta, um segundo lugar sabe sempre a pouco, mas o monegasco deu tudo o que podia e só pode estar satisfeito com a sua prestação.

MOMENTO

1ª volta

A corrida só ficou decidida a duas voltas do fim, mas sem o incidente protagonizado por Verstappen e Hamilton, toda a dinâmica do GP seria diferente. Se o holandês mantivesse o comando, após a 1ª volta, dificilmente perderia a sua sexta vitória da temporada. Com o toque entre os dois e a desistência do líder do Campeonato, o triunfo ficou mais próximo de Hamilton e o sonho ficou na mente de Leclerc. A superioridade do Mercedes acabou por prevalecer, tendo o inglês conquistado o seu oitavo triunfo no Grande Prémio do seu país.

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