GP da Estíria de Fórmula 1: Norris vence, mas Ferrari impressiona
Lando Norris venceu a corrida do “Segundo Pelotão” do Grande Prémio da Estíria, mas foi a Ferrari que impressionou atrás das duas equipas da frente, acabando a equipa italiana por ganhar pontos à McLaren na luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores.
A “Scuderia” chegava a Spielberg depois de uma pesada derrota em Paul Ricard, que a atirara para o quarto lugar do certame dedicado às equipas, ao passar pelo seu primeiro fim-de-semana da temporada em que não somou qualquer ponto.
A formação de Maranello penou com a gestão dos pneus dianteiros no circuito gaulês, mostrando o seu habitual ritmo em qualificação, mas afundando-se na corrida sem conseguir manter os Pirelli vivos.
A curvas longas e de muito apoio do traçado de Le Castellet penalizaram o SF21, mas o traçado do Red Bull Ring, onde se realizou a oitava ronda da temporada, apresentava exigências diversas, colocando o ónus da utilização dos pneus traseiros, devido às fortes acelerações que se verificam no traçado austríaco.
Nestes tipos de circuitos, o Ferrari tem uma gestão mais eficaz das borrachas, mas este era também o ambiente ideal para o McLaren, uma vez que aceleração e velocidade de ponta são duas das melhores características do MCL35M.
A “Scuderia” lançou uma investigação aos problemas que sentiu em França e adoptou uma abordagem diferente ao Grande Prémio da Estíria, centrando a sua atenção no ritmo de corrida e sacrificando a performance em qualificação.
Do lado da McLaren, a competitividade do seu monolugar no Red Bill Ring confirmou-se e Lando Norris assegurou o terceiro lugar na grelha de partida, batendo Sérgio Pérez e beneficiando da penalização de Valtteri Bottas, que sofrera uma perda de três lugares na grelha de partida por ter realizado um pião na via das boxes na segunda sessão de treinos-livres.
No entanto, Daniel Ricciardo voltava a sentir dificuldades e não ia além do décimo terceiro posto, ficando longe do seu colega de equipa.
Do lado da Ferrari, não se verificou a performance prodigiosa em qualificação dos últimos eventos e Charles Leclerc conseguia, ainda assim, um respeitável sétimo posto, ao passo que Carlos Sainz sentia mais problemas e não ia além de décimo segundo.
Apesar da má prestação de Ricciardo, a McLaren tinha vantagem, mas restava saber se a nova abordagem da Ferrari, que tinha dado boas indicações nos treinos-livres de sexta-feira, dava os resultados esperados.
O arranque correu bem aos pilotos da formação de Woking, mantendo Norris o terceiro posto, enquanto Ricciardo realizava uma boa primeira volta e subia a nono. Do lado dos representantes da equipa de Maranello, Leclerc envolvido numa luta com Pierre Gasly, que partira de sexto, danificou a asa dianteira no pneu direito – esquerdo do AlphaTauri, obrigando-o a passar pelas boxes, ao passo que o francês abandonava com danos na suspensão.
Com uma volta completada, a Ferrari tinha Sainz no décimo primeiro posto, a 5,5s de Norris, e Leclerc em décimo oitavo, com pneus duros novos – depois da sua passagem pelas boxes – a 29,4s do inglês da McLaren.
O panorama não parecia famoso para a “Scuderia” que poderia estar numa situação em que voltaria a perder pontos para a sua rival na luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores.
No entanto, o ritmo de Leclerc começava a dar ideia de que o SF21 poderia estar bastante mais competitivo que há uma semana atrás. Por seu lado, a McLaren sofria uma primeira desilusão quando estavam completadas sete voltas realizadas – Ricciardo, que circulava em nono, sofria uma perda súbita de potência e, apesar da situação ter normalizado, caíra para décimo quarto. O destino do australiano estava decidido, nunca mais recuperaria, terminando num desapontante décimo terceiro lugar.
Entretanto, o ritmo do monegasco da Ferrari mostrava-se prometedor, perdendo tempo apenas para os dois homens da frente – Max Verstappen e Lewis Hamilton.
O ritmo de Leclerc não passava despercebido aos responsáveis da McLaren que, com Norris à frente de um Red Bull e de um Mercedes, sentiam que Sainz, que arrancara com pneus médios novos por não ter chegado à Q3, poderia ser uma ameaça. O inglês acabaria por deixar passar Pérez e Bottas para se centrar na sua carreira, percebendo que seria infrutífero mantê-los no seu escape.
Então, o jovem da formação de Woking tinha Sainz a dez segundos e Leclerc a vinte e dois, evidenciando uma recuperação de sete segundos.
No entanto, o espanhol estava integrado num “comboio” de carros e, com o uso generalizado do DRS neste grupo, ninguém conseguia ganhar posições, continuando a rodar no décimo posto, posição a que subira aquando dos problemas de Ricciardo.
Trocas de pneus determinantes
O momento das trocas de pneus – sendo uma estratégia de apenas uma paragem a escolhida – seria determinante para a segunda parte da corrida, sendo o “undercut” menos potente no Red Bull Ring do que em Paul Ricard, o que poderia dar margem para tentar um “overcut” e realizar uma ponta final de prova com borrachas mais frescas.
Com pneus macios que usara para alcançar a Q3, Norris foi o primeiro a parar, na trigésima primeira volta, mas então permitira já uma recuperação de sete segundos a Leclerc, que era nono ao beneficiar de algumas paragens para troca de pneus de pilotos que rodavam à sua frente, ao passo que Sainz estava em sexto a dezasseis segundos.
Foi então que se começou a perceber o verdadeiro potencial do Ferrari, uma vez que, muito embora o monegasco baixasse um pouco o ritmo devido ao esforço que exigira dos pneus para ganhar posições em pista, o espanhol, com a pista livre, mostrava-se mais rápido que o seu ex-colega de equipa, apesar de ter pneus médios com trinta e uma voltas mais velhos que os duros que equipavam o McLaren número quatro.
Durante diversas voltas, apenas os quatro da frente eram mais rápidos que Sainz, o que lhe permitiu manter-se em pista até quadragésima primeira volta, procurando ter pneus mais frescos para a ponta final da corrida e, assim, poder atacar o quinto lugar de Norris.
Quando saiu das boxes, com borrachas duras novas, o espanhol estava em sétimo a 13,3s do seu rival e com Lance Stroll pelo meio, acabado o canadiano por ser determinante para a prova do piloto da Ferrari.
Sainz levou três voltas a desenvencilhar-se do Aston Martin, o que significou que Hamilton chegasse ao duo para os dobrar. O piloto da Ferrari suplantou o canadiano antes de ter de ceder uma volta ao segundo classificado, mas pouco depois teria de deixar passar o Mercedes número quarenta e quatro.
Em situações normais, esta seria uma situação benigna, mas desta feita, o Ferrari era mais rápido que o monolugar de Brackley, o que colocou Sainz na estranha situação de ter de arriscar uma ultrapassagem para se desdobrar se quisesse ter ainda possibilidades de alcançar Norris.
O espanhol esteve no escape de Hamilton até à sexagésima quarta volta e, muito embora não tenha podido explanar o verdadeiro potencial do seu carro, recuperara mais de cinco segundos ao inglês.
No entanto, com apenas sete voltas para o final da corrida, era demasiado tarde para que o piloto da Ferrari pudesse ter um impacto no quinto lugar de Norris, que assim vencia a corrida do “Segundo Pelotão”, com uma vantagem de menos de sete segundos para Sainz.
A vantagem de performance do carro de Maranello relativamente ao do seu rival de Maranello é mais evidente na prestação de Leclerc que terminou no sétimo posto a apenas dezanove segundos de Norris, depois de ter estado a trinta segundos do inglês e de ter realizado inúmeras ultrapassagens pelo caminho até ao seu resultado final.
A própria Ferrari já reconheceu que não resolveu os problemas que a afectaram em Paul Ricard, admitindo que é uma questão espoletada por alguns circuitos com determinadas características, mas a forma como se reagiu no Red Bull Ring foi impressionante e num traçado em que a McLaren deveria ter vantagem, foi o monolugar de Maranello o mais eficaz e só erro da primeira volta de Leclerc, impediu que este pudesse bater Norris.
Ainda assim, a “Scuderia” ganhou quatro pontos à sua rival na luta pelo terceiro lugar no Campeonato de Construtores, estando agora as duas equipas separadas por doze.