GP da Áustria de F1: Verstappen esmaga, Mercedes em dificuldades
Max Verstappen voltou a impor uma pesada derrota à Mercedes, ao vencer de forma categórica o Grande Prémio da Áustria, num dia em que Lewis Hamilton e Valtteri Bottas tiveram em Lando Norris um adversário inesperado.
Com a realização de um segundo evento no Red Bull Ring, Max Verstappen partia como grande favorito ao triunfo, muito embora a Pirelli tenha escolhido para a prova do passado fim-de-semana a sua gama mais macias de pneus, o que na prática representava um degrau mais brando para as misturas.
Esta decisão tinha o potencial para alterar a competitividade relativa entre a Red Bull e a Mercedes e, para além disto, a formação de Brackley, que não mostrara argumentos para bater a sua rival no Grande Prémio da Estíria, ao manter-se no mesmo circuito para um segundo fim-de-semana, tinha a possibilidade de experimentar afinações diferentes e arriscar um pouco mais.
Para ajudar a causa, Hamilton voltou até à fábrica para realizar trabalho de simulador, algo que ele abomina e que evita a todo o custo.
No entanto, nem tudo resultou como esperado em termos de afinações e foram diversos os caminhos escolhidos que não se revelaram os mais acertados.
Quando foi preciso mostrar o jogo, Max Verstappen conquistou a pole-position confortavelmente, ao passo que os Mercedes não tinham resposta, sequer, para Lando Norris, que chegou a ameaçar o primeiro lugar do holandês, e Sérgio Pérez.
Na verdade, a performance degradara-se de uma semana para a outra, uma vez que Bottas, o mais rápido na qualificação da Estíria, perdera 0,196s para a pole-position do holandês, ao passo que na da Áustria Hamilton ficara a 0,296s, uma perda de 0,1s, apesar do líder do Campeonato de Pilotos não ter sequer melhorado a sua marca na sua derradeira volta lançada na Q3.
Restava a esperança dos lados de Brackley que o ritmo de corrida pudesse permitir montar um verdadeiro desafio a Verstappen, mas isso implicava suplantar rapidamente Sérgio Pérez e Lando Norris e poder rodar no encalço do holandês sem condicionamentos.
Não era uma tarefa fácil, como se verificou no arranque, em que nem Hamilton nem Bottas conseguiram desfeitear o inglês ou o mexicano, deixando-os numa situação ainda mais difícil.
Depois da situação de Safety-Car – que entrou em pista para recuperar o Alpine de Esteban Ocon, que partiu um tirante da direcção ao ficar ensanduichado por Mick Schumacher e Antonio Giovinazzi – o novo recruta da Red Bull ainda ajudou os pilotos da Mercedes, ao tentar ultrapassar o jovem da McLaren por fora na Curva 4. Norris não cedeu, Pérez teve de recorrer à escapatória de gravilha, caindo para décimo, e o inglês sofria uma penalização de cinco segundos, que cumpriria quando passasse pelas boxes.
O mexicano confinava-se definitivamente à luta do ‘2º Pelotão’, mas o inglês continuava em contenção pelos lugares do pódio, mantendo os dois Mercedes no seu escape.
Hamilton tudo tentava para tentar impor-se ao seu jovem conterrâneo, mas a superioridade velocidade de ponta do McLaren MCL35B, animado também por unidades de potência com a estrela de três pontas na tampa das válvulas, não facilitava a sua tarefa e, apenas na vigésima volta, conseguiu ascender ao segundo posto, estava já a mais de nove segundos de Verstappen, que geria a corrida como queria.
O heptacampeão do mundo conseguia aumentar o seu ritmo, mas isso não era suficiente para ter um impacto na sua desvantagem para o líder, perdendo mais três segundos para o piloto da Red Bull até à sua paragem nas boxes, estavam decorridas trinta e uma voltas.
Norris e Bottas tinham parado na volta anterior, tendo a Mercedes aproveitado a penalização de cinco segundos do britânico para colocar o finlandês no terceiro posto.
Parecia que, apesar de não ter andamento para contrariar Verstappen, a formação de Brackley estava em situação de maximizar as oportunidades, colocando os seus dois carros no pódio numa tarde em que o Red Bull era claramente superior, beneficiando dos problemas de Pérez.
Porém, a Mercedes sofreria novo revés.
Uma passagem pelo corrector da Curva 10, algo normal, em redor da trigésima volta danificou as superfícies aerodinâmicas do tambor dos travões traseiros esquerdos do monolugar de Hamilton, custando-lhe uns massivos trinta pontos de performance aerodinâmica.
O impacto na corrida de heptacampeão era evidente e, para além de perder andamento, também os pneus posteriores passavam a ser sujeitos a um desgaste anormal, tornando uma táctica de uma paragem numa impossibilidade.
A Mercedes ainda equacionou manter Bottas no encalço de Hamilton e defender o lugar deste face à ameaça Norris, mas a quebra de ritmo e a necessidade de uma paragem extra, colocava essa opção fora de cogitação.
Na quinquagésima segunda volta os dois pilotos da formação do construtor de Estugarda trocavam de posição e Norris não estava longe, suplantando o seu conterrâneo na volta seguinte, rumando este último de seguida para as boxes para realizar a sua paragem extra. Hamilton ia, assim, até ao final para assegurar um desapontante quarto lugar num dia em que Verstappen esteve imperturbável, conquistando a sua quinta vitória da temporada, terceira consecutiva.
A superioridade do holandês era tal que teve o luxo de realizar uma segunda passagem pelas boxes para montar um jogo de pneus duros novos e assim assegurar definitivamente a volta mais rápida da corrida.
Após o Grande Prémio austríaco, Verstappen via a sua vantagem para Hamilton no Campeonato de Pilotos subir para trinta e dois pontos, uma diferença superior a um triunfo, o que evidencia a situação confortável em que o piloto da Red Bull se encontra neste momento.
Valtteri Bottas terminou no segundo posto, bastante distante do vencedor, a dezoito segundos, apesar da paragem extra do holandês, e não teve uma corrida descansada, tendo sempre nos seus espelhos o McLaren de Norris.
O inglês assinou uma prestação notável, maximizando o potencial do seu monolugar, e sem a penalização de cinco segundos de que foi alvo, dificilmente Bottas conseguiria suplantá-lo tal o equilíbrio de andamento entre os dois.
Após o Grande Prémio da Áustria, a Mercedes sofria mais uma pesada derrota e, neste momento, nada parece correr mal a Verstappen que é, para já, o principal candidato ao título deste ano.
FIGURA: Lando Norris
Desde o ano passado que o jovem inglês tem vindo a evidenciar uma forma notável, sendo determinante no ressurgimento da McLaren. No passado fim-de-semana, Norris espremeu o seu monolugar, levando-o a posições onde não era esperado figurar.
Esteve na luta pela pole-position, arrancando da primeira linha pela primeira vez, e foi uma dor de cabeça para os Mercedes durante a corrida e, sem a duvidosa penalização que sofreu, poderia ter batido tanto Hamilton como Bottas. Assim terminou em terceiro, mas a curta distância do finlandês.
MOMENTO: 1ª volta
Após a qualificação, dificilmente alguém apostaria contra Verstappen para vencer o Grande Prémio da Áustria, uma vez que Norris e Pérez tinham remetido os Mercedes para os quarto e quinto lugares, deixando Hamilton demasiado longe para ser um factor na luta pelo primeiro posto, até porque a Red Bull exibia uma vantagem significativa face à sua rival de Brackley.
Para ter uma palavra a dizer no desfecho do Grande Prémio austríaco, Hamilton tinha de realizar um bom arranque e ver-se livre o quanto antes de Norris.
O inglês não conseguiu ganhar qualquer lugar nos primeiros metros prova e, mesmo quando Pérez desapareceu numa nuvem de poeira, não conseguiu desenvencilhar-se rapidamente do seu jovem conterrâneo, deixando escapar Verstappen que seguiu em velocidade de cruzeiro até à sua quinta vitória da temporada.